Inovações no modelo de apoio e captação de recursos para negócios de impacto

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É muito comum ouvir por aí que empreender não é tarefa fácil. Empreender um negócio de impacto social, então, é mais desafiador ainda. E de fato é. Para além de uma equipe brilhante, de uma solução capaz de resolver problemas sociais em larga escala e de chegar a quem mais precisa, o negócio de impacto social ou ambiental tem o grande desafio de atrair capital de alto risco.

A diferença é que quando um negócio tradicional está captando, ele precisa mostrar ao potencial investidor como alcançará resultados financeiros, ao passo que o empreendedor de impacto deve projetar ganhos financeiros e sociais. Tarefa árdua e cheia de desafios. Porque primeiro o empreendedor precisa ter clareza a respeito da mudança que pretende gerar. Segundo, precisa demonstrar como vai trilhar esse caminho. E, terceiro, porque ainda deve gastar um tempo significativo engajando investidores, que naturalmente são mais orientados a resultados financeiros.

É bem verdade também que empreendedores em estágios muito iniciais nem deveriam voltar esforços para atrair investidores, e se o fizerem podem estar queimando cartuchos antes da hora. Nessa fase é recomendável que empreendedores invistam dinheiro do próprio bolso, ou da família, amigos e “tolos” que acreditam no potencial de seu projeto (o famoso FFF, que na sigla em inglês quer dizer: family, friends and fools).

Em 2017, a Pipe Social, junto com várias organizações do setor, realizou um mapeamento de negócios sociais e ambientais e chegou a 549 empresas. Os dados mostram que 79% dos negócios de impacto estão captando investimento. Desse número, 38% captam até R$ 200 mil, 33% de R$ 200 mil a R$ 1 milhão e 23% mais de R$ 1 milhão. Ou seja, muitos negócios estão captando pouco. Do outro lado, a Aspen Network of Development Entrepreneurs (ANDE) fez um estudo em 2016 e mostrou que há US$ 186 milhões disponíveis para serem investidos no país.

Duas questões para mim são cruciais: 1. como preparar empreendedores (e aqui digo preparar não só os belos discursos), capacitar as pessoas e o negócio para alcançar o impacto que se propõem por meio de modelos inovadores de monetização e que convençam investidores; 2. como criar mecanismos inovadores de financiamento ou investimento para diferentes fases do negócio.

Nessa linha, uma experiência me chamou a atenção recentemente. Trata-se do Programa Sponsorship, da aceleradora Quintessa. Ao invés de conectar empreendedores a investidores somente ao final da aceleração, a Quintessa divide o processo em duas fases. A primeira é focada no desenvolvimento do negócio e a segunda voltada à captação de investimento.

O diferencial é o que o investidor participa do processo de desenvolvimento, conhece bem o plano de negócios e depois avalia se vai ou não aplicar recursos. Neste ano, a Quintessa vai selecionar quatro startups de impacto e o valor previsto para alocação em cada está entre R$ 100 mil e R$ 400 mil.

Nos próximos artigos, vou trazer outros exemplos de mecanismos inovadores de investimento que estão sendo testados no Brasil e em outros países. Iniciativas que estão buscando diversificação para atender as demandas do ecossistema de impacto.

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