Quando a equipe me pediu para escrever este artigo, tentei resgatar os obstáculos que ultrapassamos para chegar até aqui – ao completarmos dois anos de existência como Aupa. Poderia ser uma reflexão sobre a travessia pelo Vale da Morte [ainda se usa esse termo para os empreendedores sobreviventes?]. Mas confesso que pensei mais nas pessoas. Naquelas que nos ajudaram a pensar se fazia sentido, que se debruçaram para desenvolver a plataforma, que discutiram as primeiras pautas, que foram para outros caminhos, que permaneceram e também nas que acabaram de chegar… Parece um “filosofar demais sobre pessoas”, mas é assim que a Aupa nasceu e sobrevive: pelas pessoas e com pessoas que acreditam no Jornalismo e na necessidade de buscar entusiasmo naquilo que produzimos e compartilhamos com outras pessoas. Sim, o setor de impacto ou de negócios de impacto que escolhemos, para dedicar a nossa vocação, é feito de pessoas e para pessoas… Embora, algumas vezes, isso passe despercebido por alguns.

Desbravar e vivenciar o setor de impacto social é lutar e aprender diariamente. Faz-se necessário reconhecer e valorizar a equipe de trabalho, os talentos individuais, bem como conquistar o respeito dos pioneiros do setor, ser validado por institutos e organizações intermediárias, ir atrás de recursos, elaborar projetos e entender o seu papel e o seu lugar. Apesar de tudo isso parecer óbvio, e necessário, a Aupa tem se dedicado a cumprir sua missão colaborando com o setor. Na minha maneira de olhar o dia a dia, e menos o desespero do futuro (embora, o planejamento seja feito), divido aqui que a maior motivação e a persistência em fazer um portal de jornalismo se manter em pé, mesmo diante do cenário incerto que atravessamos com a pandemia, é ver a dedicação da equipe e o foco em busca da inovação.

A Aupa tem um significado forte (a palavra é basca e quer dizer Avante) e lutamos para que seja relevante para quem lê e, principalmente, para quem faz parte dela. Reportagens, entrevistas, notas, seja qual for o tamanho, o tema ou a personalidade da pauta, sempre são construídas a quatro mãos ou, pelo menos, com duas ou mais cabeças pensantes.

Não nascemos para enaltecer atores nem organizações. Nossa missão é questionar e dar luz aos movimentos e às ações que resolvem os problemas socioambientais, às inquietações do setor de impacto social e, principalmente, valorizar os agentes que fomentam o setor, os empreendedores periféricos. Sem as iniciativas de coletivos e líderes das comunidades, o setor seria incapaz de crescer. Por isso é tão significativo também o papel dos intermediários: fundamental para levar recursos e ensinamentos aos que mais necessitam.

E acredito que nossa posição está aí: ser intermediário em um setor em expansão, que atrai cada vez mais pessoas com o propósito de colaborar para um mundo mais igualitário, que não ignoram a desigualdade e lutam para que as oportunidades sejam para todos. Que continue fazendo sentido e atraia mais pessoas para o debate (mesmo para divergir sobre os caminhos). A pandemia e as mudanças necessárias, que emergiram nos aspectos humano e profissional, ressaltam ainda mais a atuação dos intermediários que fazem as doações chegarem às pessoas em situação de maior vulnerabilidade. Bom seria se o “tapinha nas costas” se transformasse em apoio financeiro, importante para que todos os intermediários possamos seguir, focados em impulsionar os empreendedores e colaborar com o desenvolvimento do setor.

A Aupa é um convite para quem quer discutir e compartilhar conhecimentos. Acho que eu sou assim também. Gosto de discutir=conversar e compartilhar=dividir o que aprendi com as pessoas. Gosto de abraços também. Acho que, minha melhor contribuição nesses dois anos da Aupa, foi ter empatia e resiliência. Gratidão é minha palavra por essa oportunidade de conhecer pessoas com coração nobre, que me ensinam muito a interpretar as variáveis dessa jornada, que é longa e desejo que seja positiva.

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