O tema da inovação é cada vez mais crítico para a sociedade humana. A cada dia, nossa existência é transformada pela introdução de novos produtos, assim como pela forte evolução das soluções já existentes. A internet não existia antes de 1995; as redes sociais e os telefones inteligentes são fenômenos dos anos 2000. E as soluções e os serviços digitais que atendem hoje a milhões de brasileiros, como WhatsApp, Uber, Nubank e iFood, têm menos de dez anos de existência.
Essas inovações acabam por mudar profundamente a vida dos indivíduos e das empresas, para o bem e para o mal. Na perspectiva do consumidor, a inovação costuma significar o barateamento de preços e a melhora da qualidade da provisão. Por outro lado, é comum que a inovação signifique também a “obsolescência tecnológica” de alguns, levando ao aumento do desemprego e à quebra de empresas menos competitivas.
O setor público – e as políticas sociais em particular – têm grande dificuldade de inovar. As formas burocráticas são mais rígidas e a estrutura de incentivos existente faz os funcionários públicos evitarem correr riscos. No entanto, aceitar certo nível de risco é condição básica para a emergência de processos de inovação.
Querendo ou não, a recente crise econômica e social derivada da epidemia de Covid-19 tem mostrado que a incorporação de inovações é também um requisito essencial para as políticas sociais. Mesmo que aos trancos e barrancos, a gestão pública está sendo obrigada a inovar, adaptando-se a uma nova realidade que envolve o uso de recursos, como o ensino à distância (EAD) e a telemedicina. Até recentemente, tais alternativas eram rejeitadas com frequência, enfrentando resistência tanto de gestores como de educadores e profissionais de saúde.
Considerando esses elementos, a publicação tem dois objetivos principais. Primeiro, buscamos conceitualizar os principais aspectos distintivos da inovação pública. Segundo, indagamos de que forma inovações em curso nos serviços privados de saúde e educação no Brasil poderiam contribuir (ou não) para uma agenda efetiva de inovação no âmbito das políticas sociais no país, em especial neste momento delicado que vivemos.
Apresentamos inicialmente uma reflexão mais geral sobre o tema de inovação pública, para em seguida refletirmos sobre como fortalecer esses processos de inovação no contexto de diferentes estratégias governamentais. Ao final, fazemos uma breve conclusão.
* Esta publicação teve por base o capítulo 7 do livro Políticas sociais e startups (Torres, 2020).
** Este texto trata da Introdução de O desafio da inovação pública pós-Covid-19 (2020).
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