Via marcas, fundações e institutos familiares e empresariais, a iniciativa privada ainda tem um papel determinante para a chegada das soluções de impacto social na ponta. Pode-se pegar como exemplo os negócios em educação, especialmente aqueles com produtos voltados à educação básica. Alcançar os mais de 40 milhões de alunos no país não é tarefa fácil. Os casos mais comuns ainda são aqueles em que o empreendedor busca parceiros privados para financiar sua entrada no público ou, até mesmo, para ganhar fôlego em negociações longas com o primeiro setor, que podem levar até dois anos.
A MGov é um dos muitos negócios de impacto que opera dessa forma. A empresa, entre outras iniciativas, criou o EduqMais, um sistema de comunicação inteligente via SMS que promove o engajamento dos pais na educação de seus filhos. Com isso, busca melhorar os indicadores educacionais da rede pública. A solução já superou a marca de mais de 140 mil usuários entre pais de alunos da rede pública de ensino, em 36 municípios. Para tanto, contou com o apoio financeiro de fundações e institutos que investem em ações de melhorias na educação pública do Brasil.
Vender produtos e serviços para empresas privadas, como as escolas particulares, é outro modelo utilizado no setor da educação para gerar caixa e viabilizar o acesso à população de baixa renda. A depender do volume e do preço negociado na instituição privada, isso garante a entrada da solução educacional de forma gratuita na escola pública. Segundo dados do 1º Mapa de Impacto de 2017, da Pipe Social, apenas 27% dos negócios de impacto vendem diretamente para o Estado.
As empresas privadas também têm se mostrado um agente direcionador do campo, no apoio indireto aos negócios de impacto, via intermediários. Nos últimos anos, a aceleradora Artemisia, vem desenvolvendo iniciativas customizadas para grandes marcas. A Aceleradora Estação Hack, com o Facebook, a Tese de Impacto Social em Alimentação, em parceria com a Fundação Cargill, e o Lab de Mobilidade Urbana, com o Ford Fund são alguns exemplos.
Percebe-se que o investimento privado é fundamental para impulsionar o ecossistema, principalmente para endossar e apoiar negócios em estágio de desenvolvimento. Entretanto, é preciso avançar nas parcerias financeiras com o setor público.
Iniciativas como as do Centro de Inovação para a Educação Básica (CIEB), do BrazilLAB e PitchGov do Estado de São Paulo colocam o assunto de vendas diretas para o setor público cada vez mais em evidência. São empreendimentos que buscam inovações jurídicas que possam gerar mudanças efetivas na prática de gestores públicos.
Outra iniciativa mais recente do governo federal é a Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto (Enimpacto) que, entre outras frentes, busca ampliar a oferta de capital para esse tipo de empreendimento. Tudo isso é muito positivo.
Será ótimo quando as vendas diretas e recorrentes para o Governo se tornarem uma realidade para as startups de impacto brasileiras!