Organizações que crescem frequentemente começam a realizar diversos projetos simultâneos. É muito comum que os projetos ataquem problemas parecidos, ainda que por óticas distintas. Isso é compreensível, porque as soluções de problemas complexos, como os vividos por organizações de impactos socioambientais, requerem estratégias e intervenções igualmente complexas.

Projetos são a maneira pela qual organizações – sejam OSCs, sejam negócios de impacto, sejam coletivos – orientam suas atividades para alcançar os resultados e objetivos que buscam. Mas, quando múltiplos projetos começam a ser realizados por um mesmo grupo de pessoas, a gestão pode complicar, encarecer, inchar ou até mesmo ficar irreconhecível. E pior: passa-se a ter dificuldades para ver se o problema realmente está sendo resolvido. 

Algumas organizações usam a prática de gestão de programas para tentar organizar este emaranhado de ações, que muitas vezes se interligam e influenciam umas às outras. Temáticas como pobreza, fome, aquecimento global, desastres humanitários, degradação ambiental, injustiça social, violência, dentre outras, não têm causas (e consequências) independentes: a ação de um projeto, pode influenciar – positiva ou negativamente – em outro. 

Os termos “projetos” e “programas” são, na maioria das vezes, usados indistintamente não apenas por organizações sociais, mas também por empresas. Um programa, na perspectiva da gestão de projetos, é um grupo de projetos coordenados entre si para entregar um objetivo relacionado com os objetivos estratégicos da organização que o executa. A gestão de um programa objetiva maximizar os benefícios de múltiplos projetos. Nada mais adequado quando estamos falando de organizações que lidam com problemas que têm múltiplas facetas. 

A ChildFund é uma organização social que orienta seu portfólio de projetos evidentemente seguindo a lógica de programas e de projetos. Como podemos ver em seus relatórios anuais e em seu site oficial, os projetos e o modelo de atuação para a infância e juventude são separados pela idade do público. Para cada programa, definem-se objetivos, metodologias e tecnologias sociais específicas. 

Qual a economia, o ganho de escala, a capacidade de troca e o aprendizado entre os projetos que se é capaz de adquirir quando os profissionais dedicados a uma mesma temática passam a trabalhar juntos? Para a realidade da ChildFund, foi relevante aglutinar os projetos pela idade do público. Em outras organizações, este ganho poderia ser feito, agrupando os projetos por região da atuação: ganhos logísticos poderiam ser o benefício, por exemplo. 

Para além de um ganho de eficiência na implementação de projetos, olhar para um grupo da ChildFund e pensar como eles interagem é dar um salto na visão de impacto de qualquer organização. Um projeto tem prazo determinado para terminar; a transformação que sua teoria de mudança pretende promover garantidamente ultrapassa esse prazo.

As ferramentas de gestão de programas podem ser aliadas para conduzir a teoria de mudança ao caminho – e ao impacto – esperado.

Este texto é de responsabilidade da autora e não reflete, necessariamente, a opinião de Aupa.

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