A educação política é um processo de transmissão de informação e conhecimentos, com objetivo de disponibilizar às pessoas um repertório que lhes permita compreender o que acontece no setor da política, a função de cada cargo, a importância de democracia, a história do voto, além de engajar as pessoas a participarem da política.

Politize, Organização da Sociedade Civil (OSC) sem fins lucrativos voltada à educação política, produz conteúdos sobre o tema, desde corrupção, passando por Direitos Humanos, política internacional, constituições do Brasil até eleições e partidos. Além da criação de conteúdo, a Politize, atua em escolas públicas e oferece programas para jovens de todo o Brasil se tornarem capazes de resolverem problemas sociais em seus municípios. Segundo a OSC, 91% das pessoas não estão satisfeitas com a democracia, 41% dos brasileiros acreditam que tanto faz viver em uma democracia ou não e 25% dos cidadãos aptos a votar não compareceram às urnas em 2018.

Nesta conversa com Mariana Fernandes, coordenadora de comunicação e conteúdo da Politize, discute-se o entendimento do termo analfabetismo político e como a OSC ajuda os brasileiros a entenderem um pouco mais sobre política. Confira o diálogo completo.

AUPA – Qual é a importância da educação política e como a Politize forma as pessoas?
Mariana Fernandes – Primeiramente, a educação política é fundamental para tomarmos decisões enquanto cidadãos. Não existe a possibilidade de não participar da política, pois as pessoas precisam entender que ela está em tudo, desde as menores ações, como o modo de se vestir, se posicionar, enxergar a sociedade, até grandes ações, como maneiras de votar e melhor, escolher em quem votar. A educação política serve para as pessoas saberem o papel de cada cargo político e entenderem o que uma cidade, um estado e um país precisam.

Entender o valor da democracia e como ela funciona é fundamental para o dia a dia.

A Politize oferece mais de dois mil conteúdos sobre educação política para quem tem ou não internet, além de parcerias com as Secretarias Estaduais de Educação, onde sugerimos que os alunos façam matérias eletivas relacionadas à educação política para aprenderem o papel dos políticos, a história do voto e outros aspectos que envolvem o tema. Disponibilizamos em nosso site um plano de aula sobre política e qualquer professor pode baixar, por exemplo.

AUPA – O que é o analfabetismo político e por que isso acontece no Brasil?
Mariana Fernandes – O analfabetismo político afeta pessoas de diferentes classes sociais, raças e etnias. Trata-se de um problema que atravessa todos os recortes e percebemos a falta de preparo político das pessoas. Ouvimos por muito tempo que política, religião e futebol, são assuntos que não se discute, então, falar sobre política continua sendo um tabu e, assim, muitos não entendem sobre o tema. Não é um assunto que está nas escolas e nas rodas de conversas – e isso está começando a mudar agora.

AUPA – Como a Politize vê os espaços ocupados ou não pelas pessoas minorizadas (mulheres, negros, LGBTQI+s e moradores das periferias) na política?
Mariana Fernandes – Os dados mostram que a representatividade é importante e o quanto isso muda quando as mulheres, negros, grupo LGBTQI+, indígenas, entre outros grupos, estão no poder. A democracia tem a característica de representação da população, e se a população é diversa, a política também precisa ser. Acho que esses grupos minorizados estão começando a ser ouvidos agora, mas ainda é bem pouco.

AUPA – Como articular a população a se engajar politicamente sem que isso tenha relação com partidos?
Mariana Fernandes – As pessoas até têm interesse pela política, mas, como não se sentem representadas ou acham o tema burocrático e difícil, acabam desistindo. Nós da Politize, buscamos mostrar como a política impacta no dia a dia e muda a vida das pessoas. Não é uma atividade feita apenas no Congresso. Mostrar que a política pode, sim, ser didática, interessante e ter histórias inspiradoras de pessoas que fazem uma política correta, é uma forma de engajar a população a participar.

AUPA – O que é preciso mudar no sistema para que mais pessoas se engajem ou se reconheçam nos representantes eleitos?
Mariana Fernandes – A representatividade tem que ser prioritária. Como a população vai se reconhecer nos representantes se eles são diferentes dela? A educação política precisa estar presente na vida dos jovens, criando um novo Ensino Médio, e inserir essa educação para ter uma geração que sabe dos seus direitos e deveres, saiba as funções dos cargos políticos, a história do voto, a importância da democracia e saiba escolher seus representantes.

AUPA – Quais são as novas práticas políticas de inovação e democracia?
Mariana Fernandes – A inovação dos mandatos coletivos. Nessas candidaturas, o vereador eleito compartilha as decisões do mandato com um grupo de pessoas e os grupos minoritários, como as mulheres, por exemplo, estão se fortalecendo dentro da política e isso é muito positivo. Essa nova forma de mandato é um acordo informal entre pessoas de um mesmo partido para ter mais visibilidade política.

AUPA – Qual é importância da democracia? Como isso funciona no Brasil?
Mariana Fernandes – A democracia é fundamental para uma sociedade. É o melhor sistema político que combina representações, participação, entre outros pontos. Podemos ser donos das decisões, eleger pessoas que nos representam, cobrar, falar e ser ouvidos.

AUPA – Como você vê questões como líderes que duvidam dos processos eleitorais e o espalhamento das fakes news?
Mariana Fernandes – A política está muito relacionada com a fakes news e isso prejudica o segmento das eleições. As notícias falsas afetam o processo eleitoral e confundem as pessoas na hora de votar.

Precisamos de disseminação na hora de ler uma notícia, porque as fake news alimentam a falta de conhecimento político e são mais fáceis de serem espalhadas.

Deixe um comentário

Digite seu comentário
Digite seu nome