Os impactos gerados pelo Coronavírus no mundo todo alteram os modos de vida de todos os povos. Com a medida de isolamento dos indivíduos em suas casas e o alastramento global do vírus vêm as consequências sociais, culturais, políticas e econômicas. E neste pacote uma equação que não fecha, dada a desigualdade que cada país vivencia: a relação entre recursos, comida e pobreza. Não à toa, temos índices para monitorar essa junção, como o Mapa da Fome (ONU), além de outros programas e iniciativas dos mais variados tipos, como os da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ONU).
O pequeno produtor costuma ter clientes pontuais e limitados. A base da pirâmide socioeconômica tem recursos escassos para ter acesso à alimentação – falar de alimentação orgânica, então, quase soa como luxo para aqueles mais vulneráveis, sobretudo, nos grandes centros. Com o isolamento e a mudança no ritmo de produção, serviços e consumo, a economia global é afetada. O preço dos alimentos também entra neste contexto – e comer está ligado à manutenção da saúde, ao suprimento de necessidades básicas do corpo e ao respeito à dignidade humana.
Mas diante de um contexto de incertezas e que aponta desaceleração econômica com uma pandemia de escala global, como fica o pequeno produtor? Como a base da pirâmide poderá ter acesso a alimentos crus e saudáveis perante um cenário de encarecimento de produtos, ao mesmo tempo que o cuidado com a saúde, mais do que nunca, é vital?
Na primeira semana do isolamento social em vigência no Brasil, a Pertim foi criada por Flávia Altenfelder (da Fazenda Malabar), Mariana Castrillon e Rafael Duckur. Trata-se de um grupo de agricultores de Morungaba (Região Metropolitana de Campinas/SP), que percebeu que muitas pessoas ficariam sem comida e muitas comidas ficariam sem pessoas para consumi-las. A iniciativa é apoiada pela Fazenda da Toca, Preto Império, Fazenda Malabar, Estúdio do Mário, Rebu Work, Fru.to e Café dos Contos.
O sistema funciona com três passos:
- Arrecadar fundos dos apoiadores.
- Comprar alimentos do pequeno produtor.
- Entregar os alimentos a pessoas da base da pirâmide socioeconômica.
“Nosso foco é ajudar nas duas pontas. Compramos produtos orgânicos de quem não tem onde vender e levamos às pessoas com alta vulnerabilidade e baixo suporte social”, explica Duckur na página oficial da iniciativa. As cestas de alimentos serão entregues gratuitamente, de modo a apoiar o trabalho pequeno produtor e também alimentos com potencial para contribuir com a imunidade humana.
Você pode ajudar das seguintes maneiras: doando dinheiro, alimentos orgânicos e/ou ainda apoio logístico, emprestando equipamentos úteis ou ainda divulgando a iniciativa. É impacto social – a partir do alimento que brota do chão e sacia quem precisa.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável transversais à ação:
ODS 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover agricultura sustentável.
ODS 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis
ODS 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade
ODS 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.
Para ler também:
Documento da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) e da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar pede medidas urgentes em defesa da vida e dos povos do campo, da floresta e das águas.