Episódios contam cinco histórias de potências comunitárias
Conheça e inspire-se em lideranças comunitárias, empreendedores sociais e ativistas climáticos que estão fazendo a economia solidária acontecer nas quebradas de São Paulo. Aprenda com 5 experiências bem sucedidas de coletivos, movimentos e organizações que atuam com gastronomia, moradia, meio ambiente e cultura dentro dos bairros com as comunidades. Inspire-se nas histórias de Amanda Costa, Dj Bola, Ana Nascimento, Edson Leite e Claudia Garcez e conheça como eles transformam seus territórios.
Episódios foram gravados em formato de entrevistas em áudio e estão disponíveis em plataforma EAD que ainda permite acessar outros conteúdos, fóruns de debate e certificado. Conheça os temas e as potências comunitárias:
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A juventude da quebrada contra a crise climática – 23 min – Amanda Costa
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A arte e a cultura das ruas e a voz dos bairros – 25 min – Dj Bola
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Quem tem direito a um teto para morar? – 34 min – Cláudia Garcez
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Gastronomia da quebrada, vegana e sem desperdício – 19 min – Edson Leite
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Mulher, trabalho e renda da periferia – 23 min – Anna Nascimento
Projeto é uma realização da Casa Gernika junto com a Aupa. Acesse e conheça mais
Instituto Claro produziu seu relatório de 2022 com a Aupa
Para dar transparência sobre sua atuação no ano de 2022, o Instituto Claro contratou a Aupa para publicar seu relatório anual de atividades. Após concorrência entre diversas agências, o braço social da empresa Claro no Brasil criou a versão on-line no formato hotsite e relatório de 40 paginas com resultados o impacto socioambiental das empresas.
Para conhecer o relatório e os projetos acesse este link
Aupa publica relatório de 20 anos do Instituto Votorantim
O Instituto Votorantim completou vinte anos em 2022, e a história da trajetória de duas décadas de impacto é compartilhada em seu relatório anual que ganhou edição especial comemorativa produzida pela equipe Aupa. A edição traz os resultados do ano e apresenta a evolução da atuação de um legado de soluções socioambientais.
Conheça e acesse o relatório neste link
Aupa cria projeto de inglês decolonial para British Council
Muito mais que uma língua que marcou a história no Brasil Império, o inglês foi um idioma de lutas e superação no país. Uma língua que ajudou a emancipação de mulheres e lideranças negras e fomentou transformações sociais. A língua inglesa, por exemplo, permitiu o contato entre as primeiras feministas do país e as ideias modernas de democracia e igualdade em debate nos dois últimos séculos. Foi também o idioma que comunicou as revoluções do século XIX a intelectuais e ativistas brasileiros. Mais que isso, hoje se mantém como o idioma mais falado no mundo – e a maioria de falantes nem tem o inglês como primeira língua. O inglês, enquanto língua franca, pode abrir fronteiras e expandir a mobilidade social e internacional de pessoas e culturas. Uma história que o projeto Trajetórias da Língua Inglesa no Brasil busca contar.
O projeto nasce da iniciativa UK-Brazil Skills For Prosperity (UKBR-SFP), um consórcio formado pelo British Council e o governo britânico em conjunto com organizações do terceiro setor com experiência em educação: a Fundação Lemann, a associação Nova Escola e o Instituto Reúna. O projeto foi concebido por especialistas, professoras, professores e rede de educadores de língua inglesa no país e é apresentado em formato online e mapa impresso. O site traz uma área com a linha do tempo de um recorte da história da língua inglesa no Brasil. A narrativa aqui apresentada buscou compreender a presença da língua inglesa no Brasil em uma perspectiva mais ampla e inclusiva, que não se restringe a uma visão eurocêntrica da história. São mais de 100 fatos históricos em textos curtos e didáticos, com hyperlinks que trazem metodologias de ensino, reformas educacionais, entre fatos e curiosidades. O objetivo é estimular a reflexão sobre os caminhos do ensino da língua inglesa no país e fornecer um panorama histórico sobre a trajetória do idioma no Brasil nos últimos 200 anos. A intenção é trazer o assunto para o debate em outros fóruns, seja na sala de aula ou fora dela.
Além da linha do tempo, o website traz ainda histórias sobre nove personagens, entre mulheres, negras e negros que ajudaram, de alguma forma, a fomentar o inglês no Brasil. Figuras históricas brasileiras romperam preconceitos e tiveram obras publicadas na língua inglesa, contribuindo para a difusão da cultura nacional no mundo através da literatura, ciência e música. Por exemplo, sabia que Maria Firmina foi a primeira mulher romancista negra a tratar o abolicionismo e que sua obra Úrsula (1859), foi traduzida apenas em 2020? E que a ativista feminista brasileira Bertha Lutz se inspirou em tratados e movimentos em inglês pelo voto feminino para realizar as suas iniciativas no Brasil? Essas, e muitas outras narrativas estão presentes ao longo de mini biografias de 9 grandes personalidades da trajetória do idioma no Brasil. A história viva contada a partir da vida e das transformações históricas de mulheres, negras e negros.
O projeto traz, ainda, três entrevistas com lideranças atuantes e engajadas na promoção de um inglês em uma perspectiva decolonial. Um dos conteúdos traz o perfil de Janaína Cardoso sobre o potencial libertador do inglês, se usado em uma perspectiva de língua franca. Janaína é doutora e pesquisadora sobre a língua inglesa no Brasil. É a primeira mulher negra a ocupar o cargo de diretora da Faculdade de Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), além de ter sido professora universitária de Anielle Franco, irmã de Marielle Franco e atual Ministra da Igualdade Racial. Outra entrevista traz o relato de duas jovens negras envolvidas no projeto #ElasNasEscolas, iniciativa com estudantes negras em Brasília e suas cidades satélites, que buscou democratizar saberes sobre como ter acesso às oportunidades de participação na sociedade para meninas negras de escolas públicas. O projeto foi apoiado por outra ação do UK-Brazil Skills for Prosperity, a chamada “Meninas que Vão Além”. Há ainda entrevista com a professora Marieli Pereira, educadora que leciona aulas de inglês antirracista na periferia de Salvador e escreveu livros didáticos para desconstruir estereótipos e inspirar estudantes a aprender inglês.
O conteúdo do site Trajetórias da Língua Inglesa no Brasil propõe compreender a presença do idioma no Brasil em um contexto social influenciado pelo processo de colonização e opressão. A linguagem é uma ferramenta importante que pode ser usada para perpetuar ou combater relações sociais opressivas, e a compreensão da presença do ensino do inglês no Brasil se faz necessária para a consciência da sociedade atual. A abordagem amplifica as vozes des grupos sociais historicamente oprimidos e invisibilizados, incluindo mulheres, negras, negros, população LGBTQIAP+, deficientes e outros grupos sociais minorizados.
O projeto ainda prevê a impressão e distribuição de um mapa em versão resumida da linha do tempo – e disponível em versão digital para download – que pode ser colocado em salas de aula das escolas, estimulando o saber a respeito do inglês, em uma perspectiva decolonial. O objetivo é que pessoas, especialmente minorias de direitos, consigam se ver como parte da história do inglês no Brasil. Para além de impérios e para além dos ingleses e estadunidenses.
No vácuo de empresas e governos, soluções socioambientais estão nas mãos das pessoas
Os desafios socioambientais nas periferias de cidades grandes são muitos. Falta de espaços verdes, dificuldade para comprar alimentos sustentáveis, grandes distâncias entre emprego e trabalho, entre outros. São problemas antigos que perpassam diversas gestões e gerações, muitos deles causados, em parte, pela própria ação conjunta entre entes públicos e privados. Para solucioná-los, no entanto, as posturas oficiais são insuficientes. Sobra para organizações autônomas buscarem formas de preencher o vácuo, a partir das realidades das próprias pessoas, de baixo para cima e das periferias para o centro.
Tem gente com fome
Um dos maiores problemas socioambientais no Brasil é a fome. Segundo levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), quase 60% dos brasileiros passam por algum grau de insegurança alimentar. Além disso, segundo o mesmo levantamento, a região Sudeste é a com maior contingente de pessoas que passam fome, com destaque para o estado de São Paulo, com 6,8 milhões de pessoas nessa condição. No centro do avanço da fome, está a alta no preço dos alimentos. Nos últimos 36 meses, os valores subiram em 37%.
As razões para os preços altos são diversas. Mas uma delas, que recebe pouca repercussão, diz respeito à concentração fundiária no Brasil. Ocorre que, segundo levantamento da OXFAM Brasil, quase metade das terras pertencem a 1% da população, em regra para produção agressiva, geralmente em sistema de monocultura para a exportação, e com o uso de práticas muitas vezes insustentáveis. Pequenas propriedades, por outro lado, ocupam parcelas de terra muito menores e produzem cerca de 70% dos alimentos consumidos no país. Há pouca terra para a agricultura familiar e produção de alimentos no Brasil.
E a competição por terra entre a pequena e grande propriedade é uma realidade. Segundo o Censo Agropecuário do IBGE, em 2017, 2,2 milhões de postos de trabalho da agricultura familiar foram perdidos por conta da mecanização e do aumento da concentração fundiária. Isso ocorre, em parte, com apoio do governo, que parece priorizar a produção agrícola de larga escala para exportação. Apesar das condições de empréstimo público para pequenos produtores oferecerem taxas de juro um pouco mais baixas, a maioria dos créditos agrícolas (R$ 203 bi vs R$ 33 bi) são direcionados a médias e grandes propriedades (e não às pequenas que produzem a maior parte dos alimentos).
Segundo a opinião de pequenos agricultores, essa falta de cuidado e investimentos impacta negativamente o preço dos alimentos. “Com a queda drástica no investimento para o setor, já prevíamos que haveria um desabastecimento. Temos alertado isso desde 2017. Desde então, nós vimos a área produzida, a produtividade e os estoques públicos caírem. É a crônica de um desastre anunciado” avalia, em entrevista para o jornal Metrópole, o frei Sérgio Görgen, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Ou seja, em suma, a ação de grandes fazendas privadas, em conjunto com a política pública de empréstimos, é um dos fatores que contribui para o avanço da fome no Brasil.
Movimentos contra a fome
O próprio MPA se esforça para mobilizar a produção agrícola em pequenas propriedades produtoras de alimentos. Agem contra a corrente para promover a alimentação no Brasil. A partir do projeto Plano Camponês, por exemplo, organizam a luta por uma política pública diferente, baseada em uma transição agroecológica, com uma agricultura com menos agrotóxicos, maior respeito pela natureza, e coordenada a movimentos indígenas, ribeirinhos e quilombolas. Para além da pressão política, organizam trocas, oficinas e cursos entre pequenos agricultores para fomentar a produção sustentável de alimentos. Ou seja, não apenas demandam ações do poder público, mas também mostram como a pequena agricultura poderia funcionar, da base para o topo.
Outro movimento que atua em sentido parecido é o MST (Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra). A organização possui como missão histórica a luta pela reforma agrária. Isto é, pela redistribuição de terras agrícolas, no sentido de o problema da concentração fundiária que, como visto, impacta nos preços dos alimentos. Além de oficinas e mobilizações no campo pelos direitos dos pequenos agricultores, o movimento se consolida como o maior produtor de arroz orgânico na América Latina. Mas a luta enfrenta resistência de forças públicas e privadas. “Nos últimos 40 anos foram assassinados no campo quase 2 mil trabalhadores rurais, lideranças, jornalistas e deputados que apoiam a reforma agrária” comenta João Pedro Stédile, coordenador nacional do MST, em entrevista para o Canal UOL.
Nas cidades, também, coletivos se mobilizam por comida e pela natureza. É o caso, por exemplo, do Coletivo “Autonomia Zona Norte“. O grupo nasceu durante a pandemia da covid-19. É uma união entre o Coletivo Do Estradão, que há 5 anos cultiva uma floresta urbana na comunidade do Jardim Filhos da Terra – Serra Pelada; e o Coletivo Cestas ZN, grupo de consumo responsável e periférico. Entre as ações desenvolvidas pelo coletivo, está a promoção do plantio agroecológico e o oferecimento de cestas e almoços à população periférica. Assim buscam contribuir para promover a sustentabilidade e reduzir a fome na periferia da Zona Norte de São Paulo.
Outro exemplo de ação nascida na periferia contra a fome e por agricultura sustentável, é o restaurante vegano Da Quebrada. O local compra todos os seus insumos de iniciativas agroecológicas de periferia, utiliza integralmente os vegetais utilizados, além de oferecer treinamento gastronômico, responsável e justo, a mulheres de baixa renda de periferia, sempre de forma a priorizar o compromisso social sobre o lucro.
A natureza como produto
Outro grande problema socioambiental, especialmente em cidades grandes, se dá pelas temperaturas altas e oscilantes. Estas, também parecem fruto do formato de desenvolvimento e uso dos recursos públicos. As ilhas de calor, fenômeno ambiental que afeta cidades grandes como São Paulo, são um fenômeno urbano fruto de poucos espaços verdes e da poluição exacerbada. Em São Paulo, conforme análise da Revista de Geografia da USP (GEOUSP), o desenvolvimento da cidade priorizou áreas verdes em regiões de maior poder aquisitivo. “áreas [verdes] estão concentradas na zona central de São Paulo, sobretudo em áreas de melhores níveis socioeconômicos. Neste sentido, [o geógrafo Aziz] Ab`Sáber (2004b) relata a insuficiência de espaços verdes na periferia da metrópole paulista em contraste às áreas mais nobres “, diz trecho do artigo. Como visto, a ausência de áreas verdes intensifica o problema das ilhas de calor. Como a concentração delas está em áreas mais nobres, o problema ambiental acaba, também, afetando mais as pessoas mais pobres em periferias.
A concentração de áreas verdes ocorre, em parte, devido à especulação imobiliária. Segundo outro estudo do GEOUSP, na cidade “onde a natureza se torna rara (…) o acesso a este ‘recurso’ [,as áreas verdes,] ou ‘bem’ se torna extremamente elitista e definido em função do poder econômico. A natureza, que deveria ser um valor de uso, se torna um valor de troca no mercado imobiliário. Desta forma, a natureza na cidade, para o mercado imobiliário, se torna apenas um atrativo financeiro”. Ou seja, os espaços verdes se tornam atrativos para vender imóveis de alto padrão. Aos mais pobres, que não podem pagar por este produto, parece restar a selva de pedra.
Muito disso ocorreu com o auxílio de recursos públicos. Programas que deveriam auxiliar os mais pobres, como o “Minha Casa, Minha Vida”, por exemplo, podem ter sido desvirtuados e expandido a especulação imobiliária. É essa a opinião de Ermínia Maricato, uma das mais experientes urbanistas do país e secretária executiva do Ministério das Cidades nos primeiros anos do governo Lula. “Tivemos um movimento imenso de obras, mas quem o comandou e definiu onde se localizariam não foi o governo federal, e sim interesses de proprietários imobiliários, incorporadores e empreiteiras”.
Em São Paulo, o problema da especulação imobiliária continua atual, e reforçado pela ação do poder público. Nesta quinta, dia primeiro de junho, foi aprovado na Câmara Municipal da cidade, em primeira votação, a revisão do plano diretor estratégico, lei que determina diretrizes para o desenvolvimento urbano da cidade. A aprovação está sendo criticada por urbanistas e movimentos sociais. Principalmente por eles entenderem que o texto favorece a especulação imobiliária em detrimento da população mais pobre. Se esse for o caso, parece pouco provável que áreas verdes deixem de ser tratadas como um produto para os mais ricos.
Resumindo o circuito que promove as ilhas de calor, projetos de moradia e a leniência da administração pública acabam por servir à especulação imobiliária que, por sua vez, agrava a concentração de áreas verdes em algumas áreas nobres, e prejudica o bem estar em regiões mais pobres. Ou seja, tem-se, novamente, a junção da ação pública e privada, no sentido de servir a um ideal de desenvolvimento urbano e econômico às custas da população pobre das periferias.
Esse mesmo desenvolvimento que priorizou a especulação imobiliária, também contribuiu para grandes distâncias entre trabalho e moradia, especialmente para a população mais pobre. Segundo estudo da USP (Universidade de São Paulo), em São Paulo, 70% das pessoas gastam mais de uma hora no trajeto entre residência e trabalho. Além disso, apenas 16% dos postos de trabalho com trajetos a menos de uma hora são ocupados pelas faixas com menor renda. Conforme fala em entrevista para a Revista Exame do professor pesquisador da USP Jaime Tadeu Oliva, que pesquisa sobre a temática,
“A cidade de São Paulo é muito espalhada e o estado não intervém para impedir a especulação imobiliária que encarece o centro. (…) A periferia fica cada vez mais distante.”
Aqui, novamente, a ação de coletivos de baixo para cima parece resistir. O Autonomia Zona Norte, por exemplo, Nasceu de uma floresta urbana, na periferia de São Paulo. O grupo cultiva os seus alimentos em sistema agroflorestal que auxilia na preservação de trecho de área verde de Mata Atlântica em região periférica. Além disso, realizam projetos como o POT (Programa Operação-Trabalho), que estimula pessoas de baixa renda desempregadas a buscarem emprego em iniciativas agroecológicas, inclusive mais próximas de seus locais de residência. Ou seja, lutam pela mudança a partir da base.
O público e o privado
Em resposta a esses problemas socioambientais, há iniciativas públicas para tentar dirimi-los. Mas as ações claramente não são o bastante. O que se pode constatar de uma maneira muito simples: a maioria desses problemas não são novos. Como visto, já desde 2004 o geógrafo Aziz Ab’Saber denunciava a concentração de espaços verdes em áreas nobres em São Paulo. Quanto à fome, apesar do problema recentemente ter se intensificado, a concentração fundiária que contribui para ela é uma questão de séculos de história, já presente desde a colonização e das “capitanias hereditárias”, estabelecidas em modelo de grande produção agrícola voltada para a exportação. A iniciativa pública, realmente, parece não dar conta de solucionar estes problemas. E no centro da ineficiência temos, mais uma vez, responsabilidade do governo em conjunto com grupos particulares.
Segundo relatório de 2010 do próprio Tribunal de Contas da União, é possível que fraudes em licitações entre o público e o privado, estejam no centro de boa parte da inércia pública em solucionar os problemas da população. “A Controladoria-Geral da União tem identificado que o principal tipo de corrupção na execução dos recursos públicos é a fraude em licitações e contratos, em geral com o uso de empresas inidôneas”, conclui o relatório. Desde o relatório medidas teriam sido tomadas para coibir futuras fraudes. Mas é possível que elas não tenham sido o suficiente. Por exemplo, em 2020 o Ministério Público acusou, em São Paulo, o que parecem ter sido fraudes nas licitações entre a capital do estado e as empresas privadas de ônibus da SPTrans. O valor do suposto ilícito poderia chegar a 1,8 bilhões de reais. A apuração da reportagem não conseguiu encontrar sanções resultantes dos processos. Vale lembrar que a questão da mobilidade urbana está no centro de como a população, especialmente nas periferias, se relacionam com a cidade. Inclusive com os espaços verdes.
Soluções de baixo para cima
Se o público e o privado falham em sanar os problemas das cidades, coletivos autônomos e populares se mobilizam para preencher o vácuo. Mas isso não significa, necessariamente, deixar de cobrar responsabilidade do poder público. É o que demonstra a ação de grupos como o “Perifa Sustentável“. O coletivo busca mobilizar a ação da juventude periférica, em favor de soluções capazes de atender às demandas das periferias brasileiras. Algumas das ações do grupo incluem mobilizar protestos, iniciativas de voluntariado e ações diretas da população organizada em nome de sustentabilidade social e ambiental. O grupo busca, entre seus propósitos, demandar ação do poder público. Mas não se trata de “confiar” que as instituições trarão as respostas por conta própria. E sim de cobrar e propor soluções efetivas para problemas que, no fundo, o próprio governo ajudou a criar.
É difícil superestimar o poder de ação e mobilização de iniciativas populares. São muitos coletivos autônomos dedicados em promover a mudança socioambiental de baixo para cima. E quando esses coletivos se unem, o potencial de mudança pode ser amplificado. Por exemplo, a Autonomia ZN recentemente promoveu a venda de suco de uva produzido pelo MST, grupo organizado por pequenos agricultores. Isso fortalece o poder desses produtores que, no Brasil, como demonstrado, produzem a maior parte dos alimentos. O Perifa Sustentável, por sua vez, recentemente aceitou um convite da ONG Greenpeace para participar de uma websérie sobre iniciativas sustentáveis. O Greenpeace possui grande tamanho e repercussão e, ao produzir materiais do tipo, ajuda a divulgar e amplificar o potencial de mudança de iniciativas menos conhecidas. Em ambos os casos, tem-se a construção entre grupos autônomos dedicados em lutar por mudanças a partir da base, de baixo para cima e das periferias para o centro.
Os problemas socioambientais no Brasil parecem seguir um padrão: foram criados, ao menos em parte, a partir da ação conjunta entre Estado e grandes grupos privados. A busca por soluções para os problemas socioambientais pode ter como ponto de partida as periferias e a população colocada em situação de carência. Há potencial de transformação eco-social em larga escala. Seja a partir de ações coordenadas entre vários projetos, ou mesmo a partir da cobrança e articulação com o poder público. Mas se não houver organização e pressão a partir da base, pode ser pouco provável que haja força política e social para promover as mudanças que o povo precisa. Se quisermos criar um mundo que funcione para todas e todos, precisamos ter algo claro em resposta aos grandes desafios: a solução está nas mãos da população.
Carros elétricos ainda são carros
Muitos pensam nos carros elétricos como alternativa verde para o transporte de pessoas. E é fácil entender os atrativos. Realmente, eles são menos poluentes que veículos a combustão, e oferecem um horizonte de conforto individual em cidades urbanas. Mas a necessidade de produzir energia elétrica adicional para a demanda dos carros, a constante expansão do tamanho das cidades em consequência dos veículos individuais, e o direcionamento de recursos que poderiam ser investidos em outras opções de transporte, tornam os carros elétricos “lobos em pele de cordeiro”. Longe de uma panaceia, arriscam diluir a luta ambiental.
Desde a virada do século 20, carros são símbolos de modernidade, velocidade e liberdade individualista. Segundo o renomado sociólogo David Gartman, em nenhum país isso se deu com tanta força como nos Estados Unidos. “O automóvel há muito deixou de ser um veículo para transportar passageiros daqui para lá, e tornou-se uma personificação dos sonhos e desejos americanos – por liberdade, progresso, individualidade.” Diz ele em estudo. Mas esse universo de promessas mascara um problema muito grave. Segundo o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU) cerca de 20% das emissões de gases do efeito estufa no mundo se devem a veículos a combustão.
A indústria automobilística, recentemente, começou a prometer uma solução para os problemas que ela mesma ajudou a criar. Carros elétricos aparecem como panacéia. A energia que os move pode vir de fontes limpas, em teoria reduzindo a pegada de carbono. Além disso, prometem ser mais rápidos, confortáveis e seguros. Mas assim como na virada do século XX, aqui também se escondem algumas consequências.
Corrida do lítio
Em primeiro lugar, as baterias de carros elétricos necessitam de lítio, um minério extraído de forma extrativista. No presente, apesar de existirem grandes reservas de lítio, não há minas operando o suficiente para prover toda essa demanda. E construir novas minas para extrair mais lítio poderia tomar tempo. Segundo estudo da analista de dados Hannah Ritchie “Atualmente, o mundo não tem capacidade de produção em operações de mineração para atingir esse nível. E o problema é que o tempo mínimo para construir minas de lítio é de quatro a cinco anos”. Considerando a urgência da questão climática, é válido perguntar se temos o luxo de esperar esse tempo.
Além disso, as baterias de lítio possuem uma vida útil e precisam ser trocadas a partir de 15 anos depois do primeiro uso. Isso pode parecer bastante, mas significa que o problema de extração de lítio tende a ser permanente. Sempre haverá a necessidade de se extrair mais lítio. Reciclar as baterias também é um processo muito custoso, a ponto de hoje apenas 1% do lítio de baterias ser reciclado. Isso posto, é sempre possível que a indústria inove. Que descubra alguma tecnologia nova capaz de substituir o lítio de forma eficiente, ou formas mais baratas de reciclá-lo. Mas até lá, um futuro de carros elétricos para todos pode ser apenas uma fantasia (e produto de consumo).
A energia que nos move
Mas mesmo que a indústria encontre formas de prover a demanda, a transição para carros elétricos necessitaria de um aumento significativo na produção de energia. Segundo o grupo de análises e pesquisa, USA Facts, este aumento deve representar algo entre 20% e 50% da energia para promover a transição nos Estados Unidos. Lá, segundo fontes oficiais, a matriz elétrica é 60% dependente de combustíveis fósseis. Uma expansão na demanda elétrica precisaria corresponder a um aumento na participação de fontes limpas e renováveis na matriz. Apesar de ocorrerem alguns ganhos neste sentido, muito mais precisaria ser feito para garantir fontes limpas de energia para os carros elétricos. Segundo relatório de 2022 das Organizações das Nações Unidas, apesar de algum progresso tímido, “a transição energética global que o mundo esperava simplesmente não está acontecendo.”
Mesmo no Brasil a questão é um problema. Atualmente, no Brasil, boa parte da matriz elétrica vem de fontes relativamente limpas, principalmente a hidráulica. Mas com as secas (possivelmente amplificadas pelo aquecimento global), mais usinas termelétricas movidas a combustíveis fósseis estão sendo construídas. Entre 2020 e 2021, por exemplo, as emissões de gases de efeito estufa de usinas termelétricas cresceram 75% para suprir o aumento da demanda de energia elétrica no Brasil. Segundo estudo do IEMA (Instituto de Energia e Meio Ambiente) com esse aumento “a participação de fontes fósseis para geração de eletricidade no Brasil passou de 15%, (…) para 20%”. Um consumo maior de energia elétrica, a partir de carros elétricos, por exemplo, poderia significar mais tensão em um sistema que já não dá conta de prover de forma sustentável.
E não há “solução mágica” no horizonte. Hidrogênio verde, por exemplo, é uma fonte secundária de energia, conforme guia explicativo da empresa pública EPE (Empresa de Pesquisa Energética). Isso significa que ainda precisa ser gerado a partir de outras fontes de energia elétrica. E cada forma primária de produção de eletricidade contém seus desafios. Por exemplo, a biomassa que compõe uma fração relevante da energia elétrica em São Paulo, requer áreas para plantio de matéria orgânica, o que pode contribuir para a degradação ambiental, conforme estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Não se trata aqui de desmerecer a geração de energia limpa. Segundo o estudo supracitado da ONU, a transição energética será fundamental se quisermos sobreviver às mudanças climáticas. Trata-se, antes, de reconhecer que produzir energia de forma sustentável não é algo simples ou fácil. Em um cenário assim,”soluções” que aumentem o consumo de energia podem não ser condizentes com o desafio que a crise climática representa.
Teremos espaço o bastante?
Mesmo se houvesse lítio e energia o bastante para que carros fossem utilizados por todos os usuários, ainda seria válido perguntar: será que nós queremos e precisamos de mais carros nas ruas? Um dos maiores problemas dos carros tem haver com espaço, e isso pode ser mais determinante do que pensamos. Segundo pesquisa da CET em 2011 a média de passageiros por carro em São Paulo era de 1,4. Ou seja, dos 5 lugares que um carro poderia transportar, a maior parte do espaço estava vazio, ocupando as ruas. Nesse sentido, o contraste é grande quando consideradas outras alternativas. Ônibus, por exemplo, segundo estudo do ITDP (Instituto de Políticas de Transporte & Desenvolvimento) carregam em média 15 vezes mais pessoas em um mesmo espaço.
Essa necessidade de editar espaço afeta como as cidades se desenvolvem. Segundo estudo do Laboratório Quadro do Paisagismo (Lab Quapá) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), o crescimento das cidades grandes priorizou o uso de carros. “O sistema viário era concebido exclusivamente para a circulação de veículos automotivos, sem incluir pedestres e bicicletas”, explica parte do estudo. Isso significa um desenvolvimento com espaços viários grandes o bastante para caber este grande volume de carros, com destaque para a criação de viadutos em cidades como São Paulo. Carros elétricos não resolvem essas questões. Sim, podem poluir menos, mas continuam fazendo parte de uma lógica de expansão desenfreada das cidades.
Metrô, ônibus e cidades de 15 minutos
Outras soluções poderiam utilizar o espaço de maneira mais inteligente. A proposta das “cidades de 15 minutos“, do pesquisador franco-colombiano Carlos Moreno, por exemplo, propõe pensarmos as cidades do ponto de vista dos pedestres, de forma a diminuir as distâncias necessárias e aproveitar os espaços de maneira mais eficiente. Cidades assim não teriam muitos carros. Não precisariam de carros. A proposta é que seja mais cômodo apenas andar ou pedalar de bicicleta (evidentemente, com transportes e adaptações para garantir o acesso a pessoas com deficiência). Este ideal é em partes alcançado em algumas cidades e ecovilas no Brasil. Ricardo Miura, por exemplo, mora em uma ecovila em Piracanga, na Bahia, e hoje considera vender o seu carro. “Prezo muito a ideia de liberdade, e nesse ponto, o carro que teoricamente traria essa ideia, acaba sendo mais um entrave” comenta Ricardo.
Uma das principais barreiras a esta forma de organização são os próprios carros. Afinal, como demonstrado, as cidades e os espaços urbanos foram pensados ao redor deles. Como comenta o cicloativista paulistano Renato Ribeiro “substituir o carro particular que consome gasolina ou diesel não resolve o problema do trânsito. A impulsão elétrica poderia gerar bons resultados no transporte coletivo em massa”. Afirma Renato.
Outras soluções como transporte coletivo (ônibus, trem de superfície, metrôs, bondes elétricos etc) poderiam garantir o deslocamento de maneira eficiente e com menores emissões de poluentes. Mas, novamente, o uso desses modais é desafiado, e de certa forma impedido, pelos próprios carros. Seja de forma direta, como nos congestionamentos causados por veículos individuais, ou de maneira indireta com maiores distâncias tendo sido parte do desenvolvimento das cidades para acomodar o espaço dos carros.
Dinheiro verde
No fim, os carros podem não ser a solução que aparentam. Sob a promessa de modernidade, velocidade e liberdade individualista, alimentam indústrias bilionárias e prejudicam o desenvolvimento sustentável das cidades. Este modelo recebe, ainda, aportes e investimentos públicos por ser considerado “alternativa verde”. Por exemplo, em agosto de 2022, a gestão do presidente dos Estados Unidos Joe Biden aprovou a cifra de 2,8 bilhões de dólares para a fabricação de baterias elétricas (principalmente para carros elétricos). O valor é apenas um exemplo, que não inclui outros aportes bilionários, tanto a nível federal quanto dos estados, para a chamada “eletrificação” dos veículos automotores dos Estados Unidos.
As propostas sempre se baseiam na ideia de que veículos elétricos poderiam resolver as emissões de gases do efeito estufa. Mas estes valores poderiam ser melhor investidos em outras soluções (como metrô, ônibus e bicicletas). Além disso, na prática, os investimentos públicos em carros elétricos incentivam as pessoas, e mesmo o planejamento das cidades, a se prenderem aos carros, e não a outros modais. Afinal, o governo do país mais rico do mundo está indicando que seria uma saída aceitável para o aquecimento global.
Os Estados Unidos não estão sozinhos nestas posturas. A cidade de São Paulo, desde o começo de 2023, oferece um desconto de 50% no IPVA de veículos elétricos e híbridos. O governador Tarcísio Freitas anunciou intenção de expandir o desconto em uma isenção total do imposto no estado inteiro. Tampouco trata-se de tendência exclusiva de alguma ala política. A atual gestão do governo Lula demonstra intenção em investir em produção de carros elétricos no Brasil. Em qualquer caso, seja a partir da perda de arrecadação de valores, ou no investimento direto, tem-se a perda de recursos que poderiam ser investidos em outras soluções para reduzir as emissões de poluentes do efeito estufa.
Em última análise os carros elétricos podem ser entendidos como uma tentativa do capitalismo industrial moderno de abarcar a pauta climática. Uma saída para os problemas da industrialização e expansão das cidades. As fabricantes de carros, em postura em teoria alinhada aos ESGs (objetivos da ONU de justiça ambiental e social e de governança), recebem verbas para solucionar um problema do qual fazem parte. Mas não há sentido em falar de ESGs enquanto grande parte da população é obrigada a passar horas no trânsito em ônibus ou metrô, questão, como exposto, que se deve em grande parte à própria presença dos carros (elétricos ou não). Ainda mais, os carros elétricos representam a ideia de que todos os problemas podem ser resolvidos a partir do consumo individual de um novo produto moderno. O “cavalo de Tróia” trás para o centro das questões climáticas uma “alternativa” que poderia atrasar a implementação de outras soluções mais efetivas. Talvez, mascare uma pílula difícil para parte dos governos e da população engolir: se quisermos sobreviver às mudanças climáticas, poderemos ter que desistir dos carros como um dos principais meios de transporte individual.
Inovação no campo pelo futuro do planeta
“A castanha-do-pará é um tesouro! Possui incontáveis aspectos nutricionais e ela cai do céu!”
Ao desenvolver produtos com valor agregado com base em castanha-do-pará, o pesquisador Luiz Fernando Laranja é um dos pioneiros no ecossistema socioambiental brasileiro.
“O caminho atual do nosso modelo econômico está nos levando a uma catástrofe. Existe alguma chance de escaparmos disso? Sim, e é minúscula”. Luiz Laranja acredita que mudar o uso da terra é o caminho. “E se 80% dela é usada para pecuária, é preciso mudar a pecuária. É o que estamos fazendo”. Assim Luiz Laranja define a filosofia da Caaporã.
Seu sobrenome veio de seu tataravô, que era plantador de laranjas. Formado em medicina veterinária pela UFRGS, Laranja foi professor na USP e cursou pós-doutorado nos EUA. Logo após voltar ao Brasil, assumiu definitivamente sua vocação de ativista ambiental, que vem da juventude, se mudando para a Amazônia para empreender no combate ao desmatamento.
Mesmo com críticas ao cenário geral – “muito papo e pouca verba”, nas suas palavras – Laranja tem uma visão otimista sobre os esforços dos negócios ambientalistas. “Apesar da quase certeza que a ciência nos dá de que não há mais como nos salvar, precisamos apoiar os habitantes da floresta como os caipiras, os quilombolas, os ribeirinhos, os indígenas, e a posição ativa dos consumidores. E não perder a fé de que ainda podemos fazer algo. Afinal, o jogo só acaba quando o juiz apita”.
Quer conhecer mais sobre a Caaporã e seu fundador? Então puxe seu banquinho e venha conosco em mais um episódio do Aupacast!
PERFIL
Nome do empreendedor: Luis Fernando Laranja.
Negócio: Çaaporã.
O que (o negócio) faz: integra cadeias produtivas da avicultura, suinocultura, pecuária de leite e corte em sistemas agrossilvipastoris, com o componente arbóreo no centro do modelo de produção.
De onde é: São Paulo e Mato Grosso.
Quando começou: 2019.
Principal tema da conversa: necessidade de se valorizar a história, o trabalho e os conhecimentos das populações que vivem nas florestas.
Soluções buscadas: mudança radical na dieta animal, produtos inovadores.
Investimento paciente pela bionergia
“Nós investimos há 15 anos nesse negócio e ainda não tivemos lucro. Nada a ver com filantropia. É pioneirismo e realização pessoal.”
A busca por soluções para a produção rentável de bioenergia e para a fixação de pessoas no campo é o terreno onde foi germinada, na Chapada Diamantina, a Bioenergia Orgânicos, startup que o Aupacast desta semana irá apresentar
“Esse não é o típico empreendimento onde você pega o seu investimento financeiro, compra umas terras, contrata umas pessoas e o projeto vai sair”, afirma Gustavo Araújo. Para ele, a responsabilidade de gerar impacto ambiental positivo vai muito além, pois envolve pontos de orquestração entre os órgãos públicos, os setores privados e os próprios cidadãos e, principalmente, aceitar a soberania da natureza.
Vindo de uma família ligada ao setor agrícola no interior da Bahia, Gustavo se envolveu no início do projeto, em 2006. Combinou sua experiência com investimento em novas tecnologias à paixão pelo campo que seu pai nutriu ao longo da própria carreira como executivo industrial.
A primeira tarefa realizada pela startup foi conhecer as comunidades locais. “Há dois quilombos na Chapada Diamantina, e nós fomos conversar com os quilombolas para entender o relacionamento deles com aquela região. O resultado é que hoje trabalhamos em parceria com mais de 30 quilombolas, e assim não é mais um projeto meu. É um projeto da região”.
Quer saber mais sobre o projeto da Bioenergia e o impacto ambiental? Então, acompanhe o Aupacast e o bate-papo com Gustavo Araújo.
PERFIL
Nome do empreendedor: Gustavo Araújo.
Negócio: Bioenergia Orgânicos.
O que (o negócio) faz: Projeto agroindustrial de fruticultura orgânica.
De onde é: Chapada dos Guimarães, Bahia.
Quando começou: 2006.
Principal tema da conversa: a natureza específica e peculiar dos negócios de impacto socioambiental.
Soluções buscadas: produção rentável de bioenergia em parceria com comunidades locais.