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O impacto dos Yanomamis

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Guia Yanomami no meio da trilha na Selva

 EXCLUSIVO: Expedição Yaripo 

Toda ação humana gera impacto. Seja positivo ou negativo, nossas pegadas deixam rastros e não há como não interferir no planeta. Surgimos e impactamos o espaço e os seres que nos cercam. Existir é a própria razão de ser e conviver com os outros.
Mas, e quando nos esquecemos de algo tão simples? O que é preciso fazer para se reconectar e recobrar a consciência? Como impactar a mente e fazê-la pensar?
Enquanto essa inquietação me levava para longe de casa, sobrevoando a maior floresta do mundo, o impacto já acontecia. Seja pelo CO2 do combustível,  pela fotossíntese da floresta ou pelo futuro impacto que os anfitriões iriam me causar com seus ensinamentos.
Sabia que voltaria ressignificado após 10 dias. Era dia 28 de março e eu participava da expedição da retomada ao Yaripo, ou o Pico da Neblina. Um projeto de Ecoturismo desenhado pelos Yanomamis que acabava de reabrir a rota na selva.
O turismo no local ficou proibido por 20 anos. A entrada de visitantes estava fechada desde 2003, quando o Ministério Público proibiu a visitação ao Parque Nacional. Assim como hoje, a ganância pelo ouro invadiu a terra Yanomami e causou destruição e violações.
Após o trabalho coletivo entre os Yanomamis e diversas organizações como AYRCA, ISA, ICMBIO, FUNAI, entre outros, um plano de visitação foi aprovado e, no início de 2022, finalmente as portas do monte sagrado se abriram ao ecoturismo sustentável. Isso ampliou a expectativa dos anfitriões e de nós, visitantes. E, a partir de agora, divido as experiências e aprendizados de impacto socioambiental no país Yanomami ao lado dos guardiões da floresta e na luta contra um tipo de pensamento que aprisiona a todos nós.
 
 
A CABEÇA PENSA ONDE OS PÉS PISAM

A experiência em campo pelo interior da Amazônia e a conexão com os Yanomamis sob intensa provação do modo de vida ocidental, me fizeram abrir os olhos e refletir sobre palavras como sustentabilidade e meio ambiente. Conceitos criados por quem não cresceu na floresta. A intensidade da expedição traz dores físicas e outros pensamentos. O terreno acidentado, mudanças de clima, a região inóspita e chuvas torrenciais, além das condições limitadas de alimentação e refúgio, fazem a nossa mente perceber outra realidade. Os 2.995 metros de altitude e 70 km só podem ser superados com (e graças aos) Yanomamis. A humildade perante a selva e a montanha são pré-requisitos e os protetores da floresta são os guias para quem busca conhecer e se conectar com algo mais profundo que uma trilha exótica no meio da floresta amazônica.

A Aupa estava presente na expedição, representada por mim. Ao lado da equipe do Fantástico (TV Globo) com os jornalistas Sônia Bridi e Paulo Zero, e também geólogos, indigenistas, montanhistas e guias de aventura, formamos o grupo de visitantes da segunda equipe da retomada. No total, éramos 37, 13 visitantes e 24 yanomamis. A primeira turma havia caminhado há uma semana, mas das 10 pessoas, 3 desistiram no segundo dia da trilha. Fatores como desidratação, pouco preparo físico e mental, podem fazer montanhistas experientes desistirem no caminho. Nossa expedição começou dia 2 de abril, após dois dias de aclimatação na Cabeça do Cachorro, como é conhecida a cidade de São Gabriel da Cachoeira. Nos 10 dias seguintes não havia mais conexão com celular e um comboio de Jipes Bandeirante levou a equipe para dentro da floresta. Após cruzar a linha do Equador e percorrer cerca de três horas de estrada de barro, a expedição chegou no Igarapé Ya Mirim, onde voadeiras nos esperavam. A partir daquele ponto, eram mais 5 horas pelas estradas fluviais da Amazônia até a aldeia de Maturacá, local que os Yanomamis acolhem os turistas. Foi a primeira noite que dormí em rede, na sede da Associação AYRCA, e o impacto e a transformação começaram dentro de cada um de nós.

“A visitação é uma atividade com potencial de impactar positivamente as comunidades Yanomami, como alternativa de geração de renda sustentável, em contraponto ao garimpo, além de valorizar a cultura e o modo de vida tradicional dos povos indígenas e proporcionar inclusão de gênero e geracional.”  Luciana Uehara, coordenadora do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade Parque Nacional do Pico da Neblina

 O CAMINHO É MAIS IMPORTANTE QUE O CUME

O primeiro dia de caminhada durou cerca de 5 horas e uma distância de 8km até o  acampamento. Nos dias seguintes, trilhamos a média de 7 horas e 9km. O Cume estava a 5 dias de distância e havia pouco espaço para desistência, pois isso atrapalharia o grupo. A tensão estava entre nós, mas a segurança com eles, os Yanomamis. É instigante sentir como a dificuldade estava conosco e não com eles. Adversidades como dormir em redes, tomar banho frio nos rios, caminhar longos períodos ou não almoçar, são capazes de mudar percepções de vida. A privação é um ensinamento em si e o impacto de perceber o quanto estamos despreparados em relação à eles, mostra como vivemos separados da sustentabilidade que acreditamos. 

A sensação é de desconexão com a natureza, às vezes cultuada em embalagens recicladas. O modo de vida confortável das cidades traz conforto e também ilusões. A idealização da sustentabilidade que perseguimos até 2030 parece estar longe da solução climática dentro do ecossistema da própria selva. Enquanto debatemos sobre o carbono e o transformamos em mercado, os Yanomamis protegem a Floresta. Parece uma tela surrealista entre dois mundos em conflito. E qual solução será melhor? Vai depender do que idealizamos e queremos.

 

O choque cultural entre o meu mundo feito de sofá sustentável e o dos Yanomamis é um segundo ensinamento. Certo estranhamento entre nós e eles fazem parte da trilha rumo ao monte sagrado. Nos primeiros dias, o jantar foi feito em local e hora separados. Olhares entre indígenas e visitantes se cruzavam desconfiados. Também dormimos em estruturas de acampamento separadas e a troca era limitada. A sensação de Casa Grande e Senzala me veio à cabeça, mas o tempo foi desfazendo essa imagem e o caminho me ensinando e nos aproximando. 

Andar juntos é mais importante que chegar ao cume. Os Yanomamis que nos acompanhavam estavam lá para nos ensinar isso. São os porta-vozes das plantas e dos animais. Nos apresentam e nos convidam a entender como se reconectar com a natureza, com eles e com nós mesmos. O conhecimento da selva é espiritual e ancestral. Eles nos contam sobre seus antepassados. Falam cantando, conversam e dão risadas antes de dormir. Colhem folhas, frutos e cogumelos nativos. Pescam e caçam. Mandioca, banana e água amarela do rio fazem parte da dieta. Ainda encontram ovos de cor turquesa e recolhem breu branco durante o dia para acender o fogo vermelho que cozinha os alimentos e aquece a noite. Na hora de dormir, o que no início era um leve incômodo em razão do ruído e risos yanomamis, se transformou em sorriso em meu próprio rosto. Dormi melhor a cada noite ao perceber como a felicidade pode ser simples, como o fato de rir antes de dormir, e mais eficaz que tomar um ansiolítico para relaxar. Sem perceber, fomos aprendendo e sendo impactados pelo modo de vida deles.

“nosso povo yanonami tem a floresta viva. isso significa vida saudável, sem doenças nas comunidades. caçamos, pescamos, trabalhamos e colhemos frutos da floresta. enquanto estamos na selva, fazemos fogueiras para assar peixe, carne de caça e para nos aquecer. a quentura do fogo nos protege contra as doenças da mata”

José Mario Pereira Goes  
Presidente da AYRCA – Associação Yanonami do Rio Cauaburis e Afluentes
Yanomamis preparam refeição que incluía peixes, cogumelos, frutos colhidos na trilha

A LUTA CONTRA NOSSO MODO DE VER O MUNDO

Minha bota começou a rasgar no terceiro dia. A umidade da selva, o uso intenso e certo grau de negligência, me colocaram em risco. Não tinha botas reserva, e não existia outra alternativa que não fosse buscar uma solução local para o risco não planejado. Ouvi histórias de quem teve que voltar ou perdeu todas as unhas do pé por usar botas inadequadas. Estava tenso. Mas, depois de dividir o problema e conseguir ajuda alheia, consegui remendar a bota com linhas de nylon e travas de plástico. Me tornei costureiro amador e cheguei ao final. Trouxe as botas como forma de relíquia e símbolo da adaptação ao risco e transformei o par em vaso de planta na Serra da Mantiqueira.
 

Risco é uma palavra em alta hoje. Talvez porque estamos sujeitos a mais riscos ou por ser uma palavra atrelada à investimento. No vocabulário atual ainda se fala muito sobre retorno, propósito, causa, sustentabilidade, impacto socioambiental, empreendedorismo e outras tantas palavras positivas. Falamos e vemos o mundo que acreditamos ser bom talvez porque o mundo não esteja tão bom assim. 

Até a Amazônia virou hit, # e palavra chave no SEO do Google. Seguimos criando abstrações para tudo e tudo cabe para mudarmos o mundo e sermos felizes. Afinal, de fato, tudo pode ter realmente seu lado bom. Não há problema em fazer limonada com limão, o problema é achar que limão é ruim e que só podemos fazer limonada com o fruto. É limitante, mas também característico de nossa época. Buscamos satisfação e exigimos o melhor que a vida pode nos dar. E, se possível, sem risco. Nosso modo de vida e pensar prefere uma escolha sem renúncia, mas a realidade diz que fazer uma coisa necessariamente condiciona à outra.

Construímos um mundo sem perrengues para nós, mas suportamos o perrengue alheio com abstrações e ilusões que nos fazem sentir melhor. Pergunte a um Yanomami sobre a importância do investimento ASG (baseado nos fatores Ambiental, Social e de Governança) e ele vai te devolver a pergunta. Não por que não sabem o significado da sigla, mas por não compreenderem a pergunta sobre a importância de cuidar do lugar onde se vive e de fazer a coisa certa com os outros. É tão óbvio quanto espiritual para eles.

Os Yanomamis enxergam o mundo de outro jeito em comparação ao nosso. O sonho e a oratória são fundamentais em sua cultura. A ancestralidade e o bem viver se conectam com o entorno de forma mística. Rivalizam com nossa racionalidade, criatividade e satisfação. Naturalmente, ambos podem coexistir e aprender. Foi assim antes, e provavelmente seguirá. Os povos e culturas se moldam entre si em uma metamorfose orgânica cultural. A própria atividade turística proposta pelos Yanomamis e pela qual vivenciei uma experiência e transformação, é prova dessa simbiose entre modos de pensar. E uma reflexão não sai da minha cabeça após a ebulição mental que senti com a vivência depois de subir o Yaripo: não é um grande risco imaginarmos uma Amazônia que não é real? seria uma oportunidade em forma de abstração de impacto movido à investimento sustentável? o impacto socioambiental positivo que acreditamos, medimos, embalamos e consumimos, é o mesmo dos Yanomamis ou de quem vive na Floresta? Não tenho a resposta, mas a Amazônia que senti em meus pés é real. Terra sagrada para os Yanomamis e cheia de minérios e desejos que despertam nossa cobiça ou nossa fantasia.
 

O IMPACTO REAL

De volta à São Paulo e ao modo de vida vigente, comprei um risoto delicioso no supermercado. Meu corpo e mente foram novamente tragados pelas comodidades e desejos tão bem desenhados, pensados e criados por meus conterrâneos da civilização. A tentação é fácil e confortável como um sofá sustentável. Não é contraditório questionar o sistema e viver dentro dele. Aceitar e negociar não significa endossar a realidade imposta. É uma questão de tática e sobrevivência física e mental ter consciência e tomar a pílula certa. A maioria de nós, irá experimentar a pílula azul e vermelha da matrix muitas vezes durante a vida, a depender do grau de nossa inquietação. Mas voltando ao risoto. Era feito de shimeji yanomami colhido de forma sustentável  por uma empresa ética e certificada em cooperação com uma associação indígena local. Estava ótimo e acompanhei com um bom vinho tinto. Esses Yanomamis vivem despertando a nossa consciência.

Os dados da expedição foram realizados pelo geólogo Luiz A P Souza @laps_photosandphotos/

As viagens ao Yaripo são promovidas em parceria com operadoras de turismo e são 3 as empresas credenciadas para realizar as expedições. A Aupa contratou e esteve com a Ambiental Turismo. @ambiental_turismo/

Aupa lança selo sobre setor de impacto na ACPA dentro da Flip 2019

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A plataforma Aupa – jornalismo de impacto–, lança entre os dias 11 e 14 de julho seu novo selo sobre o setor de impacto dentro da Casa da Porta Amarela, no principal evento literário do país, a Flip em Paraty. Dentre as atividades, está prevista a realização de um debate sobre o tema, além do lançamento da revista Aupa e do primeiro título do selo Aupa | Books, “Impacto na Encruzilhada” do autor Fábio Deboni, colunista do portal.

O autor – e gerente executivo do instituto Sabin–, estará presente no dia 11/7 às 18h dentro das atividades da Casa da Porta Amarela participando do debate e lançando o seu 3º livro, uma coletânea de artigos e reflexões sobre o setor organizado em três eixos temáticos: inovação social, negócios de impacto e investimento social privado.

A Casa fica na rua da Cadeia, próximo ao centro histórico e o painel “Livros de Impacto”, ainda contará com as presenças de Edson Leitte da Gastronomia Periférica, Márcio Black, da Fundação Tite Setubal, Kátia Rocha da Rede Educare e Leonardo Letelier da SITAWI.

 


Para mais informações:

Acompanhe a programação completa da Casa da Porta Amarela

A venda do livro pode ser solicitada direto pelo site da editora mymag

 

Impacto na encruzilhada

 

 

O empreendedor e a importância de ser agnóstico para o sucesso do seu modelo

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O tempo não para…

Como empreendedor, muitas vezes eu bem que gostaria que o tempo parasse. Perguntas sem respostas, recursos escassos, lacunas de informação e dados relevantes, dúvidas em relação ao que fazer ou como fazer e, claro, qual decisão tomar! Diversas são as questões que podem colocar o empreendedor contra a parede e testá-lo. Dependendo da natureza, preparo, capacidade, experiência e serenidade de cada um, o risco é paralisar ou retardar o desenvolvimento do negócio, comprometendo, inclusive, a sua existência ou, na melhor das hipóteses, a sua atratividade.

Na maioria das vezes, os empreendedores subestimam o tempo de desenvolvimento e maturação do modelo. Essa é uma evidência que colho da minha jornada empreendendo e apoiando empreendedores. Não importa se por otimismo em excesso ou por “atritos na pista” de diversas naturezas, o fato é que não é verdade que aprendemos a domesticar o tempo a nosso favor.

Qual a relevância disso para nossa chance de sucesso?

Aqueles que estão olhando para o saldo diário em conta-corrente sendo reduzido, sem o avanço desejado na trilha do negócio, podem responder com maestria.

Para startups em estágio inicial, essa é a principal questão para a sua sobrevivência e evolução. Como já escrevi em outro artigo aqui, o único indicador realmente relevante para esse estágio do negócio é o runway. Em outras palavras, o tempo de vida que a startup tem, calculado pela divisão entre o caixa total em conta-corrente e o valor mensal das saídas líquidas (ingressos menos saídas para pagar custos e despesas), também conhecido como cashburn.

A cultura do projetar versus a do experimentar

A forma mais adequada para lidar com essa armadilha do tempo é fortalecer uma cultura agnóstica, orientada para a experimentação e para o aprendizado veloz, baseado em fatos.

O que isso significa na prática do dia a dia?

Quando estamos na fase de buscar o modelo de negócios, só existem hipóteses. Adotamos premissas sobre diversas particularidades do cliente-alvo, do produto, do preço, dos canais de venda, da comunicação e afins. Ser agnóstico, nessa etapa, significa tratar uma hipótese como o que ela é. Ou seja, algo não comprovado, uma suposição. Hipóteses são o resultado de um exercício de laboratório que todo empreendedor faz quando se debruça sobre mesas de reuniões, post-its, canvas etc.

Como sabemos, não basta estruturar hipóteses robustas para obter êxito. Ter a honestidade e o desapego necessários para lidar com as evidências que emergem do campo de testes, onde a realidade acontece, é essencial para a evolução consistente da busca. Nessa trilha, a verdade não está no laboratório e nem existe a priori. A verdade é uma conquista obtida no campo de jogo, na interação com o possível cliente, com os parceiros e aliados do projeto que estamos construindo.

Quando projetamos o futuro desejado em fluxos de caixa e teimamos em tentar encaixar o pitch e a realidade nas planilhas, temos uma atitude oposta a essa cultura empírica. A cultura de projeções pode ser útil para empresas consolidadas e com elevada previsibilidade de modelo. Não serve para startups. Para elas, a planilha é apoio apenas, dinâmica, em constante evolução à medida que os fatos consolidam aprendizados, validando as hipóteses assumidas ou exigindo um movimento de pivot

O desafio das escolhas e renúncias

Diante desse contexto e nesse estágio inicial, a capacidade de aprender rápido é o maior ativo que o empreendedor pode ter. E arrisco afirmar e destacar que, para essa capacidade estar presente, dada a complexidade e a volatilidade da nossa realidade, a competência essencial que precisa existir no time estratégico é aprender a aprender.

Por isso, viabilizar o engajamento e o desenvolvimento de um time agnóstico, empírico, competente para aprender a aprender o que for necessário e de forma veloz é o foco número um do empreendedor que está na fase de busca de um modelo de negócios exitoso. Quanto mais fortalecida for essa competência no time, maior será a sua capacidade de fazer escolhas e renúncias assertivas, tomar decisões na velocidade adequada e, com isso, ampliar as chances de superação dessa etapa na jornada empreendedora.

Empreendedores saindo do armário

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Fenômeno crescente no campo dos negócios de impacto (especialmente em ecossistemas ainda em “desenvolvimento”) é comum nos depararmos com empreendedores que se descobrem como sendo “de impacto”.

Tinham (têm) um negócio (startup, empresa, etc) e ao serem introduzidos ao conceito de negócios de impacto, prontamente se reconhecem como sendo parte deste movimento. Que bom!

Trata-se de um momento “eureka” de cunho identitário. Um certo rito de passagem, digamos. E o que parece ser um ato banal e de menor importância, é, na verdade, a porta de entrada a um “novo mundo” de oportunidades e conexões.

Daí a brincadeira com a expressão “sair do armário” ou, entrar num novo “armário” como preferir, caro(a) leitor(a).

Se autorreconhecer como sendo um negócio de impacto, implica em algumas mudanças de identidade e, sobretudo, rumo.

De um lado, assumir seu propósito (do fundador e da organização) como sendo algo chave na proposta de valor do negócio. O que antes era algo “desejável”, passa a ser “vital”.

De outro, acessar um novo repertório de ferramentas e conexões – aceleradoras, intermediários, investidores, narrativas, métricas, etc.

Isso reduz a energia necessária para “inventar rodas” que ajudem a gerir e a expandir o negócio, pois, a conexão com outros players e possíveis parceiros traz boas ofertas nestes quesitos.

E quais os ônus que esta autodescoberta traz?

Vejo, ao menos, três:

1 – Necessidade de destinar tempo e energia para mergulhar mais fundo neste novo tema, compreendê-lo com mais profundidade e identificar possíveis sinergias e apoios que tenham fit com seu negócio. Se isso ocorre num ecossistema ainda em “desenvolvimento”, provavelmente demandará recursos financeiros para participação em eventos, em acelerações em SP (ou outro “centro” mais “desenvolvido” no tema). 

Encare isso como investimento e não como despesa. Mas, atenção: como a oferta é crescente, é preciso ter muita clareza do que/onde participar.

2 – Precisa “catequizar” outros neste tema – equipes, parceiros e, especialmente, investidores. Talvez eles também não estejam antenados no assunto e precisarão de estímulo para “saírem do armário” também. Na medida em que o negócio estimula um “microecossistema” ao seu redor, aumentam suas chances de prosperar neste novo movimento.

3 Sensação de solidão. Para nós que vivemos e estamos “fora do eixo”, em ecossistemas “em desenvolvimento”, é natural a sensação de “pregar no deserto” e de “solidão” ao não estar na zona sul de SP e ter acesso a ampla oferta de eventos, cafezinhos, conexões. Para este tipo de sentimento, a saída é seguir em frente e, sempre que possível, buscar esse “oxigênio” estando presencialmente em ecossistemas mais “desenvolvidos”. Sempre quando possível, claro.

Sem dúvida a internet também pode nos ajudar (e como!) a reduzir a distância e a disparidade entre esses ecossistemas e a nos deixar mais “por dentro” das novidades e tendências. Mas sempre é bom lembrar que nosso Brasil é gigante, repleto de diversidade regional e, portanto, há espaço para todos(as) neste “movimento”. 

DOSSIÊ ÁGUA 1: Entre o negócio de impacto e o direito à vida (parte 1)

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crédito: wikimedia

A água é um direito e um recurso natural valioso, muitas vezes utilizado como moeda. Conheça as relações que esse bem comum tem a ver com iniciativas de impacto social no Brasil na série de 2 reportagens especiais desse mês da Aupa.

A água é um direito social e pensar este recurso natural é também pensar sua política. Afinal, ter acesso à água – sobretudo, potável e ao saneamento básico–, são marcas socioeconômicas fundamentais em países como o Brasil, ainda mais quando o debate envolve brasileiros em situação de vulnerabilidade. Segundo dados do ministério das Cidades (2018), mais de 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável e 100 milhões não têm saneamento básico. Outro problema que aflige os brasileiros, diz respeito aos que tem acesso à agua, mas que seu consumo pode estar contaminado. Segundo levantamento, cerca de 25% dos municípios brasileiros registram contaminação com agrotóxicos.

É nesse mesmo cenário desigual e contraditório de acesso à água no país onde multiplicam-se iniciativas em busca de soluções. A partir de um mapeamento que extrapola o eixo Sudeste, a redação da AUPA procurou atores do ecossistema e produziu duas reportagens exclusivas sobre o acesso à água. Com base em exemplos de ações comunitárias, públicas e privadas – em âmbito local e nacional–, a editora Fernanda Patrocínio investigou o tema e trouxe para o debate a pergunta: qual o lugar dos negócios de impacto no debate público sobre o acesso à água?

As provocações e os exemplos você confere em duas partes:

Parte 1: “A água: o homem e os saberes da terra”
Parte 2: “A água: os negócios de impacto e o estado brasileiro”

 


PARTE 1:
A água: o homem e os saberes da terra

TECNOLOGIAS SOCIAIS NO SEMIÁRIDO NORDESTINO

“Entre os galhos retorcidos do sertão, há água. No solo árido, cresce o verde. Da sabedoria popular, nascem tecnologias sociais”. Este trecho faz parte da apresentação do Centro de Educação Popular e Formação Social, o Cepfs, que atua no Sertão, desde 1985. O objetivo da organização é buscar soluções para o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar no Semiárido brasileiro. “Algumas pessoas, que integravam essa associação, compreendiam a importância da organização como caminho para o desenvolvimento regional no fortalecimento da agricultura familiar rural local”, conta José Dias Campos, economista e coordenador executivo do Cepfs, organização, não-governamental e sem fins lucrativos, criada em 1989.

Diante do trabalho que relaciona a sabedoria popular com a tecnologia, Dias explica que a compreensão do conhecimento local é fundamental para o processo de desenvolvimento. “Para nós, as tecnologias sociais devem ser compreendidas como inovações frutos do processo de compartilhamento de saberes e conhecimentos já existentes. Assim, tecnologia social, saberes e conhecimentos tradicionais são componentes que caminham juntos ou um nasce do outro”, explica ele.

Oficina de agroecologia e geração de renda promovida pelo Cepfs na Serra de Teixeira, ao sul do sertão do estado da Paraíba

A água é uma pauta especial para o Cepfs. No Sertão, chove, em média, de 200 a 800 milímetros por ano – e a evaporação desta água é três vezes maior do que a quantidade de chuva que cai na região. “A água é fonte de vida, em todos os lugares, mas, no Semiárido, ela é mais preciosa ainda”, comenta o coordenador. O Cepfs oferece capacitações para o desenvolvimento de tecnologia sociais de captação, armazenamento e manejo de água de chuva. Dias elenca exemplos destas práticas, como construção de cisterna de enxurrada, os lajedos de pedras bem como barragens subterrâneas e barreiros-trincheiras. O primeiro passo no diagnóstico feito pelo Cepfs é sempre o ecossistema da família participante, para identificar quais práticas já são adotadas pelo agricultor, suas potencialidades aliadas à natureza, para, então, serem definidas ações que podem ser feitas com as tecnologias sociais.

Família beneficiada com cisterna do tipo enxurrada e sistema simplificado de irrigação na comunidade São Sebastião Cacimbas, na Paraíba
Visita de técnicos em área experimental dos Cepfs, Riacho das Moças, Matureia, Paraíba. Foto: Foto Renalle Benicio

A agricultura familiar é a referência de sabedoria popular adotada pelo centro. “É na agricultura familiar que está a fonte de conhecimentos e necessidades que precisam de suporte para promover inovações rumo ao desenvolvimento local”, diz Dias. O Cepfs atua em 10 municípios e em 116 comunidades da Paraíba, e até o final de 2018 impactou cerca de 95.480 pessoas por suas ações, sempre com dois eixos nos programas realizados: meio ambiente e desenvolvimento sustentável e fortalecimento e desenvolvimento comunitário. “Há o desenvolvimento comunitário por meio de processos de troca de saberes e conhecimentos, processos pelos quais nascem as inovações sociais”, comenta Dias.

O PROBLEMA NÃO É FALTA DE ÁGUA

O Serta (Serviço de Tecnologia Alternativa) é uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), fundada em 1989 por agricultores, técnicos e educadores, atuando, sobretudo, nos municípios do estado de Pernambuco. Com foco em educação e formação, promove atividades para que jovens, educadores e pequenos produtores rurais trabalhem no desenvolvimento sustentável no campo, tendo a água como uma de suas principais áreas de atuação.

A construção de cisternas no Semiárido é um projeto bastante desenvolvido pelo Serta. “É preciso ter um método e um estudo, não adianta construir a cisterna por construir. Nós identificamos as famílias, conversamos com elas, as capacitamos para que possam, além de captar água, aprender a utilizar este recurso natural”, conta Sebastião Alves dos Santos, também conhecido na região como Tião do Serta. Autodenominado como pesquisador da Caatinga, Santos é técnico em agropecuária e biólogo. Tião diz que, hoje, o projeto é a maior obra de engenharia hídrica do Semiárido. “Chegamos a um milhão e 200 mil cisternas já construídas no semiárido. Isso é bastante significativo na qualidade de vida das pessoas, sobretudo daquelas que vivem no campo”, afirma.

Tião do Serta: “O maior problema do Semiárido é a aridez mental, sobretudo da política, que não direciona políticas públicas que sejam capazes de responder à demanda do povo e aproveitar as oportunidades que o Semiárido oferece”. Foto: divulgação/Youtube/Rede Globo

           Santos tem uma visão diferente sobre a Seca no sertão nordestino. “Temos o Semiárido mais chuvoso do mundo. Na nossa região, chovem, em média, 500 milímetros ao ano. Se olhar atentamente, o problema não é a falta de água, mas, sim, de matemática aplicada, pois se a escola ensinasse jovens e crianças que um milímetro de chuva em um metro quadrado corresponde a um litro de água, desde cedo aprenderíamos que é possível captar, para cada metro quadrado, 500 litros de água para um ano regular de chuva no Semiárido. E engana-se quem pensa que é pouco: isso é muito!”, calcula ele. “Discordamos de quem culpa a seca, pois a aridez do bioma não é, nunca foi e nem será um problema. A gente precisa aprender a conviver com essa aridez. O maior problema do Semiárido é a aridez mental, sobretudo da política, que não direciona políticas públicas que sejam capazes de responder à demanda do povo e aproveitar as oportunidades que o Semiárido oferece”, reclama. O Serta se define como uma organização sem representação política, mas que auxilia e incide na construção de políticas públicas. “Lamentavelmente, a gente encontra ainda pouco espaço no meio político para que essas propostas virem, efetivamente, ações que possam transformar as realidades locais. E eu estou me referido ao Semiárido como um grande e vasto campo que o governo brasileiro teria para atuar”, conclui.

AMAZÔNIA: SABERES LOCAIS

O saber das populações ribeirinhas da Amazônia também tem muito a nos ensinar a respeito de iniciativas da sociedade civil e políticas públicas sobre a água. O Projeto Saúde e Alegria – uma organização não-governamental fundada em 1987–, começou seus trabalhos ao lado de 16 comunidades-piloto da zona rural de Santarém, no Pará. Em 2003, este número subiu para 129 comunidades. “Com a ampliação, estendemos a atuação a praticamente todo o território da Floresta Nacional dos Tapajós, atingindo também comunidades da região do Assentamento Lago Grande – de Agro extração”, comenta João Carlos Dombroski, técnico de organização comunitária do projeto. Estas comunidades foram beneficiadas, na época, pelo projeto Saúde na Floresta, recebendo também incentivos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), para ações, como o saneamento, os poços semiartesianos, as cisternas e os filtros.

Ação local realizada pelo projeto Saúde e Alegria

Segundo os responsáveis, o Projeto Saúde e Alegria já impactou entre 30 e 35 mil pessoas dentro das comunidades e na própria percepção de Carlos o modelo se encaixa atualmente nos moldes de um negócio de impacto social . “Trazemos ideias inovadoras em projetos que podem ser multiplicadas em outras comunidades. Trazemos também inclusão social, principalmente, pois são comunidades bem isoladas. Trabalhamos com questões como saúde, saneamento, renda e inclusão das mulheres na produção de artesanato”, elenca Dombroski, comparando as soluções escaláveis e a entrega do projeto para a população em situação de vulnerabilidade.

Um dos aspectos de impacto que evidencia o modelo de negócio está na geração de renda e trabalho com as mulheres com a criação de uma cooperativa. “É por intermédio desta cooperativa que há uma coordenação mais específica sobre a produção de artesanato e sua comercialização, tanto na região quanto fora dela”, explica o técnico. Além disso, há ainda geração de renda a partir do turismo comunitário e da comercialização de galinhas, abelhas e hortas. “Tudo isso impacta a renda das famílias. Vai além da renda direta, pois as famílias observam e aprendem novas técnicas, novos jeitos de trabalhar: um trabalho coletivo”, comenta ele. E vale ressaltar: organizados em cooperativas e associações, o valor dos produtos oferecidos [veja matéria sobre produção de queijos na Serra da Canastra] tende a ter maior valor agregado do que aqueles que comercializados por quem empreende sozinho.

“Tudo isso impacta a renda das famílias. Vai além da renda direta, pois as famílias observam e aprendem novas técnicas, novos jeitos de trabalhar: um trabalho coletivo”

E o que os saberes indígenas de um território de povos originários podem nos ensinar sobre ações de impacto social em relação à água? Dombroski, que atua há 25 anos no tema e na região, afirma que os aprendizados indígenas são essenciais na construção das soluções propostas pelo projeto, principalmente em relação ao saneamento básico comunitário. Hoje são mais de 40 comunidades com o sistema de abastecimento de água instalado, atendendo cerca de 3.400 famílias, ou seja, mais de 16 mil pessoas com água potável vindo da torneira de suas casas. “Se somarmos os trabalhos feitos na cidade e nas comunidades rurais, hoje são mais de 215 quilômetros de rede hidráulica”, se orgulha o produtor.

Outros destaques do Projeto são ações como a implantação de energia alternativa, energia solar, micro-usinas e a introdução de internet em localidades isoladas. “Nosso forte é o saneamento básico, com a inclusão social, principalmente, em torno de políticas públicas, que vão garantir saúde, saneamento e educação às comunidades”, pontua o sociólogo italiano Tibério Alloggio, que mora na Amazônia desde 1989 e é coordenador de desenvolvimento territorial – o sociólogo também já foi fellow da Ashoka. Essa conexão entre o projeto e o poder público é, inclusive, um dos grandes trunfos e resultados como modelo de negócio de impacto social. O Projeto Saúde e Alegria aproximou e influenciou as políticas públicas locais, como é o caso da implementação do programa de Saúde da Família Ribeirinhas e Fluviais, do Ministério da Saúde. “Ele surgiu da experiência do Projeto Saúde e Alegria, que levava assistência via barcos. O Ministério da Saúde gostou da ideia e hoje são mais de 60 barcos atendendo a população ribeirinha”, explica o sociólogo.

O projeto realiza ações e oficinas com a população local. Acima, imagens do “Teia Cabocla”

Como o próprio nome traduz, a metodologia utilizada nas atividades do Saúde e Alegria é uma proposta lúdica. “A alegria não tira a nossa seriedade. Ela serve para mobilizar, colocar temas dentro das comunidades de uma maneira mais fácil”, comenta Alloggio. A questão principal do projeto hoje é tornar a economia da floresta rentável para quem mora no território e gerar assim sustentabilidade financeira e ambiental juntos. “Estamos fazendo um esforço grande em relação a algumas cadeias produtivas, como o extrativismo da borracha, que entrou em crise. Hoje, a maioria da população tradicional aqui da Amazônia trabalha mais em torno da produção de farinha de mandioca. E usando uma alternativa ainda muito primitiva, que é o corta e queima”, explica ele. “O desafio é produzir um modelo que possa garantir sustentabilidade dos recursos e dos moradores”, completa, acerca de um novo mindset que demanda uma roça sem fogo e a restauração florestal.

Paralelamente às atividades de organização social, o projeto apoia ainda micro e pequenas empresas ligadas às atividades e às cooperativas. “Há um movimento para que tanto as famílias quanto os agroextrativistas saiam da informalidade – pois, se nela permanecerem, eles continuarão sendo vítimas de atravessadores”, destaca Alloggio. São alternativas como essas que transformam há décadas o Semiárido Nordestino e a região amazônica que hoje dialogam com o ecossistema de impacto e influenciam política públicas do estado brasileiro. Os saberes tradicionais se misturam com saberes econômicos mais contemporâneos e jogam luz para uma reflexão em como pensar a água como um direito e um recurso econômico sustentável e de grande impacto para todos nós.

(Na próxima reportagem, o exemplo da água AMA, da empresa Ambev e um sobrevoo sobre a água dentro das políticas do governo).

Eu Errei: “Não queremos a sua ajuda”

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A gente precisou mostrar para as empresas que acessibilidade é uma oportunidade.” Ronaldo Tenório demorou para encontrar o equilíbrio entre ser “missionário” e “mercenário”, como ele próprio costuma dizer. CEO e fundador da Hand Talk, Ronaldo enfrentou o desafio de trabalhar em uma empresa charmosa e com uma causa forte: um tradutor de libras digital para a inclusão de surdos na sociedade. Porém o faturamento não vinha.  Potenciais clientes da sua solução viam a Hand Talk apenas como mais um projeto legal, mas demoraram a entender que poderiam contratar seu serviço. A virada veio com uma mudança de mentalidade: falar menos da causa em si para aprender a se vender melhor, enquanto negócio. “Se o negócio for escalável, ganhar dinheiro e gerar impacto é a melhor forma! A turma do bem sempre tem que trabalhar de graça?”, questiona.

Leia a reportagem completa e assista o 9º episódio da série Eu Errei

Eu Errei: Henrique Castan, da Nutriens

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“Eu estava começando um negócio a partir de uma ideia. Mas um negócio deve começar para resolver problemas.” Henrique Castan já tinha 36 anos e muita experiência enquanto executivo quando fundou com sua irmã, Natalia, a Nutriens. A empresa nasceu para democratizar e popularizar o acesso a alimentação orgânica no país, principalmente entre faixas da população de menor renda. Porém, antes de se tornar o que é, a Nutriens teve de passar pela prova de fogo de sobreviver à vaidade, principalmente do seu fundador. Como ele mesmo disse, começar no empreendedorismo social partiu de uma solução, que, para Henrique, parecia maravilhosa. Se tivesse insistido nela, a Nutriens nem chegaria até aqui. “Às vezes aquela ideia aparentemente perfeita que vem da cabeça do fundador pode não ser a melhor. Aliás, ela não é a melhor”, conclui Henrique.

Leia a reportagem completa no Eu Errei!

Eu Errei: Gustavo Fuga, da 4you2

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“Tem que testar pequeno para depois fazer a rolagem.” Simples assim. Gustavo Fuga aprendeu de modo até um pouco pitoresco qual é, às vezes, o limite do ímpeto disruptivo que o levou a criar a 4you2. A escola de idiomas nasceu em 2012 com o sonho de democratizar o acesso ao ensino de inglês usando de tecnologia para baratear seus custos. O foco está em alcançar principalmente a população de baixa renda. E tem dado certo: são mais de 10 mil estudantes desde o início da operação em cinco unidades espalhadas pela cidade de São Paulo. Recentemente, porém, na tentativa de digitalizar os processos, a escola optou por enviar os boletos de pagamento para os clientes por e-mail. “Foi quando a galera começou a não pagar”, resume Gustavo.

Leia a reportagem completa no Eu Errei!

Por que empreender na periferia é um ato político!

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Evento: Dia 14 de agosto às 19h na Câmara Municipal de São Paulo

PARTICIPE E INSCREVA-SE NO EVENTO

A desigualdade que atravessa a cidade de São Paulo também está na realidade de milhares de empreendedores da periferia. Quem decide e busca criar um negócio a partir da potência cultural e humana dos territórios enfrenta a falta de apoio, crédito, além de muito preconceito. Empreender na periferia é, sobretudo, um ato de coragem diante das dificuldades e da ausência de políticas públicas. É também um ato político.

Pesquisa do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV EAESP) revela que o empreendedorismo periférico possui capital inicial 37 vezes menor, quando comparado com negócios sociais de outras regiões. Enquanto um homem branco tem, em média, acesso a crédito de cerca de R$ 712 mil, uma mulher negra tem apenas R$ 19mil. Os números demonstram a perversa discrepância das desigualdades territoriais e comprovam como, na periferia, um(a) empreendedor(a) não pode seguir apenas seus próprios sonhos, precisa ir além e superar outros desafios.

O encontro reúne alguns empreendedores que atravessaram essas desigualdades e especialistas que ajudam a compreender os desafios do empreendedorismo periférico na cidade de São Paulo. O debate busca trazer para o centro da agenda a importância de criar políticas públicas pensadas por e para empreendedores que vivenciam a periferia e conhecem as soluções a partir dos territórios justamente no ano em que a população escolhe e decide os rumos da cidade nas eleições municipais. * Encontro presencial aberto com vagas limitadas a lotação da sala * O final da explanação será aberto para falas e contribuições do público

Aupa publica relatório anual 2023 do Instituto Votorantim

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Por mais um ano o Instituto Votorantim publicou seu relatório de atividades com o apoio editorial da Aupa jornalismo de impacto. A criação e apuração da publicação de 2023 foi realizada para contar a história e a trajetória de impacto e contou com versão em português e inglês, além de versão digital e impressa.

Conheça e acesse o relatório neste link

Novo Censo GIFE é lançado em São Paulo

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O Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) apresentou, na tarde desta quarta-feira (29), novo Censo que revela: recursos privados direcionados a ações de impacto social vêm crescendo no país. Os dados mostram que, apesar do desafiador cenário econômico brasileiro, o Investimento Social Privado (ISP) passou de R$ 3,6 bilhões, em 2019, para R$ 4,8 bi, ano passado: aumento de mais de 30%, neste período [em valores atualizados pelo IPCA].

Produzido desde 2001, o Censo fornece um retrato relevante do setor. O GIFE agrega parcela robusta do ISP, com 170 associados que respondem por importante fatia da economia, entre instituições de origem empresarial, familiar ou independente.

“O principal objetivo do estudo é apresentar características e tendências do setor, apontando caminhos para o fortalecimento da filantropia e a redução das desigualdades no país”, destaca o secretário-geral do GIFE, Cassio França.

De acordo com a pesquisa, o volume de investimentos mobilizados ano passado nivelam-se ao do ano de 2014 e é maior que de todos os anos a partir de 2015. Fica abaixo apenas do ano pico da pandemia da Covid-19 [2020], quando a sociedade civil organizada se articulou de em socorro ao país:

Do valor global [R$ 4,8 bilhões], R$ 2,1 bilhões foram direcionados à execução de projetos próprios dos investidores. Um total de R$ 1,8 bilhão foi repassado a terceiros [Organizações da Sociedade Civil (OSCs), negócios de impacto, universidades e centros culturais, entre outros]. O restante dos recursos [R$ 900 milhões] refere-se a despesas administrativas e de infraestrutura.

ÁREAS TEMÁTICAS — O Censo GIFE tornou-se referência no campo do ISP ao apresentar importante panorama sobre recursos financeiros privados destinados a iniciativas sociais em áreas como educação, equidade racial e de gênero, saúde, meio ambiente, sustentabilidade. A pesquisa também mostra formas de atuação, estrutura e estratégias dos investidores. Essa edicão traz na maneira de informar a representatividade orçamentária por áreas temáticas. Educação continua na liderança, mas a tendência de queda.

Outro dado que chama a atenção no Censo 2022/2023 é a evolução do volume de investimento conforme o tipo/perfil de investidor. Destaque para os institutos, fundações ou fundos independentes, que responderam por 18% do ISP mobilizado ante 8% na edição anterior da pesquisa. A governança segue sendo um desafio: 81% de institutos e fundações afirmam não terem políticas para promoção e ampliação da diversidade nos conselhos deliberativos.

Clique aqui para acessar o relatório completo

Talentos periféricos e o futuro do trabalho

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O mundo do trabalho vem se alterando de forma significativa nas últimas décadas no Brasil e no mundo. Qual sua visão sobre o futuro do trabalho?

Parece clichê, mas é realmente difícil dissociar tecnologia desse futuro. A sensação que tenho é que estamos em um movimento de retração se compararmos ao início da revolução industrial. Sinto que a classe trabalhadora, uma vez imbuída das ferramentas disponíveis hoje, têm mais chances e condições de garantir uma mobilidade social ou ainda compreender melhor os seus direitos. É claro que não ter recursos para, por exemplo, ter acesso a um computador e internet ainda é uma realidade e um grande limitador aos mais pobres, por isso a necessidade de fazer valer a inclusão tecnológica junto a um plano de educação.

 

No Brasil, algumas empresas já começam a adotar a jornada de 4 dias da hora de trabalho. Acredita que será uma realidade possível no país?

É um tema bastante controverso e parece dividir as pessoas dentro de seus próprios interesses. Eu, particularmente, acho que depende se a política pode ser adotada sem atrapalhar o resultado da empresa no longo prazo. Fatores como o ritmo do mercado, atividade profissional e estabilidade do negócio podem viabilizar ou não uma adoção dessas. De um modo geral, acho que é possível sim. Mas não serão todos os setores que conseguirão perceber e aplicar o benefício aos trabalhadores, que deve ficar restrito à indústria criativa e ao setor de serviços. Para não promover ainda mais desigualdade, precisamos de regulação, mas sabemos que para o governo é um tema de difícil adesão. À medida que as experiências mostrem resultados benéficos em outros países, será mais fácil adotar no Brasil. Mas com o nosso background conservador em temas relacionados aos trabalhadores, creio que ficaremos no final da fila nesse aspecto.

Inadmissível mesmo é transformarmos isso em uma guerra ideológica, como se trabalhar 4 dias apenas fosse sinônimo de preguiça.

 

Nos fale como enxerga o Home Office no pós pandemia e o que pensa sobre o embate entre empresários e trabalhadores nesse regime de trabalho?

Hoje, quando olho para esse tema penso mais no desenvolvimento das pessoas. Eu cresci em Santíssimo, periferia do Rio de Janeiro, e trabalhei 5 anos no centro do Rio. Eram 2 horas para ir e 2 horas voltar em uma situação humilhante de transporte público, vendo assédios, brigas, assaltos e tudo que você possa imaginar. Nos primeiros anos eu era estagiário, ou seja, recebia para aprender e tinha que me deslocar. Nos últimos 4 anos eu trabalhei em regime Home Office como consultor, já usando os conhecimentos adquiridos nas experiências profissionais que tive, então acho que essa decisão tem muito a ver com a aprendizagem. Se você me perguntar se eu aprendi alguma coisa nova com meus pares online nesses últimos anos em relação aos meus pares do presencial, afirmo categoricamente que nem se compara. O regime presencial é muito importante para quem está em início da carreira, independente da área de atuação. Conforme a pessoa vai ganhando mais experiência e currículo acho que as empresas podem flexibilizar e, se tiverem uma cultura forte de trabalho online, quem sabe o remoto não dê até mais produtividade e chances de contratar os melhores profissionais sem barreiras geográficas. Uma ressalva: o trabalho remoto requer uma política interna porque imagina você décadas dentro da sua casa 5 dias por semana? Isso mexe com o psicológico de qualquer um. Mais uma vez, acho que os empresários devem ter bom senso para definir como o home office pode ou não ser benéfico para o momento de vida de cada colaborador, olhando apenas uma coisa:

o que ele (trabalhador) entrega de valor para a empresa e o que é melhor para ele.

 

O Brasil tem mais da metade de sua força produtiva no mercado informal e menor demanda por regime CLT. Qual é o papel de programas como jovem aprendiz ou estágios para jovens nesse contexto de não regularização do trabalho?

É preciso conscientizar. Há grandes riscos e responsabilidade ao ser PJ e grandes desafios ao assumir uma cadeira como CLT. Existem oportunidades e carreiras que se adequam melhor a um tipo de contratação e quando acontece um encaixe errado, infelizmente quem mais se machuca é o trabalhador. Daí a importância de educar os jovens sobre essas escolhas profissionais. Quando olhamos para uma faixa etária maior, inclusive, a informalidade é muitas vezes fruto de uma percepção errada dos ganhos. Por exemplo, o cara olha um salário CLT de R$ 1.500 + benefícios e pensa: faço R$ 3.500 por fora nos meus horários, mas não coloca na balança que o “mês a mês” oscila, não pensa em pagar o INSS por fora mesmo tendo MEI, e acaba que no final sai perdendo e entra em risco.

 

O jovem é um dos perfis de trabalhadores que mais sofre e tem dificuldade em conseguir inserção no mercado. Como a realiza.vc entende e enfrenta esse desafio?

O jovem que pensa em trabalhar geralmente não é o mais rico, né? Essa urgência toda geralmente fica com os mais pobres que querem ter suas necessidades atendidas. A gente olha dessa forma para esse assunto. A classe trabalhadora média geralmente é composta por jovens de baixa renda que não são da extrema pobreza e tiveram melhores oportunidades educacionais com famílias minimamente estruturadas. Então, a gente lida com esse desafio entendendo o nível de vulnerabilidade do jovem, por meio de um assessment, antes de fazer qualquer coisa. Além disso, capacitamos as empresas sobre quem elas estão contratando como Jovens Aprendizes e como elas estão protagonizando a diversidade com a gente. Não queremos fazer mais do mesmo. Queremos sim dar oportunidades reais e aprendizado para os jovens ao mesmo tempo em que as empresas possam incluir jovens com vontade de se desenvolver e realizar.

 

O perfil e os valores do jovem hoje são distintos de gerações passadas. Não existe perspectiva de carreira a longo prazo e muita volatilidade quando a empresa não atende os interesses e valores desse jovem. Como enxerga essa questão?

Nós consideramos do lado de cá três tipos de jovens: o jovem rico que tem tempo e múltiplas escolhas de emprego; o jovem de baixa renda que tem urgência e precisa trabalhar, e o jovem vulnerável que além de ser baixa renda tem várias outras vulnerabilidades e nem sequer tem oportunidade. Quando você fala sobre propósito, por exemplo, é algo bem restrito aos dois primeiros tipos de jovem e olhe lá. Na nossa cabeça, empresas de propósito mesmo são aquelas que oportunizam um jovem vulnerável a ponto dele ter a chance de sentar numa mesa e conversar sobre propósito, cultura e valores de igual para igual.

Então acho que é nosso dever romantizar o mínimo possível o trabalho e encarar essa percepção da realidade originada pelo privilégio.

Nos fale sobre os principais desafios do programa realiza.vc? Como é o modelo de negócio, o impacto que busca gerar e os resultados a médio e longo prazo. Fale sobre a proposta de valor e das expectativas?

Somos uma ONG que se financia a partir do Programa Jovem Aprendiz e temos um conselho bem heterogêneo, composto por empresários, executivos, servidores públicos e gestores do terceiro setor. Eu e Leandro, somos dois periféricos e fundamos o Realiza para atuar de forma independente e constituímos a associação sem utilizar recursos da iniciativa privada. Optamos por essa forma de concepção e um modelo de governança que nos permitisse construir uma operação que não olha para o Jovem Aprendiz como um cursinho a ser vendido de forma B2B e sim como uma política pública que promove a inclusão produtiva no Brasil.

Nosso maior desafio por aqui sem dúvidas é conciliar o interesse das empresas pelos jovens com maior formação e o olhar para a diversidade, de forma a encontrar o mínimo denominador comum.

Se a gente não faz isso bem, a gente não cumpre o nosso propósito e o que originou a nossa indignação. Temos um perfil claro de quem deve se beneficiar do Jovem Aprendiz e certamente não deveria ser o universitário que só quer um estágio ou o filho rico do colaborador da empresa. São muitas as organizações que desperdiçam a chance de transformar um programa desse em um exportador de talentos com diversidade, principalmente para tecnologia. E é aí que está a nossa proposta de valor. Todos os nossos conteúdos têm a ver com a indústria 4.0 e foram pensados para aumentar as chances de mobilidade social do jovem vulnerável. Mas precisamos de líderes de RH que estejam cansados de mais do mesmo também e queiram fazer diferente, é por isso que estamos convidando empresas – que tenham vagas para 2024 em São Paulo – a falarem com a gente antes de seguirem o caminho conhecido. 

Filantropia baseada na confiança: redistribuição de poder

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Por: PAMELA RIBEIRO / conteúdo publicado em parceria com GIFE

Projeto — com guias traduzidos e lançados pelo GIFE [Grupo de Institutos, Fundações e Empresas] — busca inverter lógica que coloca doador como protagonista de ações filantrópicas, qualificando relacionamento entre doadores e donatários

 

A filantropia no Brasil está, cada vez mais, aberta para mudanças internas que a qualifiquem e, por consequência, gerem melhores resultados e mais impacto. Em especial após a pandemia da Covid-19, observa-se a preocupação de investidores sociais privados por rever suas estratégias e práticas em busca de uma filantropia mais transformadora. Nesse sentido, a filantropia baseada na confiança tem se mostrado um caminho promissor.

Em sua essência, esta abordagem da filantropia busca lidar com os desequilíbiros de poder inerentes a doadores e donatários, construindo relações mais equitativas e longevas. Para ampliar esse debate, o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE) acaba de traduzir e lançar quatro guias do “Trust Based Philanthropy Project” [“Projeto de Filantropia Baseado em Confiança”].

A iniciativa nasceu nos Estados Unidos e busca exatamente qualificar o relacionamento entre doadores e donatários. Por meio de uma abordagem holística, investidores sociais privados são convidados a refletir sobre seus valores e a reavaliar quatro dimensões da organização: cultura, estruturas, lideranças e práticas. Parte-se da premissa de que qualquer mudança externa demanda transformações internas; por isso, a importância de se trabalhar cada uma destas quatro dimensões de forma honesta e autêntica.

O objetivo do GIFE com esta iniciativa é contribuir para a qualificação de estratégias e práticas do grantmaking [“doações] no Brasil. Nesse sentido, a filantropia baseada em confiança é uma importante abordagem para o desenvolvimento de uma filantropia mais transformadora, na medida em que busca inverter uma lógica que coloca o doador como protagonista das decisões e não reconhece os saberes dos donatários: aqueles que vivem nos territórios e detém o verdadeiro conhecimento para as transformações necessárias.

Apesar do recente espaço que vem ganhando, o debate sobre a filantropia baseada em confiança se mostra atemporal devido à sua importância organizacional. Hoje, mais do que nunca, precisamos de uma filantropia capaz de fortalecer organizações e iniciativas da sociedade civil. Para isso, são necessários mais recursos filantrópicos e com destinação e aplicação mais flexíveis, para que as instituições — em especial, àquelas que estão nos territórios e nas periferias — possam escolher a melhor forma de aplicá-lo em benefício à coletividade.

* Pamela Ribeiro é coordenadora de programas do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE)

Série conta a jornada de cinco potências comunitárias

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Conheça e inspire-se em lideranças comunitárias, empreendedores sociais e ativistas climáticos que estão fazendo a economia solidária acontecer nas quebradas de São Paulo. Aprenda com 5 experiências bem sucedidas de coletivos, movimentos e organizações que atuam com gastronomia, moradia, meio ambiente e cultura dentro dos bairros com as comunidades. Inspire-se nas histórias de Amanda Costa, Dj Bola, Ana Nascimento, Edson Leite e Claudia Garcez e conheça como eles transformam seus territórios.

Episódios foram gravados em formato de entrevistas em áudio e estão disponíveis em plataforma EAD que permite acessar outros conteúdos, fóruns de debate e certificado. Conheça os temas e a série Potências Comunitárias:

  • A juventude da quebrada contra a crise climática – 23 min – Amanda Costa – Perifa Sustentável

  • A arte e a cultura das ruas e a voz dos bairros – 25 min – Dj Bola – A Banca

  • Mulher, trabalho e renda da periferia – 23 min – Ana Nascimento – Preta Produções

  • Gastronomia da quebrada, vegana e sem desperdício – 19 min – Edson Leite – Gastronomia Periférica

  • Quem tem direito a um teto para morar? – 34 min – Cláudia Garcez – MTST

Projeto é uma realização da Casa Gernika junto com a Aupa. Acesse e conheça mais

Amanda Costa

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Amanda Costa é uma ativista, embaixadora da ONU e líder do projeto “Perifa Sustentável”. Neste podcast, ela compartilha suas experiências e determinação em enfrentar os desafios socioambientais. Ela explica porque essas questões são relevantes para o povo da periferia, e o que você pode fazer para ajudar.

Para Amanda, coisas como o preço da comida, a ocorrência de enchentes, e mesmo o acesso à água e saneamento, são problemas ligados à luta climática. São, também, questões que afetam principalmente populações pobres, periféricas e indígenas. Por isso, ela explica que são essas as pessoas que mais têm a ganhar com o ativismo ambiental.

Para ouvir esse e outros episódios acesse a plataforma Potências Comunitárias

Edson Leite

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Edson Leite começou sua jornada nas quebradas do bairro São Luiz. Lá, ele enfrentou desafios comuns a muitos jovens que crescem em comunidades periféricas. A vida o confrontou com uma decisão difícil, mas Edson teve a oportunidade de viajar para Portugal atrás de melhores condições, onde descobriu sua paixão pela culinária.

Ao retornar ao Brasil, ele decidiu se dedicar à gastronomia, tornando-se defensor da transformação social pelo comida. Criou a Gastronomia Periférica e, em companhia com sua sócia Adélia, empreendem a Gastronomia Periférica, com escola, restaurante, eventos e outras iniciativas.

Para ouvir esse e outros episódios acesse a plataforma Potências Comunitárias

Dj Bola

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DJ Bola é morador do Jardim Ângela, região periférica de São Paulo. Desde cedo ele se envolveu em atividades comunitárias, música e cultura. Ele é um dos fundadores da “A Banca”, uma produtora e movimento juvenil cultural que teve início em 1999, focada principalmente em eventos de hip hop. Este movimento surgiu como uma resposta à realidade violenta que predominava nas periferias na época. O objetivo era empoderar os jovens a partir da música.

Ao longo dos anos, DJ Bola e sua Banca expandiram seus horizontes para áreas como cultura, música, serviços de consultoria, projetos para fundações e institutos, além de articular e fomentar negócios de impacto social nas periferias. Eles também estabeleceram colaborações valiosas, incluindo parcerias com a FGV (Fundação Getúlio Vargas), Artemisia e outras organizações.

Para ouvir esse e outros episódios acesse a plataforma Potências Comunitárias

Ana Nascimento

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Mulher negra, e professora de formação, Ana Nascimento chegou à Cidade Tiradentes em 2014. Se mudou para o bairro impulsionada por suas raízes identitárias e pelo histórico cultural e de resistência da região. Uma das primeiras lições que Ana aprendeu em sua jornada foi a importância da autoconsciência. Como mulher negra ela enfrentou estereótipos e preconceitos que tentavam diminuir o valor de suas realizações.

Ana Nascimento acredita na importância de formar redes de apoio e colaboração. A partir de iniciativas como a Fashion Revolution e a Preta Produções, ela busca criar e fortalecer redes de apoio e gestão comunitária. Um de seus objetivos é  trazer mais consciência e empoderamento para outras mulheres por meio de seu trabalho e discurso.

Para ouvir esse e outros episódios acesse a plataforma Potências Comunitárias

Destaques do Portal

Aupa publica relatório anual 2023 do Instituto Votorantim

Projeto editorial contemplou produção de textos e design, além de edição impressa e criação de peças de divulgação e versão inglês.