No artigo de outubro, tratamos sobre como lidar com a escassez no Vale da Morte, essa que é uma das três principais questões a serem vencidas para obtermos sucesso na evolução do nosso negócio neste temido estágio. Hoje falaremos sobre a volatilidade e da nebulosidade (nome mais pomposo para incerteza) e sobre como podemos desenvolver atitudes que nos ajudem a superá-las.
Como empreendedores, estamos sempre criando o futuro desejado. A ação contínua para sincronizar os sonhos com a realidade nos exige a competência essencial de aprender rápido sobre o que funciona e o que não funciona no nosso modelo. É na rua, com a fricção da interação com o cliente potencial, que serão definidas as nossas chances de êxito na construção de um modelo de negócios que “fique de pé”. Para isso, é necessária a competência de estruturar as perguntas certas e aprender com os feedbacks.
Nesta etapa da jornada, a volatilidade é uma característica intrínseca e inexorável, evidenciada pelas múltiplas idas e vindas das “pivotadas” de modelo que experimentamos. Nesses testes, o principal ingrediente é a incerteza. Aceitar, compreender e lidar com esse fato é essencial. Afinal, algumas atitudes mostram-se mais adequadas para atingirmos a superação ou, minimamente, não sofrermos além do necessário.
7 atitudes para superar as incertezas do Vale da Morte
Sem a pretensão de esgotar a lista, recomendamos sete delas:
1. Colocar o Propósito e o Ser Humano a quem você deseja servir no centro;
2. Estar aberto e atento para “ouvir”;
3. Ser resiliente e não ter apego às suas “verdades”;
4. Ser curioso para perguntar e aprofundar;
5. Usar a intuição diante da falta de informação e conhecimento;
6. Estruturar o pensamento com serenidade e;
7. Ser absolutamente honesto com o tratamento das evidências que emergem do campo para realizar os ajustes necessários no modelo de negócio.
Pela nossa experiência, quanto mais velozmente essas atitudes virarem comportamento e evoluírem para uma cultura organizacional, mais amplas são as chances de vitória.
Centralizar o Propósito e o Ser Humano
Saber a quem desejamos servir no centro nos ajuda a manter o foco no que importa. Tudo o que nos aproxima desse ponto futuro deve receber atenção. Tudo o que nos afasta ou distrai deve ser secundário. A lógica vívida dos recursos escassos torna essa atitude ainda mais essencial. Para adquirir esse discernimento, a visibilidade da pergunta ajuda: “Essa decisão me afasta ou aproxima do meu propósito e do meu cliente alvo? Por que?”
Abertura e escuta ativa
São competências que aceleram o aprendizado ao elevar a assertividade e a aderência das possíveis soluções. Exigem treino. Estar aberto significa não ter respostas preconcebidas. E escutar ativamente significa permitir-se ouvir e acolher de forma intencional o que o outro está dizendo, seja verbal ou não verbalmente. Até mesmo o silêncio pode ser uma resposta que merece ser ouvida. Atenção se na interação o seu foco é ouvir e aprender ou se é responder. Se estiver mais preocupado em responder, pode ser um sinal de que sua escuta precise ser trabalhada.
Resiliência e desapego
São necessários para que possamos ter velocidade e sustentabilidade no movimento de aprender. Diante das infindáveis suposições não comprovadas no campo, a capacidade de absorver esse impacto sem que nos paralise de forma reativa, engessada, malcriada, pode garantir andarmos algumas casas na escala da evolução. Já vi empreendedores voltando do campo afirmando que o mercado “é burro” porque não entendia a sua solução! Você quer estar certo sempre ou ser bem-sucedido com seu negócio?
Curiosidade para perguntar e aprofundar
Isso é quase óbvio. Sem essa profundidade na compreensão, corremos o risco de assumir verdades superficiais, o que nos levará a mais volatilidade, pois erraremos mais. Portanto, aprofunde o olhar. Pergunte por que, para que, como, etc. Ajude seu cliente a te responder de forma adequada com boas perguntas.
Intuição
Nem sempre as respostas que emergem do campo são conclusivas. Aqui é onde entra a sua intuição. Respostas são a matéria-prima para você refinar a sua decisão. Jamais serão suficientes. A sua intuição empreendedora precisa entrar em campo para catalisar o próximo passo. Respeite profundamente ela.
Serenidade
Serenidade não é apatia. Não é falta de paixão. Não é desinteresse. Serenidade é ser capaz de independente do que aconteça do lado de fora, você não perde o prumo dentro. Cultiva e mantém a capacidade de lidar com as informações, processá-las e extrair conclusões sobre o próximo passo. Sem serenidade não existe estratégia. Medite. Aprenda a respeitar seu ritmo. Reconheça os padrões que te fazem “perder” a serenidade. Observe o que te ajuda a serenar.
Seja honesto com as evidências
Por fim, nada disso terá sentido se nos permitirmos cair na armadilha de “manipular as evidências” para que a conclusão seja a que desejamos. Honestidade científica com o que emerge do campo significa cultivar quase que obsessivamente a capacidade de não criarmos “auto-fakenews”. Essas manipulações virarão, no futuro, torpedos contra o nosso belo modelo idealizado, mas absolutamente frágil, pois foi construído sobre nossos desejos e não sobre as reais necessidades dos clientes.