Eu tendo a acreditar que um dos maiores males do mundo é a incoerência que o ser-humano vive dentro de si mesmo. Na maioria das vezes, nós queremos algo que sabemos que irá nos fazer mais felizes, que nos trará satisfação pessoal entre tantos outros benefícios. Mas, também, na maioria das vezes, ficamos estagnados na zona de conforto. Aqui, pontualmente, eu estou falando do trabalho.
Toda vez que eu encontro os amigos e pergunto como está a carreira, todos se demonstram cansados, desmotivados, desconectados com os valores da empresa e seus líderes. Porém, também estão totalmente rendidos aos salários e benefícios que recebem mensalmente.
É aqui que eu vejo o maior conflito: jogar tudo para o alto e sair em busca da felicidade plena ou ser “mais ou menos feliz” e garantir o salário do mês? Eu sempre me questionei: como eu posso ajudar a resolver os problemas do mundo e fazer disso o meu trabalho?
NÃO TER A GARANTIA DE UM SALÁRIO PINGANDO NA CONTA TODO MÊS, NOS PRIMEIROS MESES, PARECEU ASSUSTADOR.
Eu não tiro a razão dos meus amigos que vivem na zona de conforto porque entendo que todos têm contas para pagar…assim como eu! Mas também gosto de lembrá-los que a submissão ao medo é o que nos deixa estagnados. Quem nunca ouviu a expressão “quem não arrisca não petisca”?
Por isso, correr riscos faz parte de uma transição de carreira ou de qualquer transição nessa vida. O ideal é se programar para fazer isso da maneira mais suave possível, se preparando financeira e psicologicamente para que a estrutura pessoal esteja fortalecida na hora de enfrentar os dias menos bons que sempre surgem diante de mudanças.
Eu vivi isso na pele e confesso que não é simples. Os desafios são muitos, principalmente psicológicos e financeiros. Desconstruir o mundo ao meu redor, abrir mão de muitas coisas e me colocar sob possíveis julgamentos da sociedade, que admira a minha coragem, mas quer ver se na prática tudo vai dar certo. Nada disso é fácil. Não ter a garantia de um salário pingando na conta todo mês, nos primeiros meses, pareceu assustador.
Mas conforme os dias passavam, um mundo novo se apresentava e um dos melhores sentimentos tomou conta de mim – alívio. Alívio por deixar ir aquilo que não me servia mais. Alívio por me reconectar comigo mesma. Alívio por ver sentido naquilo que eu faço na minha vida e muita satisfação em ver que eu posso usar o meu tempo para contribuir e trabalhar em prol dos problemas coletivos socioambientais que vivemos. Trocar o mundo corporativo de empresas tradicionais e mergulhar nos negócios de impacto social foi o maior desafio profissional que enfrentei até hoje, em contrapartida, foi o mais belo dos mundos que encontrei, levando em conta propósito e satisfação.