Empreendedores e pessoas das periferias do país terão a oportunidade de conhecer mais sobre negócios de impacto social por meio do projeto Crescendo em Rede, da organização Aventura de Construir. As inscrições podem ser feitas neste link até o dia 9 de agosto.

O objetivo central do projeto é capacitar e assessorar pessoas da base da pirâmide, sejam elas empreendedoras ou não, para que possam atuar com negócios de impacto social em seus territórios. São 100 vagas para pessoas que lideram negócios ou querem iniciar a jornada empreendedora.

Um dos diferenciais do Crescendo em Rede é a proposta da democratização do conhecimento sobre empreendedorismo social antes de delimitar quem receberá investimentos. 

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A programação do projeto conta com seis semanas de oficinas, quatro semanas de assessorias em grupo, seis semanas de assessorias individuais e um edital que premiará oito projetos com valores entre R$3.000 e R$10.000 a serem investidos nos empreendimentos. As capacitações acontecerão no ambiente virtual pensando também na acessibilidade de conexão dos participantes. 

Neste contexto pandêmico, Silvia Caironi, fundadora e coordenadora geral da Aventura de Construir, ressalta a importância de um projeto como esse. “As periferias precisam pensar em uma lógica social. A ideia é democratizar para o maior número de pessoas e o afunilamento final será no edital. O nome Crescendo em Rede veio para crescermos juntos, principalmente em um momento como esse, vamos sair como nós e não individualmente”, afirma Silvia. 

A trilha que os participantes seguirão envolve tratar todos os temas relacionados ao universo de impacto, depois os problemas das comunidades e, a partir disso, identificar soluções e como elas se tornam um negócio, pensando também na sustentabilidade. 

Como fazer
Antes de desenvolver o projeto, a Aventura de Construir já havia identificado que, entre os microempreendedores, estavam surgindo negócios de impacto. Com isso em mente, em novembro do ano passado, realizaram o evento Protagoniza Aí. Na programação, além das palestras, o foco foi dar voz aos microempreendedores para que eles contassem as iniciativas de impacto, assim como promover possíveis parcerias por meio de rodadas de negócio. 

“Nesse evento, se tornou mais evidente que precisávamos fazer um trabalho mais consistente para ajudar os microempreendedores que querem desenvolver negócios de impacto social”, afirma Silvia. 

Em uma conversa com Edgard Barki, coordenador do Centro de Empreendedorismo da FGV EAESP (FGVcenn), surgiu a ideia de fazer um processo diferente que, ao invés de afunilar os acelerados no início, tivesse uma disseminação do conteúdo para depois seguir com o afunilamento.

Com a ideia central, a Aventura de Construir teve o apoio do Insper e da Catálise Social para desenvolver a metodologia. O Design Thinking é o método que suporta as atividades do Crescendo em Rede. Na prática, o design ajuda a entender problemas e pensar em soluções por meio de dinâmicas, reflexões internas e atividades.

É muito comum que pessoas distantes das realidades periféricas criem negócios para esse público. A proposta do Crescendo em Rede é o contrário disso. “A intenção com o design é que as próprias pessoas que sofrem o problema possam criar  soluções para ele”, diz Tomaz Vicente Santos, co-fundador da Catálise Social. 

Trazer o design para a frente das soluções é a premissa da construção do projeto.“Temos uma natureza muito comum de pensarmos soluções de formas precipitadas, somos enviesados por experiências passadas, tecnologias que somos mais familiarizados, o que nos leva a trazer soluções prontas. O design nos convida para entender o problema”, reflete Vinícius Picanço, professor de Operações e Sustentabilidade do Insper e também responsável pela metodologia do Crescendo em Rede. 

Além disso, os responsáveis pela metodologia afirmam que a empatia, o processo de diálogo e a escuta são os principais norteadores das oficinas, que também terão como base os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da ONU.

Case
Até 2019, a Aventura de Construir já havia impactado indiretamente mais de 32.500 pessoas e diretamente 6.500 pessoas, segundo dados do relatório de atividades 2019. Ainda, no mesmo ano, 54 capacitações foram feitas. 

O agricultor Edvaldo dos Santos é um dos impactados pelo trabalho da rede. Por meio de uma amiga, conheceu a Aventura de Construir, quando  estava em uma fase de mudança de carreira. 

O empreendedor Edvaldo dos Santos. Créditos: Arquivo Pessoal.

Edvaldo dos Santos participou de assessorias específicas para impulsionar seu negócio. “Além das orientações precisas para o campo do empreender, no começo do ano passado, tivemos um encontro sobre o edital da ANIP e nos inscrevemos”, comenta o empreendedor. 

Outro passo importante foi a inscrição para o financiamento do Matchfunding Enfrente. Com a seleção no projeto, o agricultor conseguiu recursos para desenvolver uma proposta de fornecimento de hortaliças para lugares periféricos, impactados pela Covid-19, próximo ao território em que ele está inserido, localizado na Chácara Maria Trindade, km 28 da Anhanguera, entre Cajamar e Perus.

O produtor rural irá fornecer 1.500 hortaliças orgânicas, que alimentará 1.500 famílias e mais de 4.500 pessoas, além de empregar 10 pessoas afetadas pela crise próximas ao empreendimento.

Esse é um exemplo de negócio de impacto, já que os alimentos serão doados para a população mais vulnerável.

A Aventura de Construir ainda apoiou Edvaldo em uma oportunidade para fornecer ao Carrefour, que também impactará positivamente na renda do produtor. 

“Cada um de nós, agricultores, temos uma realidade e uma individualidade. Mas tenho falado pra eles sobre a Aventura de Construir para surgir uma relação mais próxima”, compartilha Edvaldo.  

A imagem de capa é do período anterior à pandemia causada por Covid-19. Créditos da imagem: Victor Guerra/Aventura de Construir.

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