O crescimento é uma situação comum a muitas organizações do setor de impacto socioambiental que conseguiram testar seu modelo e empacotar sua solução ir à rua vender. Resultado: conseguiram parar de pé e, melhor, identificaram oportunidades de crescimento, novos produtos, ampliação da carteira de clientes, novos mercados e outras possibilidades no radar.
Encarando esse “bom problema” o tão sonhado momento de ‘escalar’ bate à porta da organização, mas ele traz consigo alguns ‘transtornos’ a seus líderes e fundadores. A meu ver há 5 questões a serem enfrentadas:
1. Cultura
• A organização cresceu rápido demais e muita gente já não sabe mais o nome da galera!
• Como lidar com a sensação de perda de identidade organizacional?
• Será que nossa organização contratou gente desalinhada com a cultura?
• Será que a cultura está mesmo consolidada? Detalhe: culturas organizacionais são dinâmicas e, faça chuva ou sol, sofrerão modificações. É preciso lidar com isso e fomentar mudanças culturais que sejam alinhadas ao crescimento que se almeja.
2. Financiamento
• Onde a organização buscará recursos para alavancar seu crescimento? Quais as fontes?
• O que esse recurso trará junto? Novos sócios? Prestação de contas? Externalidades negativas? Casa própria como garantia?
• Fundadores e líderes estão preparados e dispostos a lidar com esse ‘pacote’? Sim, noites mal dormidas, certamente, farão parte deste enredo.
3. Liderança e times
• Novos líderes conseguem deixar para trás suas funções operacionais? Conseguem assumir-se como líderes?
• Fundadores conseguem desapegar da operação para, enfim, liderar?
• Há condições de reter bons talentos da equipe?
4. Referências
• Há benchmarkings possíveis: poupem neurônios e tempo da organização na identificação de um modelo de crescimento ‘de prateleira’? Isso existe?
• Quais seriam as “não referências” que a organização não quer seguir? O exercício às avessas pode ser interessante e permitir trazer à mesa pontos relevantes para a reflexão sobre queremos crescer “a qualquer custo”, mas a qual custo?
5. Arrumação da casa
• É preciso preparar o terreno e arrumar a casa para crescer: a organização já tem esse quadro traçado? …preparar pessoas, dispor de espaço e ferramentas adequados, repensar conselho e governança, etc.
• Aqui, não há como fugir do famoso ditado “é preciso trocar o carro com o pneu andando”, mas o mais importante é que o carro siga na direção correta.
Para fechar
Escalar e crescer não devem ser encarados como algo mandatório que toda organização de ‘impacto’ precisa trilhar. É o que mais se ouve no setor de ‘impacto’. Questionar a “não escala” soaria como uma insanidade para muitas organizações, mas esse é o caminho a seguir.
Para outras
Escalar pressupõe refinar mais a profundidade do impacto gerado do que sair ampliando mercados, adotar ferramentas tech ou abrir filiais, mas essa prosa fica para outro momento…
[…] Dores do crescimento: reflexões para o momento de escalar o negócio de impacto […]