1) O modo de vida contemporâneo acaba nos forçando há uma desconexão interna com nós mesmos. Nos conte como o processo de autoconhecimento que vivenciou ajudou a enxergar melhor a realidade? Se sente conectado consigo mesmo hoje?

Com certeza eu já senti muito a desconexão, uma desconexão interna, comigo mesmo e com tudo. E acho o processo de autoconhecimento, ele começa na infância, antes mesmo da gente nascer. E tem diferentes fases, mas falando dessa fase, digamos como adulto, maduro ou buscando o amadurecimento e o processo de busca de autoconhecimento e transformação pessoal, sobre o ponto de vista de um esforço consciente, esse meu processo é mais recente. Eu completei 50 anos em 2022, e eu diria que eu venho trabalhando com esse esforço mais consciente no sentido desse autoconhecimento de transformação nos últimos 10 anos. E já experimentei diferentes técnicas e práticas, muitas me ajudaram, mas acho que duas têm sido e foram mais poderosas, no sentido de enxergar a realidade e me conectar comigo mesmo e me conectar com a natureza e o universo, o cosmos que existe em mim. Essas duas práticas, uma a Ayahuasca e a outra a Vipassanã, a meditação profunda. São duas sabedorias ancestrais que têm origens diferentes, a Ayahuasca eu tive uma experiência tomando o chá e participando de uma cerimônia, que foi um divisor de águas, muito transformador no sentido de eu sentir que eu sou a natureza de uma maneira muito poderosa, e com implicações incríveis. Essa experiência foi em 2016, e depois o Vipassanã, a meditação profunda e o modo de vida Vipassanã que eu venho experienciando desde 2017, e aprofundando muito desde 2019, e tem sido fantástico, maravilhoso, com certeza no sentido de enxergar a realidade, mas eu queira muito falar, é enxergar muito mais, viver e sentir realidade, viver na pele todas as reações bioquímicas do corpo e da mente. Então é muito, muito além, mais profundo e mais poderoso do que um enxergar baseado no entendimento intelectual. Então com certeza essas experiências têm sido fundamentais e eu venho adicionando à elas, outras que são complementares, mas que eu também encontro nelas, que estão relacionadas por exemplo a alimentação mais natural, jejum etc…uma série de práticas de vida, que eu vivo a cada momento do meu dia, que me ajudam a viver melhor a realidade no sentido da minha conexão comigo mesmo, com a natureza, com o universo e com todas as vibrações que estão a minha volta, e com certeza me sinto cada vez mais conectado e essas conexões e essas vivências, vão fazendo brotar e crescer mais amor, gratidão, compaixão, renúncia, doação e assim por diante. Então minha vida tem se transformado muito nesse sentido de viver para o próximo, conectado com o próximo, com tudo a minha volta.

2) Nossa mente e nossa consciência é repleta de inquietudes sobre a vida e o cotidiano. Você acredita que a espiritualidade, a meditação ou outra prática pode ajudar quem busca um alívio mental? Nos fale sobre sua experiência?

Com certeza a mente é repleta de inquietudes, e eu, de todas as práticas que experimentei, eu conheço uma a qual eu me dedico que é pra mim fantástica e para as pessoas que eu conheço que praticam, também é fantástica, nesse sentido de trazer essa calma mental, espiritual e meio que limpando a mente e o corpo das negatividades, para que eu viva a paz, mais paz interior, mais gratidão, amor e assim por diante. E é um processo que pode ser longo, depende de cada pessoa tem o seu caminho, então o processo que pode ser longo para mim, essa é uma prática de uma vida, essa prática de autocura, autopurificação, de limpeza e de ir trabalhando a mente cada vez mais etc. Essa prática é a meditação Vipassanã, e que a gente aprende e pratica junto com o modo de vida, que tem vários preceitos. Não é uma religião, é uma prática de meditação profunda, mas a cada nova ida ao centro de meditação, acabo lendo e ouvindo outras palestras, mas o principal é realmente, o pilar central é a meditação. Então são esses retiros de 10 dias, depois de 20 dias, você pode participar e também servir como voluntário e o trabalho de Vipassanã é digamos: na vida a gente recebe muitos estímulos externos, então todos os nossos sentidos recebem estímulos externos. E esses entram no nosso corpo através dos sentidos e causam reações bioquímicas no corpo , e a mente reage à essas reações bioquímicas, então na nossa vida estamos constantemente reagindo mentalmente as coisas que acontecem no corpo por conta de coisas que acontecem no mundo exterior, ou que acontecem na mente. E daí quando a nossa mente reage, nós reagimos com palavras, e ações que podem ser negativas, autodestrutivas, então isso acontece constantemente em nossas vidas. E a meditação Vipassanã é uma maneira de trabalhar isso para que a mente não reaja tanto, reaja cada vez menos e reaja quase nada. E à medida que a gente vai fazendo essa purificação, o que vai ficando é o amor, a gratidão e muitos outros preceitos incríveis. É um caminho maravilhoso, lindo e é o caminho para mim. Viver com mais compaixão, mais autruísmo e menos egoísmo, mais intuição, mais sentir e menos pensar. Mais agir, mais se entregar, mais se doar, e menos planejar, menos acumular. Menos me restringir. Viver bem tem sido um resultado natural desses caminhos que eu venho caminhando. Viver bem também no sentido de qualidade de vida e a minha vida tem se transformado muito como resultado disso, então a minha vida é uma entrega para tudo a minha volta, para o próximo, para os outros seres. Tudo o que eu sou e o que tenho, eu venho recebendo em processos ancestrais, inclusive da natureza, toda natureza materializada no meu corpo. Todo ar que respiro, toda água que eu bebo, todo alimento como que vem da terra e do trabalho de outras pessoas.

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