Entre os dias 6 e 7 de junho, aconteceu em São Paulo o Fórum Brasileiro de Finanças Sociais e Negócios de Impacto. O evento é o maior a tratar dessa temática da América Latina e, não à toa, reuniu os principais atores do campo no cenário nacional e internacional.
A organização do fórum é fruto da parceria entre o Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), a gestora de investimentos de impacto, Vox Capital, e a Impact Hub, rede internacional de apoio para empreendedores do setor.
Avanços e perspectiva otimista
Abrindo as atividades do Fórum, Célia Cruz, diretora-executiva do ICE, Daniel Izzo cofundador da Vox Capital, e Henrique Bussacos, da Impact Hub, apresentaram juntos um balanço do campo de 2014 para cá. Hoje, os negócios de impacto movimentam U$ 114 bilhões de dólares no mundo, como citou Daniel Izzo.
“Finalmente conseguimos provar que os ‘hippies de São Francisco’ não são uma moda passageira. Dá para a gente trazer de outro jeito um capital com propósito”. Foi assim que Célia Cruz iniciou sua exposição. As três instituições citadas acima fazem parte da Força Tarefa de Finanças Sociais, o grupo que estimula e fomenta ações direcionadas ao campo no Brasil. Entenda mais sobre este trabalho aqui. Recentemente, o grupo publicou seu relatório de ações de 2017.
É possível ter uma ideia da evolução do campo a partir do crescimento do próprio Fórum. A sua primeira edição foi em 2014, na qual participaram 500 pessoas, dos painéis com 25 palestrantes internacionais e 60 brasileiros. Neste ano, compareceram mais de mil pessoas, com apenas seis panelistas internacionais e 170 brasileiros.
“Estamos tendo um crescimento mesmo com a pior crise que o país passou de os tempos. Como vocês podem lembrar”, destacou Daniel Izzo. Foi neste contexto, inclusive, que a Vox celebrou o primeiro caso de saída de investimento, com um retorno de 26% ao ano com a TEM. A empresa comercializa cartões pré-pagos para serviços de saúde particulares, como consultas e exames. Segundo informações do Valor Econômico, a Vox vendeu quase 30% de sua participação. O resultado veio apenas três anos depois do aporte de R$ 3 milhões feito na empresa, em 2015 – um tempo considerado curto para o setor.
A TEM é uma das dez empresas contempladas por um fundo de R$ 84 milhões, gerenciado pela Vox desde 2012. Um segundo fundo, de R$ 80 milhões, está em fase de investimento, com duas empresas contempladas até o momento.
Chamada a novos investimentos
Já Henrique Bussaco lembrou que no Brasil existe inúmeros problemas sociais para serem resolvidos. Isso configura, por outro lado, um campo de oportunidade para empreendedores motivados a endereçá-los de maneira alinhada aos propósitos de impacto.
“Existe mercado para todos os investidores de impactos. Precisamos de vocês e vice-versa. Para transformar de fato o mundo, é preciso construir uma nova economia. Não vamos resolver isso em um ou dois anos. É preciso muita gente fazendo isso”, concluiu Bussaco.
Em outra fala de abertura, Amit Bathia, CEO da Global Steering Group (GSG), expressou sua aposta na capacidade do Brasil pode encabeçar o movimento, já que o país é um dos poucos com planos estratégicos para efetivarem políticas de investimentos de impactos na América Latina.
As informações apresentadas no Fórum atualizam a reportagem da Aupa com um panorama dos Negócios de Impacto. Até o ano passado, 79% dos empreendedores do campo estavam procurando investimento, 35% ainda não tinham nenhum tipo de faturamento e apenas 7% faturavam acima dos dois milhões de reais. Leia mais sobre aqui.