Nos dias 8, 9 e 10 de junho, o Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) e o Impact Hub São Paulo realizaram a 4ª edição do “Fórum de Investimentos e Negócios de Impacto” (Impacta Mais). Com o tema “Construindo uma nova economia com impacto socioambiental positivo”, o evento on-line discutiu os caminhos da contribuição do ecossistema de investimentos e negócios de impacto para o enfrentamento dos desafios estruturais (sobretudo, sociais e ambientais) da realidade brasileira.

Com palestras, sessões paralelas e workshops, os participantes puderam conferir diálogos envolvendo ESG, tecnologia, meio ambiente, racismo estrutural, impacto, Governo e desigualdades sociais.

Confira os destaques e as discussões levantadas no fórum.

1º dia
“Nosso convite, com o Impacta Mais 2021, é que todos deem seu passo mais ousado e corajoso para que passemos a transição para uma nova economia, com equidade para as pessoas e regeneração para o planeta”, destacou Henrique Bussacos (Impact Hub São Paulo), na abertura do evento – que ainda contou com a presença de Celia Cruz (ICE), Vivian Rubia (ICE) e Pablo Handl (Impact Hub São Paulo).

Ainda: em vídeo, Ronald Cohen, investidor social e um dos criadores do Social Finance, primeira instituição a emitir contratos de impacto social, convidou empresas a refletirem sobre o seu papel e os impactos na sociedade. “Hoje, com a chegada da crise causada pela  Covid-19, Governos têm a chance de assumir uma posição igualmente ousada – e eu espero que o Governo brasileiro o faça. Pois, assim, será possível trazer transparência para o impacto das empresas, para que elas sejam capazes de nos ajudar a encarar os desafios da pandemia causada pela Covid-19”, afirmou.

Houve também seis sessões paralelas com temas abordando desigualdade, educação, saúde, meio ambiente, combate ao racismo estrutural e moradia digna. No debate “O que os investimentos e os negócios de impacto podem fazer pelo combate às desigualdades sociais: território, gênero e raça”, Itala Herta (Diver.ssa), acerca das questões estruturais e a necessidade de força política para combater o racismo, ressaltou: “O Brasil desconhece o Brasil. Ou seja, desconhece a realidade complexa do país. Por isso, o compromisso com as desigualdades”.

Neste painel, Adriana Barbosa (PretaHub), Bel Santos Mayer (IBEAC) e Selma Moreira (Fundo Baobá) ainda analisaram a história de luta de combate ao racismo. Adriana afirmou que: “Durante muito tempo, no campo dos negócios sociais, a população negra era percebida como público beneficiário. Porém, nos últimos oito anos, jovens negros têm falado ‘não’, ‘eu também sou tutor e tenho propriedade intelectual para descrever uma solução’”. O exemplo reforça que a população negra também é protagonista no que diz respeito à atuação intelectual e política.

O evento contou ainda com a realização de dois workshops – “Movimento A Onda Verde: oportunidades para investir e empreender com impacto ambiental no Brasil” e “Promoção da diversidade racial e de gênero no campo do empreendedorismo de impacto”. Além disso, houve a “Rodada de Negócios Impacta Mais – conexão às cegas”, onde os participantes tiveram a oportunidade de buscar oportunidades comerciais e estabelecer contato com empresas, pessoas e organizações do setor. 

2º dia
No segundo dia, no painel de abertura,  Livia Hollerbach (Pipe.Social) e Diogo Quitério (ICE) trouxeram informações e dados sobre investimentos e negócios de impacto, a partir de estudos e pesquisas sobre o setor lançadas nos últimos anos. Em seguida, as sete sessões paralelas contemplaram o debate sobre inovações e desafios no campo do ecossistema com os seguintes temas: (1) “Contabilidade de Impacto: tendências na forma de contabilizar e comunicar impacto”, (2) “Impacto e Governo: desafios jurídicos e avanços na agenda governamental”, (3) “Ecossistemas locais de impacto: como ampliar esta agenda num país tão diverso?”, (4) “Inovação aberta para impacto: oportunidades e desafios para grandes empresas e negócios de impacto”, (5) “Produtos financeiros de impacto”, (6) “Tecnologia para quem e para quê?” e (7) “Fomento a organizações dinamizadoras”

Na mesa “Catalisando impacto positivo: como o Investimento de Impacto se relaciona com o universo ESG?”, Patricia Genelhu (BTG Pactual), Gustavo Pimentel (SITAWI) e Daniel Izzo (Vox Capital) refletiram sobre a divergência dos temas e os desafios da prática de investimento de impacto. Daniel destacou que “A agenda de democratização de impacto ainda não avançou” e que a pandemia fez muitas empresas repensarem as suas ações.

Na sessão “Ecossistemas locais de impacto: como ampliar esta agenda num país tão diverso?”, Paulo Henrique Oliveira Silva (Startei), Carina Pimenta (Conexsus) e Ruth Espinola Melo (PUC-Rio) discorreram como os ecossistemas locais podem se fortalecer com a presença de diversos atores. Carina ressaltou a importância da agenda voltada ao campo: “Muitas vezes, o rural está perto do urbano e nós não enxergamos”. Considerando a pluralidade devido à extensão brasileira, lançou-se o questionamento:  como é possível fortalecer os ecossistemas de impacto em periferias e/ou áreas rurais?

Os participantes puderam compartilhar experiências ainda em três workshops, com os seguintes temas:  “Governo: boas práticas e inovação aberta”,  “Inovação aberta e intraempreendedorismo alavancando a agenda de impacto em grandes empresas” e “Os 10 passos para investidores e family offices que querem investir em negócios de impacto”.

3º dia
Finalmente, o terceiro e último dia de fórum teve na abertura o “Julgamento dos investimentos e dos negócios de impacto”. Filipe Borsato (BNDES), Ilana Trombka (Senado Federal), Leonardo Letelier (SITAWI), Tatiana Assali (SITAWI) e Diogo Quitério conduziram a mesa. Eles analisaram as narrativas sobre a agenda de impacto positivo que nem sempre são discutidas. Os palestrantes aproveitaram e falaram sobre os investimentos e negócios de impacto, questionando como organização e sociedade podem atuar de forma conjunta.

Já a mesa “Construindo uma concepção redistributiva e regenerativa para negócios e investimentos”, contou com a participação de Carlota Sanz Ruiz (DEAL). Os mediadores foram Vivian Rubia (ICE) e Pablo Handl Impact (Hub São Paulo) que num bate-papo retomaram alguns dos assuntos já levantados durante as sessões, como uma nova economia baseada na construção de uma espaço justo e seguro para a humanidade, além de questionar quais os novos critérios de escolha de investimento que estão emergindo e de como fazer o diálogo entre a formulação da política pública e as suas implementações.

Houve ainda o lançamento da Comunidade Impacta Mais, um novo espaço de conexão do ecossistema, além do anúncio dos projetos vencedores da Chamada Impacta Mais de Apoio a Eventos Locais.

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