Não somos especialistas em economia, mas acreditamos que quando uma pessoa resolve iniciar um negócio, deve pensar bem e considerar todos os prós e contras. Para as pessoas (negras) periféricas, esse passo pode ser ainda mais complexo, considerando as possíveis adversidades socioeconômicas pelas quais possivelmente irão passar.
Escolher algo que você consiga produzir, vender, comercializar, um negócio que você entenda bem, conheça o mercado, tudo isso é fundamental. Mas é importante também se questionar por que você escolheu esse negócio, e não qualquer outro.
Por que esse negócio o motiva?
Quando criamos o nosso coletivo, a nossa principal motivação era produzir jornalismo sobre mulheres da periferia, para atingir elas próprias. O dinheiro, a forma de sustentar o projeto, maneiras com as quais conseguíssemos pagar nossos boletos nem passou pela nossa cabeça naquele primeiro momento.
Com o decorrer do tempo, passamos a participar de diversas ações, a ser convidadas para atividades, concorrermos a editais. O dinheiro começou a entrar no caixa, e isso também passou a ser uma questão dentro do coletivo. Mas antes foi preciso nos estruturarmos para que o projeto se tornasse algo que depois seria visto como economicamente interessante e rentável.
Mesmo que um empreendimento não tenha um objetivo social, uma causa como a nossa, antes de pensar em só lucrar e ganhar dinheiro, é importante considerar se você realmente gosta daquilo que está se propondo a fazer, se vai conseguir fazer bem, se vai transmitir verdade para seus clientes, pois ela irá transparecer na qualidade de seu trabalho.
Empreender, sobretudo no começo, não é tarefa fácil, e provavelmente os retornos financeiros não serão tão imediatos, os perrengues vão ser muitos, a vontade de desistir pode aparecer a qualquer momento. Por isso, engaje-se verdadeiramente na sua ação, acredite e invista nela com esforço, mas também com carinho, pois, para persistir, é preciso estar mesmo envolvido, apaixonado. Que o lucro seja também aprendizado e impacto positivo