Impacta Mais ON: confira os destaques do evento que reuniu o ecossistema de impacto

Mais de 30 nomes abordaram os desafios e caminhos do setor frente ao contexto da pandemia

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Nos dias 30 de junho e 1º de julho, o ecossistema de impacto se reuniu para o evento “Impacta Mais ON – Construindo uma nova economia com impacto positivo”. A versão on-line foi um aquecimento para o Fórum de Investimentos e Negócios de Impacto, previsto para acontecer presencialmente em 10 e 11 de novembro. A realização do evento foi feita por ICE (Instituto de Cidadania Empresarial), Impact Hub e Vox Capital.

A abertura do fórum contou ainda com a apresentação do DJ Bola, membro da ANIP, da A Banca e do grupo Abôrigens. Na seleção sonora, Bola escolheu canções que dialogam com momento de apreensão mundial que estamos vivendo.

Durante os dois dias, a audiência de mais de 1.000 pessoas participou de diversas discussões sobre o papel do setor de impacto e seus diferentes atores, especialmente na recuperação do mundo pós-pandemia, com mais de 30 nomes entre painelistas e mediadores. Os vídeos do evento podem ser conferidos aqui.

Na abertura do evento do dia 30, Célia Cruz, diretora executiva do ICE, trouxe um cenário dos investimentos pré-Covid-19. Segundo dados preliminares da ANDE, entre 2019 e 2020, no Brasil, R$5 bilhões foram destinados a negócios de impacto. 

“Precisamos impulsionar negócios de impacto que têm demanda na crise, ao mesmo tempo que precisamos proteger os outros negócios de impacto para que sobrevivam e se reinventem”, comenta Célia Cruz.

Os impactos da pandemia também foram tema de reflexão dos participantes. O convidado internacional, Sir Ronald Cohen, chairman do Global Steering Group for Impact Investment (GSG) e conhecido como um importante investidor social, alertou para a importância do apoio aos mais vulneráveis, como moradores de rua e mães solteiras.

“Após a crise, temos que nos concentrar em três esforços principais: retreinar os desempregados, apoiar os informais e investir em educação para que as pessoas concluam os estudos”, reflete Sir Ronald Cohen.

 

Créditos da foto: Reprodução.

O painel de abertura do evento “Do Global ao local: Qual a contribuição dos investimentos e negócios de impacto para novos paradigmas econômicos?” teve como participantes: Adriana Barbosa (Feira Preta),  Neca Setubal (Fundação Tide Setubal), Denis Minev (Grupo Bemol) e a mediação de Daniel Izzo (Vox Capital). O impacto como centro da economia foi uma das linhas abordadas pelos palestrantes.

“Esse momento descortinou esse capitalismo em que as pessoas não eram o centro. Temos que pensar em uma economia com o desenvolvimento central das pessoas”, afirma Neca Setubal. 

A falta de investimentos para os empreendedorismos negro e indígena por conta de modelos mentais atrasados foram levantados pelos palestrantes Adriana Barbosa, da Feira Preta, e Denis Minev, do Grupo Bemol. 

“Tenho essa sensação de que o investimento negro é olhado como algo sem escala por muitos investidores. Os saberes ancestrais têm muita tecnologia e usar essa capacidade seria uma potência para o nosso país”, comenta Adriana Barbosa.

Para Denis Minev, do Grupo Bemol, é fundamental investir nas potencialidades indígenas para além do artesanato.

Créditos: Agência Ophélia.

“Eu acredito que, quando o Brasil olha para o Amazonas, tem uma obsessão ambiental. È o modelo mental que eu gostaria de quebrar, pois aqui há 25 milhões de brasileiros que também sonham prosperar”, conclui. 

Após o primeiro painel, o Impacta Mais On propôs um exercício aos participantes pela plataforma Zoom para uma construção de visões de futuro para a agenda de impacto no Brasil. Em paralelo às sessões, uma transmissão on-line pelo YouTube anunciou os vencedores das últimas edições dos Prêmios Academia ICE e Prêmio Jornalista de Impacto (realização ponteAponte) e uma conversa sobre a iniciativa IdeiaGOV hub de inovação do Governo do Estado de São Paulo em parceria com o Impact Hub São Paulo. 

A mensagem final do primeiro dia de evento veio do convidado internacional Otto Scharmer do Presencing Institute, que reforçou a necessidade de refletir sobre a realidade e agir frente às desigualdades.

“Hoje vemos outro tipo de muro caindo, não é um muro de sistemas, é um muro entre como eu me conecto ao sistema. Nosso engajamento com a realidade, nós estamos fazendo uma escolha. Estamos nos abrindo ou dando às costas?”, reflete Otto.

O segundo dia de evento, 1º de julho, trouxe como foco a jornada pessoal de empreender e investir com impacto. Para o debate sobre empreendedorismo, Alessandra França (Banco Pérola) e Carlos Humberto (Diaspora.Black) contaram suas experiências e desafios de ter um negócio de impacto, especialmente neste contexto de pandemia. 

“O nosso setor, que é o turismo, foi o mais afetado. Por outro lado, encontramos alternativas, começamos a vender experiências on-line. Cursos que trabalham a questão racial. Atividades de autoconhecimento, festivais de gastronomia. Alternativas para driblar esse desafio e afroempreendedores continuarem a ofertar os serviços deles”, comenta Carlos Humberto, dono da Diaspora.Black.

Na outra ponta estão os investidores de impacto, que têm a oportunidade de direcionar fundos para negócios que buscam reduzir desigualdades. Charly Kleissner, da Felicitas Foundation, investe neste setor desde 2001. Ele ressalta que os financiamentos coletivos dão a possibilidade de cada um fazer sua parte sem necessariamente ter um grande patrimônio.

Créditos: Reprodução.

“Quando você resolve se dedicar para o impacto, o retorno não é todo para você, senão você não teria feito essa decisão. Hoje, com 25 dólares é possível contribuir para uma iniciativa de impacto da mesma forma que pessoas muito ricas podem fazer”, diz Charly.

Para fechar a programação dos dois dias de evento, cinco sessões paralelas foram organizadas com painéis em diferentes frentes.

São elas: 1. Formação e aceleração de empreendedores para impacto; 2. Compromisso de investidores e negócios com impacto; 3. Reconhecimento do mercado e resultados de impacto; 4. Governos, tecnologia e periferias impulsionam impacto; e 5. Economia de impacto e um chamado para grandes empresas. Parte dos diálogos dos painéis usou como mote o exercício: como o setor se imagina dentro de cinco anos – uma projeção para 2025.

O Impacta Mais ON mobilizou e treinou mais de 100 voluntários para atuar na facilitação e apoio técnico em sessões paralelas e grupos de discussão. 

A seguir, confira algumas das canções que fizeram parte da trilha sonora do Impacta Mais On: 

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