Estamos há dois meses sob isolamento social, enquanto medida de segurança para o combate ao Coronavírus. Porém, agentes e instituições do ecossistema encontram-se em movimento, devido às articulações necessárias para atender grupos e comunidades vulneráveis, afetadas com mais agressividade pelas conseqüências do Covid-19.

Há doações que são para repasse direto de dinheiro. Já outras são para o repasse de cestas básicas e itens de higiene aos beneficiários. Fato é: com objetivos localizados ou de maior abrangência, as urgências sociais estão escancaradas e é preciso agir rapidamente.

A seguir, conheça algumas dessas iniciativas pelo levantamento feito pela ponteAponte  e as propostas de diálogos feitas pela Yunus Negócios Sociais para os próximos dias.

Abaixo, os indicadores do Google Trends para as buscas dos termos filantropia, investimento social privado, doação e solidariedade nos últimos 90 dias. 

Os primeiros 60 dias de Covid-19 no Brasil
Assim que o primeiro caso de paciente com Covid-19 foi confirmado no Brasil, no dia 26 de fevereiro, uma série de cuidados e cautelas passou a vigorar no país, gradualmente. Os exemplos da primeira onda da doença, que vem do Oriente ao Ocidente do globo, e as imagens de suas consequências expressas em manchetes e documentos, eram um termômetro da nova realidade que o Brasil mergulhava.

E, diante da pandemia, logo nas primeiras semanas, articulações vindas de movimentos, coletivos, Organizações da Sociedade Civil, empreendimentos e demais atores e instituições passaram a surgir. Já eram reflexos das emergências vindas das necessidades das camadas mais vulneráveis da sociedade – as primeiras que sentem, devido às muitas desigualdades e violências estruturais que já enfrentam.

Assim, no ecossistema de impacto, foi possível perceber certa ebulição ao redor de termos como filantropia e investimento social – traduzidos em ações no campo de impacto social. Pensando neste setor, com o recorte no Brasil, a ponteAponte realizou um levantamento destas iniciativas, por intermédio de um documento on-line colaborativo (criado no dia 23 de março) disponibilizado no Google Drive, chamado Consolidação de mapeamentos, campanhas e outras iniciativas contra o Covid-19

Ao longo das primeiras semanas, houve uma média de mais de 80 acessos simultâneos e mais de 1.250 acessos únicos de investidores sociais, filantropos e organizações de base comunitária em geral. Assim, foram levantadas 450 ações colaborativamente, “Entre campanhas de doações em dinheiro, plataformas on-line diversas, campanhas solidárias em geral, iniciativas de auxílio médico e psicológico, listas de cursos, livros e filmes gratuitos e notícias sobre as periferias brasileiras”, conforme explicado na introdução do levantamento.

Tais dados deram origem ao relatório “Os primeiros 60 dias de Covid-19 nos Brasil em 60 fatos, reflexões e tendências em filantropia, investimento social e o campo de impacto social”. Nele, 154 iniciativas compõem o universo amostral analisado de forma quantitativa, com iniciativas criadas de 20 de março a 7 de abril em 21 municípios em cinco regiões brasileiras, segundo a apresentação do estudo. “Para a análise qualitativa e de tendências, mais de 260 ações mapeadas até 20 de abril foram estudadas individualmente, algumas das quais apresentadas ao longo do documento”, completa o texto.

Interaja com os gráficos a seguir e conheça as iniciativas presentes no documento colaborativo. Use os filtros para conhecer os dados organizados segundo os realizadores de cada uma das ações. Clique nas bolinhas para conhecer as informações compiladas. Os dados dizem respeito às atualizações do documento do Google Drive até o dia 6 de maio.

Agenda
A pandemia e suas conseqüências de cunho econômico, sanitário, político e social trazem à tona novos questionamentos. Afinal, o mundo encara uma nova lógica de circulação de pessoas e mercadorias, bem como se evidenciam desigualdades e exclusões na comparação entre as pontas da pirâmide social. São muitas perguntas diante de um cenário de poucas certezas, muita cautela e incontáveis emergências.         

Com tal contexto, durante esta semana, entre os dias 13 e 15, a Yunus Negócios Sociais organiza uma série de painéis orientados por um questionamento comum: “Que mundo queremos e podemos construir após a pandemia?”. Serão quatro debates com investidores, empreendedores, mentores e intraempreendedores para dialogar sobre possibilidades para o cenário atual e também no futuro.

A série de debates faz parte do “No Going Back Talks – Plano de recuperação para um novo mundo”. O encerramento conta com a participação especial do Prof. Muhammad Yunus, que fará sua fala sobre as temáticas dos painéis diretamente de Bangladesh no dia 18 de maio. Yunus é o pai do microcrédito e dos negócios sociais, fundador da Yunus Negócios Sociais e laureado Prêmio Nobel da Paz (2006).

Para participar dos painéis, basta se inscrever aqui.

Conheça mais:
Algumas reflexões e recomendações para financiadores de projetos sociais no cenário atual

Na página 22 do relatório “Os primeiros 60 dias de Covid-19 nos Brasil em 60 fatos, reflexões e tendências em filantropia, investimento social e o campo de impacto social, você encontrará alguns apontamentos feitos pela equipe da ponteAponte diante dos dados apresentados no levantamento. Clique nos botões e conheça as recomendações:

Abra, se possível, chamada de recursos emergenciais – de pequenos valores – com desembolso imediato para o contexto atual e que possam ser acessados com rapidez e prestação mínima de contas pelas organizações. Esse tipo de ação ainda se faz necessário, principalmente em estados do Norte e Nordeste do Brasil.

Se viável, aumente imediatamente o volume de recursos financeiros e doações e direcione-os para iniciativas afetadas diretamente pelo Covid-19 e/ou que vão transferir recursos para a população afetada.

Forme coalizões setoriais e multissetoriais para que sejam realizados esforços e investimentos sociais coordenados e bem distribuídos, a fim de que cheguem adequadamente aos que mais precisam, evitando sobreposições e/ou escassez, direcionando melhor os recursos.

Implemente todo tipo de apoio possível a partir da infraestrutura que você já têm, a fim de facilitar e agilizar os seus processos.

Abra diálogo com coletivos e OSCs já apoiados, para entender como trabalhar juntos da forma mais efetiva neste cenário (por exemplo, conhecendo as mudanças nas rotinas de cada liderança ou comunidade e viabilizando internet rápida antes de cobrar reuniões online).

Alongue os prazos dos editais abertos, sobretudo quando envolver lideranças e OSCs periféricas (que estão atuando para mitigar os riscos reais da Covid-19 nas comunidades) e facilite a prestação de contas e as contrapartidas, trabalhando mais com base na confiança e parceria.

Faça uso da rede de parceiros construída ao longo de sua jornada em investimento social para maior efetividade em suas ações.

Olhe para a sustentabilidade das organizações parceiras e novas no médio e no longo prazos, fortalecendo a atuação, sobretudo, daquelas que tiveram suas operações fortemente impactadas pelo cenário atual.

Créditos da imagem de capa: Instagram ponteAponte.

1 comentário

Deixe um comentário

Digite seu comentário
Digite seu nome