Não existe um modelo único de apoio aos negócios de impacto

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Aceleradoras, mentores, consultores, investidores, institutos, fundações, organizações sociais, governos, marcas e corporações. Todos esses compõem o rol de atores do ecossistema de apoio aos negócios de impacto social e ambiental. Um campo em construção e em constante transformação no Brasil, não só pela diversidade de figuras que o integram hoje, mas também pelos novos arranjos, formas de colaboração e mecanismos de apoio técnico e financeiro.

Há 14 anos, quando o modelo de negócio social surgia no país, podia-se contar em uma mão os empreendimentos nascidos, muitas vezes, de base comunitária. Alguns anos depois, quando trabalhava na área de responsabilidade social de um banco, tivemos a oportunidade de apoiar, por meio da aceleradora Artemisia, o Banco Pérola. A iniciativa oferecia microcrédito para empreendedores de baixa renda. Naquela ocasião, buscávamos diversificar nossos grants e queríamos aprender com os negócios de impacto.

Esse foi, sem dúvida, um avanço dentro do que fazíamos e das práticas do mercado. Na época, microfinanças era uma das linhas de investimento social da empresa, mas até então nossa atuação se limitava a um prêmio anual voltado ao reconhecimento de empreendedores e do setor.

Mais tarde, em outra instituição financeira de base tecnológica, experimentamos um modelo diferente. Além do aporte financeiro à organização intermediária, alocamos um recurso adicional em um dos negócios acelerados para a criação e o desenvolvimento de uma plataforma de e-commerce. A startup social também contou com o suporte de uma equipe especializada da empresa.

“A INOVAÇÃO NO APOIO AOS EMPREENDIMENTOS SOCIAIS SURGE A PARTIR DE UMA LIDERANÇA ENGAJADA E CONVENCIDA DE QUE NÃO EXISTE UM MODELO ÚNICO CAPAZ DE ENDEREÇAR PROBLEMAS SOCIAIS.”

Aquele foi o primeiro movimento de colaboração que vivenciei, entre mundos tão distintos e com alto potencial de aprendizagem. O que hoje, de forma mais estruturada, se consolidam como os chamados corporate venture, nome que se dá ao crescente movimento de grandes empresas em busca de inovação por meio do investimento em startups, geralmente ligadas à atuação da companhia.

Essas foram experiências próprias que ilustram um pouco como o investimento social privado foi se aproximando dos negócios de impacto. A motivação, nesses casos, foi a busca por conhecimento, dentro de uma visão estratégica de negócio.

Mas estou cada vez mais convencida de que a inovação no apoio aos empreendimentos sociais surge a partir de uma liderança engajada e convencida de que não existe um modelo único capaz de endereçar problemas sociais. É preciso juntar o que há de melhor em cada um desses atores para potencializar o campo.

A ideia dessa coluna é compartilhar um pouco da minha experiência e de novas e animadoras iniciativas que vêm surgindo. Exemplos de como o ecossistema tem remodelado sua forma de atuação: intermediários com programas mais personalizados, fazendo pontes mais eficazes; novos mecanismos financeiros surgindo para cobrir fases relevantes do desenvolvimento de negócios; novos arranjos colaborativos que ultrapassam as barreiras jurídicas em benefício de causas.

Sim, temos muitos desafios pela frente, mas esses movimentos trazem sem dúvida muita esperança. Que tal conhecer, se inspirar e trazer mais gente para esse papo?

1 comentário

  1. Obrigado Ana Flávia, parabens pela iniciativa. Quanto mais trocarmos ideias sobre os investimentos de impacto e acompanharmos o mercado, mais chances teremos de sucesso nesse setor. Tenho muito interesse neste tema e com certeza acompanharei sua publicações.

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