Chiara Gadaleta atua na indústria da moda há mais de 25 anos. Nos anos 1990, como modelo, desfilou para grifes como Chanel e Versace. Apaixonada pela moda, em 2008 criou a Ecoera, plataforma que encontra soluções de sustentabilidade para o mercado fashion e outras empresas.

A consultora de sustentabilidade é natural da cidade de Nápoles, na Itália, e veio para o Brasil ainda na infância. Depois que atuou como modelo sentiu uma necessidade de aproximar a moda e a beleza das reais necessidades das pessoas e do planeta. Ela já apresentou o programa “Menos é demais”, do canal à cabo Discovery Home & Health, programa que trabalha a temática consumo consciente e sustentabilidade na moda e vem sendo apontada como um dos nomes brasileiros ligados à sustentabilidade da moda.

Cada vez mais cidadãos estão se conscientizando da necessidade de adquirir hábitos que, multiplicados por meio de redes sustentáveis, têm um efeito positivo direto na estabilidade do planeta. Por isso, para ela, alguns passos simples podem melhorar a nossa relação com as roupas. Por exemplo, observar a etiqueta da roupa, descobrir quem a produziu, como aconteceu a produção e quais materiais foram utilizados.

Nesta entrevista, Chiara fala mais sobre moda sustentável, cadeia de produção e a nossa relação com a roupa, que pode influenciar positivamente – ou não. “Hoje acreditamos que a moda que nos representa precisa nos vestir de consciência limpa e que as roupas que usamos precisam espalhar boas notícias sobre o planeta e as pessoas”, afirma Chiara. Confira o diálogo completo: 

AUPA – O que podemos entender como moda sustentável? 
Chiara Gadaleta – Trata-se da moda com atributos sustentáveis e que tem um olhar responsável em toda a sua cadeia de valor, desde o plantio ou a produção da matéria-prima até o descarte.

Clique para ampliar a imagem. Crédito: Equipe de Arte Aupa.

AUPA – Como aquilo que vestimos pode estar relacionado com impacto socioambiental? 
Chiara Gadaleta – A produção de qualquer bem de consumo tem impacto no meio ambiente e na sociedade. No caso da moda, estamos falando de uma indústria que emprega milhões de pessoas, que utiliza água e energia, além de produzir descarte têxtil. Esses desafios precisam ser olhados como ferramentas de medição, em busca da redução com metas de melhor gestão de recurso hídrico ou compensação e neutralização de emissão de gases que provocam efeito estufa. Nesse processo de análise de cadeia de valor, podemos implementar boas práticas e melhorar a performance das empresas de moda, no que diz respeito ao ESG (environmental, social and corporate governance – na tradução livre em português, ambiental, social e governança corporativa).

Faz-se necessário um olhar apurado e detalhado para a cadeia de produção, além de saber identificar melhorias e implementar projetos de impacto positivo.

AUPA – O ambiente da moda é retratado, muitas vezes, como tóxico, em termos de saúde mental. Como pensar em inovação neste ambiente, partindo das relações pessoais?
Chiara Gadaleta – É necessário promover a diversidade na contratação e na representatividade grupos minorizados. Isso é fundamental para que a moda possa fazer parte das mudanças que o mundo pede hoje. 

AUPA – Como a moda pode estar alinhada aos investimentos sustentáveis e também aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU?
Chiara Gadaleta – A moda alinhada aos ODS pode fazer parte das discussões sobre clima, água, igualdade de gênero, dentre todos os temas da proposta da ONU. Um exemplo é a iniciativa A moda pela água.  

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