Os recordes de doações
e de ações solidárias
parecem um tanto quanto desalinhados
com o quadro atual
da sociedade civil brasileira.
Há tempos, ela
respira por aparelhos.
OSCs (ONGs) já vinham mal das pernas
muito antes da pandemia.
E agora parecem agonizar
ainda mais.
Em especial, as pequenas e médias,
as longe dos holofotes,
ou seja,
a grande maioria que atua na raça
neste país.
Aliás,
o discurso empreender, de que
abrir um negócio é ato heroico
contra o Estado malvado,
poderia muito bem ser
utilizado pelo Terceiro Setor,
pois haja falta de apoio de um lado
e uma ‘clientela’ sem fim do outro.
E, de repente, passamos a ouvir
repetição de discursos de que ‘ia tudo bem’
no nosso país
e que se não fosse a pandemia
estaríamos voando alto.
Sério?
Talvez, para a mesma elite de sempre, sim,
faça chuva ou Sol,
estejamos em regimes democráticos
ou nem tanto
e
ela segue por cima da carne seca.
E parte da massa
compra facilmente esse discurso,
inclusive no campo do impacto.
Um passo pra trás pra
relembrar os cenários
do projeto sociedade civil 2023?
Em especial, o cenário ‘amarelinha’
não resume bem o trágico momento em que estamos?
Sim,
vivemos recordes de doações
de um lado
(viva!)
E de grave crise
para a sociedade civil
organizada
e desorganizada,
com e sem CNPJs,
com e sem padrinhos importantes,
com ou sem modelo de negócio.
Avanço do autoritarismo,
preconceitos escancarados,
vulnerabilidades sociais explodindo,
desafios crônicos de sustentabilidade $
e falta de $ paciente para apoiar a bancar custos fixos
dos ‘fazedores de impacto’ que estão f#! neste momento.
Mas todos esses ingredientes
parecem não poder ser debatidos
entre os ‘fazedores de impacto’,
Pois pode melindrar parceiros,
empresas,
investidores,
governos.
Enfim,
o capital.
Afinal,
os mercados não podem ficar nervosos.
Então,
vamos celebrar os recordes de doação,
a qual não tem conseguido chegar
a essa maioria invisível do setor
e a topar financiar seus custos administrativos.
Mas sonha-se que, após a pandemia,
tudo isso vai mudar.
Feche os olhos e
imagine por um segundo
o caos ainda maior que seria
sem as Organizações da Sociedade Civil
(e negócios de impacto)
nesta pandemia.
Sem dúvida!
Difícil com elas,
um caos completo sem!
Agora imagine quando a pandemia passar (não, não será mês que vem).
Qual o tamanho da terra arrasada
em que o setor estará?
Será mesmo que as Organizações
da Sociedade Civil e os negócios de impacto
sairão fortalecidos após a pandemia?
Qual sociedade civil?
Qual democracia?
Qual retomada econômica?
Todo seviracionismo,
por mais perspicaz que seja,
tem seus limites.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião de Aupa.