Dores do crescimento: reflexões para o momento de escalar o negócio de impacto

Em sua estreia na Aupa, o autor Fabio Deboni escreve sobre crescimento dos negócios de impacto e revela 5 desafios a serem enfrentados pelo setor

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O crescimento é uma situação comum a muitas organizações do setor de impacto socioambiental que conseguiram testar seu modelo e empacotar sua solução ir à rua vender. Resultado: conseguiram parar de pé e, melhor, identificaram oportunidades de crescimento, novos produtos, ampliação da carteira de clientes, novos mercados e outras possibilidades no radar.

Encarando esse “bom problema” o tão sonhado momento de ‘escalar’ bate à porta da organização, mas ele traz consigo alguns ‘transtornos’ a seus líderes e fundadores. A meu ver há 5 questões a serem enfrentadas:

1. Cultura

• A organização cresceu rápido demais e muita gente já não sabe mais o nome da galera!
• Como lidar com a sensação de perda de identidade organizacional?
• Será que nossa organização contratou gente desalinhada com a cultura?
• Será que a cultura está mesmo consolidada? Detalhe: culturas organizacionais são dinâmicas e, faça chuva ou sol, sofrerão modificações. É preciso lidar com isso e fomentar mudanças culturais que sejam alinhadas ao crescimento que se almeja. 

2. Financiamento

• Onde a organização buscará recursos para alavancar seu crescimento? Quais as fontes?
• O que esse recurso trará junto? Novos sócios? Prestação de contas? Externalidades negativas? Casa própria como garantia?
• Fundadores e líderes estão preparados e dispostos a lidar com esse ‘pacote’? Sim, noites mal dormidas, certamente, farão parte deste enredo.

3. Liderança e times

• Novos líderes conseguem deixar para trás suas funções operacionais? Conseguem assumir-se como líderes?
• Fundadores conseguem desapegar da operação para, enfim, liderar?
• Há condições de reter bons talentos da equipe?

4. Referências

• Há benchmarkings possíveis: poupem neurônios e tempo da organização na identificação de um modelo de crescimento ‘de prateleira’? Isso existe?
• Quais seriam as  “não referências” que a organização não quer seguir? O exercício às avessas pode ser interessante e permitir trazer à mesa pontos relevantes para a reflexão sobre queremos crescer “a qualquer custo”, mas a qual custo? 

5. Arrumação da casa

• É preciso preparar o terreno e arrumar a casa para crescer: a organização já tem esse quadro traçado? …preparar pessoas, dispor de espaço e ferramentas adequados, repensar conselho e governança, etc. 
• Aqui, não há como fugir do famoso ditado “é preciso trocar o carro com o pneu andando”, mas o mais importante é que o carro siga na direção correta.

Para fechar

Escalar e crescer não devem ser encarados como algo mandatório que toda organização de ‘impacto’ precisa trilhar. É o que mais se ouve no setor de ‘impacto’. Questionar a “não escala”  soaria como uma insanidade para muitas organizações, mas esse é o caminho a seguir.

Para outras

Escalar pressupõe refinar mais a profundidade do impacto gerado do que sair ampliando mercados, adotar ferramentas tech ou abrir filiais, mas  essa prosa fica para outro momento…

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