Nos dias 30 e 31 de julho, a Academia ICE (Instituto Cidadania Empresarial) realizou o Encontro Nacional 2020 totalmente on-line para docentes da rede de todo o país. Com o tema Ensino Superior e o “Melhor Normal”: Novos paradigmas para inovação e impacto social, os participantes foram convidados a refletir sobre o cenário atual do país.
“Os professores estão reinventando o amanhã na academia. Rapidamente, nos trouxeram que os desafios vão para além da tecnologia do ensino à distância, mas, também, envolvem a dificuldade de alunos que não conseguem assistir às aulas porque estão perdendo familiares”, comenta Célia Cruz, diretora executiva do ICE, na abertura do evento.
Adriana Mariano, gestora da Academia ICE, ressaltou como a temática de inovação e empreendedorismo social tem ganhado espaço nas universidades. Em 2019, a rede impactou 4.000 alunos e cerca de 12.000 pessoas em atividades de extensão.
“A verdade é que antes da pandemia já vínhamos enfrentando desafios para construirmos um Brasil melhor. A ideia do encontro é pensar em como vamos construir o ‘melhor normal’ no mundo pós-pandemia”,
afirma Adriana Mariano.
O primeiro painel foi mediado por Diogo Quitério (coordenador da Aliança pelo Impacto) e contou com a participação de João Souza (presidente do Fa.vela), Tatiana Schor (secretária executiva da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas) e Vivianne Naigeborin (superintendente da Fundação Arymax). O painel trouxe para os professores uma perspectiva da prática de negócios de impacto por meio de quem atua no ecossistema.
Dentro do contexto de negócios de impacto social, João Souza, apresentou o trabalho de sua organização, que tem como objetivo ser uma vela para ajudar a impulsionar empreendedores periféricos e não para ensiná-los a empreender.
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“Quando partimos apenas de pressupostos teóricos acabamos produzindo mais a exclusão, pois determinamos que, para a pessoa estar à frente do negócio, ela precisa ter acesso a alguns conhecimentos”,
reflete João sobre a importância de ouvir pessoas que têm diferentes saberes.
A organização social Fa.vela, de Belo Horizonte, atua para promover a diversidade e o desenvolvimento social, ambiental e econômico, por meio do empoderamento de grupos e territórios vulnerabilizados.
Para Tatiana Schor, é necessário compreender a importância da formação política para os negócios de impacto.
“Vimos o exemplo de Paraisópolis, que lidou com a Covid-19 melhor que muitos governos. Isso é um longo e extenso trabalho de formação política junto com a ideia de empreendedorismo”,
afirma Tatiana.
Tatiana ainda ressalta a importância de olhar os lugares considerados periféricos de outra perspectiva. “Para nós, aqui no Amazonas, a bioeconomia é um negócio de impacto. Temos que pensar no valor que a renda será distribuída na cadeia. Não podemos ter um processo que mantenha a desigualdade”, comenta.
Quando se fala em impactos advindos da pandemia, a inclusão produtiva é uma preocupação para os mais vulneráveis. Neste sentido, Vivianne Naigeborin abordou a perspectiva da Fundação Arymax, que, após pesquisas dos temas prioritários para o país, decidiram direcionar esforços para a temática da inclusão produtiva.
“Incluímos nosso apoio emergencial aos pequenos negócios. Que, a princípio, não eram negócios de impacto. Vamos pensar em pet shop, bares e restaurantes, ruralistas. São negócios que garantem emprego”, afirma Vivianne.
A programação do encontro também contou com a participação de Alex Nicholls, Professor Titular em empreendedorismo social na Universidade de Oxford e fundador do Skoll Center for Social Entrepreneurship/Saïd Business School.
O docente abordou alguns tópicos que devem gerar pesquisas pelos professores quando se fala em impacto e, entre eles, estão: diversidade, racismo, desigualdade, economia circular, entre outros.
A importância de parcerias entre América Latina e Europa para fomentar o ecossistema foi discutida. “Precisamos de um grupo de pessoas preparadas a dedicar a criação de uma conferência, as ferramentas e levantar dinheiro. É um trabalho duro, precisamos de pessoas que queiram fazer acontecer”, reflete Alex.
Todas as imagens usadas neste reportagem são do período anterior à pandemia causada por Covid-19. Créditos das imagens: ICE.