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Campo de negócios de impacto celebra retorno de 26% em um de seus cases

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Entre os dias 6 e 7 de junho, aconteceu em São Paulo o Fórum Brasileiro de Finanças Sociais e Negócios de Impacto. O evento é o maior a tratar dessa temática da América Latina e, não à toa, reuniu os principais atores do campo no cenário nacional e internacional.

A organização do fórum é fruto da parceria entre o Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), a gestora de investimentos de impacto, Vox Capital, e a Impact Hub, rede internacional de apoio para empreendedores do setor.

Avanços e perspectiva otimista

Abrindo as atividades do Fórum, Célia Cruz, diretora-executiva do ICE, Daniel Izzo cofundador da Vox Capital, e Henrique Bussacos, da Impact Hub, apresentaram juntos um balanço do campo de 2014 para cá. Hoje, os negócios de impacto movimentam U$ 114 bilhões de dólares no mundo, como citou Daniel Izzo.

“Finalmente conseguimos provar que os ‘hippies de São Francisco’ não são uma moda passageira. Dá para a gente trazer de outro jeito um capital com propósito”. Foi assim que Célia Cruz iniciou sua exposição. As três instituições citadas acima fazem parte da Força Tarefa de Finanças Sociais, o grupo que estimula e fomenta ações direcionadas ao campo no Brasil. Entenda mais sobre este trabalho aqui. Recentemente, o grupo publicou seu relatório de ações de 2017.

É possível ter uma ideia da evolução do campo a partir do crescimento do próprio Fórum. A sua primeira edição foi em 2014, na qual participaram 500 pessoas, dos painéis com 25 palestrantes internacionais e 60 brasileiros. Neste ano, compareceram mais de mil pessoas, com apenas seis panelistas internacionais e 170 brasileiros.

“Estamos tendo um crescimento mesmo com a pior crise que o país passou de os tempos. Como vocês podem lembrar”, destacou Daniel Izzo. Foi neste contexto, inclusive, que a Vox celebrou o primeiro caso de saída de investimento, com um retorno de 26% ao ano com a TEM. A empresa comercializa cartões pré-pagos para serviços de saúde particulares, como consultas e exames. Segundo informações do Valor Econômico, a Vox vendeu quase 30% de sua participação. O resultado veio apenas três anos depois do aporte de R$ 3 milhões feito na empresa, em 2015 – um tempo considerado curto para o setor.

A TEM é uma das dez empresas contempladas por um fundo de R$ 84 milhões, gerenciado pela Vox desde 2012. Um segundo fundo, de R$ 80 milhões, está em fase de investimento, com duas empresas contempladas até o momento.

Chamada a novos investimentos

Já Henrique Bussaco lembrou que no Brasil existe inúmeros problemas sociais para serem resolvidos. Isso configura, por outro lado, um campo de oportunidade para empreendedores motivados a endereçá-los de maneira alinhada aos propósitos de impacto.

“Existe mercado para todos os investidores de impactos. Precisamos de vocês e vice-versa. Para transformar de fato o mundo, é preciso construir uma nova economia. Não vamos resolver isso em um ou dois anos. É preciso muita gente fazendo isso”, concluiu Bussaco.

Em outra fala de abertura,  Amit Bathia, CEO da Global Steering Group (GSG), expressou sua aposta na capacidade do Brasil pode encabeçar o movimento, já que o país é um dos poucos com planos estratégicos para efetivarem políticas de investimentos de impactos na América Latina.

As informações apresentadas no Fórum atualizam a reportagem da Aupa com um panorama dos Negócios de Impacto. Até o ano passado, 79% dos empreendedores do campo estavam procurando investimento, 35% ainda não tinham nenhum tipo de faturamento e apenas 7% faturavam acima dos dois milhões de reais. Leia mais sobre aqui.

Visões periféricas marcam Fórum de Finanças Sociais

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“Como que a gente faz?” Essa foi uma frase usada repetidas vezes durante o primeiro dia do Fórum de Finanças Sociais e Negócios de Impactos, na última quarta-feira (6). O evento – o maior dedicado ao tema na América Latina – reuniu empreendedores, empresas, organizações sociais e o governo para debater e aprofundar sobre o ecossistema de impactos.

Na fala de abertura do fórum, o indiano Amit Bathia, CEO da Global Steering Group (GSG), expressou sua aposta na capacidade do Brasil pode encabeçar o movimento, já que o país é um dos poucos com planos estratégicos para efetivarem políticas de investimentos de impactos na América Latina. A GSG é um grupo internacional que estimula, pelo mundo, ações direcionas ao investimento de impacto.

Bathia recordou, porém, que os movimentos em direção de uma agenda positiva para os negócios de impacto precisam ser inclusivos. “Os pobres não podem ser deixados de lado. Eles são bons clientes para as empresas, mas de forma alguma devem ser explorados como são atualmente”, direcionou. “Este movimento vai para história. Vamos mudar o capitalismo na sua essência, pois todos podem e devem participar. E aqui vejo mudanças nos cenários das empresas.”

Uma perspectiva: do outro lado da ponte

A visão de Bathia encontrou ressonância em outros painéis do evento, adaptando à realidade socioeconômica brasileira. Mas a pergunta se repetiu: como é que a gente faz? Como é possível fomentar inclusão em modelos de negócios? A resposta está com quem vive os efeitos da marginalização.

Também no primeiro dia do evento, painéis com o tema “Periferia, raça e gênero” debateram os impactos de negócios das periferias, diversidades nas empresas, empoderamento da mulher negra e um Brasil mais igualitário. Para isso, trouxe nomes de empreendedores da quebrada.

Quem fez a mediação dos painéis foi a Adriana Barbosa, do Instituto Feira Preta. A organização faz o mapeamento do afroempreendedorismo no Brasil e atua junto com aceleradores e incubadores de negócios negros.

Dentre os participantes, lá esteve  Marcelo Rocha, mais conhecido como DJ Bola. Ele é fundador d’A Banca, uma produtora cultural-social de impacto que utiliza da música, da cultura hip hop, da tecnologia e da educação popular para gerar inclusão, fortalecimento da identidade do indivíduo e empreendedorismo dos jovens. “Os ecossistemas precisam se abrir, por mais que existam inúmeras causas. Existe a quebrada também. Nós estamos aqui. Empresas, nós existimos”, provoca Bola ao explicar a importância de investimentos nas periferias.

O ponto chave de sua participação foi expor de forma de protesto as dificuldades e superações para empreender na periferia. “A gente não tem chance de errar, a gente morre mais cedo. É sério olhem as estatísticas. Estão nos matando… Nós da quebrada podemos romper barreiras, mas para isso precisamos ser protagonistas de nós mesmo”, defendeu. Com esta fala, Bola fez referência a uma máxima, discutida ao longo do Fórum, que inovação depende de mecanismos que permitam ao empreendedor experimentar e errar nos seus modelos de negócio.

Uma perspectiva: a mulher negra

Somando a este olhar, Ana Fontes falou em nome da Rede Mulher Empreendedora, primeira plataforma de empreendedorismo feminino.“ Não vai dar certo se não fizermos essas conexões, pois o dinheiro não pode ficar concentrado nos mesmo lugares. Precisa distribuir o recurso, deixar o país mais igualitário essa é a melhor forma”, instigou.

Outro alerta veio de Greta Salvi, do Fundo Zona Leste Sustentável, pioneira em empreendedorismo inovador. Greta destaca que movimentos para esta temática na região leste de São Paulo, historicamente marginalizada. “ A zona leste ainda é carente desses movimentos. É necessário que eles fossem para lá. Trata-se da região mais populosa da cidade e a que menos recebe investimento”.

O racismo estrutural que impõe dificuldades no percurso do empreendedorismo da mulher negro também foi exposto. Itala Herta, da Vale do Dendê, somou sua voz ao coro. “Incomoda a mulher negra ter autoria, imagina em grande escala”. Original de Salvador, capital baiana, a Vale do Dende é uma holding social que fomenta criatividade, empreendedorismo e inovação voltados à diversidade por meio de aceleração de negócios e consultoria, principalmente.

Já na última mesa, Adriana Barbosa fechou as discussões alertando que para fazer a revolução não pode ter preguiça. “Dá trabalho investir em periferia, mas o retorno dentro da comunidade para fora dela é maior que qualquer coisa”, conluiu.

Força Tarefa publica relatório 2017

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Força tarefa de finanças sociais

A Força Tarefa de Finanças Sociais publicou, em maio deste ano, o relatório com o conjunto de atividades, realizações e avanços em sua atuação para fomentar o segmento. Força Tarefa é como ficou conhecido o grupo com 80 organizações que articulam ações para promover o setor de impacto socioambiental no Brasil desde 2013. A Aupa fez um perfil da atuação do grupo na reportagem de Fel Mendes. Saiba mais sobre aqui.

Avançando em quatro frentes

Do ponto de vista estratégico, o documento divulgado pela Força Tarefa reforça os quatro eixos de ação aos quais o grupo se dedica sistematicamente. O grupo de trabalho se dedica a promover o campo 1) atraindo mais capital para ele, 2) criando um ambiente favorável para a criação de novos negócios de impacto, 3) fortalecer aceleradoras, incubadoras e outros intermediários do segmento e 4) articular legislações que favoreçam este progresso.

Para cada uma dessas áreas, variadas ações foram destacadas. Para conferir o documento completo, clique aqui.

Atraindo mais capital

A aceleradora Artemísia e a Caixa Econômica Federal lançaram uma chamada de apoio a negócios de impacto que promovem inovação na educação financeira e em serviços financeiros. O chamado “Desafio de Negócios de Impacto Social” encerrou duas etapas de seleção que chegaram a 5 startups, que receberam mentoria das duas instituições e até R$ 200 mil para pilotar suas soluções. São elas PoupeMais, Jeitto, DimDim (que encerrou suas atividades em janeiro), QueroQuitar! e SmartMEI.

Outra iniciativa instigante foi o desenvolvimento de um mecanismo de financiamento de negócios de impacto a partir de modelos de Blended Investment, que une fundos financeiros e filantrópicos, de institutos e fundações. O modelo tem sido aplicado, enquanto piloto, no Programa Vivenda, negócio que oferece crédito, planejamento, mão de oibra e material para reformas habitacionais. A ação e o resultado de uma parceria da nVivavenda com a aceleradora Din4mo e o Grupo Gaia. Ao todo, foram captados R$ 5 milhões e a expectativa é que a iniciativa impacte mais de 32 mil pessoas, no prazo de cinco anos.

O modelo de financiamento proposto no Programa Vivenda é um dos assuntos das reportagens de julho da Aupa. Assine nossa newsletter para ficar por dentro.

Fortalecendo pontes com o poder público

Outro desafio do setor tem sido fortalecer uma agenda que reverbere nas instâncias governamentais na direção de criar legislações para a promoção de um ambiente favorável aos negócios de impacto. O ano de 2017 apresentou alguns resultados nessa direção, sendo o principal deles a chancela da Estratégia Nacional de Investimento e Negócios de Impacto (ENIMPACTO). É a primeira iniciativa do poder Executivo do Governo Federal a apontar caminhos para o setor, enquanto engatinham, paralelamente, no Legislativo, iniciativas de projetos de lei que regulamentem o campo. Para saber mais, acesse nossa reportagem especial sobre o tema aqui.

Direções para 2020

O documento, por fim, também traça algumas metas para daqui a dois anos no setor. Do ponto de vista da formação de novos empreendedores do setor, um dos desafios que se impõe é a clareza do conceito “negócios de impacto” para todos que utilizam esta denominação. Se você ainda estiver na dúvida sobre o que é isso, confira aqui nossa explicação.

Outros desafios é na expansão de fundos de investimentos e na oferta de incubadoras e aceleradoras no Brasil que se autodeclaram trabalhando com negócios de impacto.

Embora o ambiente de investimento seja favorável, a realidade é que, ainda 79% dos empreendedores sociais procura por investimento, 35% ainda não tem nenhum tipo de faturamento e apenas 7% fatura acima dos dois milhões de reais. Para entender melhor qual é o panorama do setor e quais são outros desafios pela frente, confira na nossa reportagem aqui.

Transição de carreira: de organizações tradicionais para negócios com propósito

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Eu tendo a acreditar que um dos maiores males do mundo é a incoerência que o ser-humano vive dentro de si mesmo. Na maioria das vezes, nós queremos algo que sabemos que irá nos fazer mais felizes, que nos trará satisfação pessoal entre tantos outros benefícios. Mas, também, na maioria das vezes, ficamos estagnados na zona de conforto. Aqui, pontualmente, eu estou falando do trabalho.

Toda vez que eu encontro os amigos e pergunto como está a carreira, todos se demonstram cansados, desmotivados, desconectados com os valores da empresa e seus líderes. Porém, também estão totalmente rendidos aos salários e benefícios que recebem mensalmente.

É aqui que eu vejo o maior conflito:  jogar tudo para o alto e sair em busca da felicidade plena ou ser “mais ou menos feliz” e garantir o salário do mês? Eu sempre me questionei: como eu posso ajudar a resolver os problemas do mundo e fazer disso o meu trabalho?

NÃO TER A GARANTIA DE UM SALÁRIO PINGANDO NA CONTA TODO MÊS, NOS PRIMEIROS MESES, PARECEU ASSUSTADOR.

Eu não tiro a razão dos meus amigos que vivem na zona de conforto porque entendo que todos têm contas para pagar…assim como eu! Mas também gosto de lembrá-los que a submissão ao medo é o que nos deixa estagnados. Quem nunca ouviu a expressão “quem não arrisca não petisca”?

Por isso, correr riscos faz parte de uma transição de carreira ou de qualquer transição nessa vida. O ideal é se programar para fazer isso da maneira mais suave possível, se preparando financeira e psicologicamente para que a estrutura pessoal esteja fortalecida na hora de enfrentar os dias menos bons que sempre surgem diante de mudanças.

Eu vivi isso na pele e confesso que não é simples. Os desafios são muitos, principalmente psicológicos e financeiros. Desconstruir o mundo ao meu redor, abrir mão de muitas coisas e me colocar sob possíveis julgamentos da sociedade, que admira a minha coragem, mas quer ver se na prática tudo vai dar certo. Nada disso é fácil. Não ter a garantia de um salário pingando na conta todo mês, nos primeiros meses, pareceu assustador.

Mas conforme os dias passavam, um mundo novo se apresentava e um dos melhores sentimentos tomou conta de mim – alívio. Alívio por deixar ir aquilo que não me servia mais. Alívio por me reconectar comigo mesma. Alívio por ver sentido naquilo que eu faço na minha vida e muita satisfação em ver que eu posso usar o meu tempo para contribuir e trabalhar em prol dos problemas coletivos socioambientais que vivemos. Trocar o mundo corporativo de empresas tradicionais e mergulhar nos negócios de impacto social foi o maior desafio profissional que enfrentei até hoje, em contrapartida, foi o mais belo dos mundos que encontrei, levando em conta propósito e satisfação.

Agentes de Transformação: conheça a história de Dona Eda, do Cieja de Campo Limpo

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São Paulo é uma das cinco cidades mais populosas do mundo, com mais de 20 milhões de pessoas, sendo que só no município vivem 12 milhões de habitantes. Proporcionalmente são os seus problemas, desafios e contrastes. De acordo com o estudo realizado em conjunto pela prefeitura de São Paulo com a organização internacional Aliança de Cidades, em 2007, a capital paulista possuía 1.538 favelas, ocupando um território de 30 quilômetros quadrados. O Censo IBGE 2010 apontou que cerca de 2,1 milhões de pessoas na região metropolitana moram em favelas.

Sim, estamos diante de uma enorme desigualdade e, definitivamente, não dá para viver assim. Por isso, os próprios moradores das comunidades se mobilizam para transformar a realidade de seus territórios e muitas iniciativas e projetos começaram a surgir para dar voz e visibilidade ao que antes ficava somente nos extremos da cidade. Aqui contamos as histórias de quatro destas iniciativas. Hoje, especialmente, da Dona Êda Luiz, do Cieja Campo Limpo.

“A MINHA LUTA É QUE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NÃO É UMA RECEITA DE BOLO.”

Inclusão como método

Durante 20 anos, ela foi diretora do Cieja Campo Limpo, uma escola de Educação Integrada de Jovens e Adultos, de ensino fundamental. A iniciativa virou referência nacional com seu modelo de educação inovadora e inclusiva, sendo reconhecida como Escola de Educação Transformadora para o Século XXI, em 2017, pela UNESCO, uma das duas únicas escolas no Brasil a receber esse título.

Dona Êda ou tia Êda, como é conhecida revolucionou o método de ensino e a educação para jovens e adultos das comunidades da zona sul de São Paulo, criando uma escola aberta acolhendo aqueles que foram excluídos de alguma forma. Mas o segredo não está somente em abrir os portões para todos e, sim, na maneira como ela faz isso.

Dona de uma simpatia acolhedora, a figura de Êda Luiz é cativante. Além de receber os alunos com o sorriso no rosto, saber o nome de todos, ela está aberta a ouvi-los. Foi junto a eles e com os professores que ela construiu uma maneira efetiva e afetiva de ensino,  além de contar com muita resiliência e personalidade.

“A escola é inclusiva não só porque recebe todo mundo e, sim, em todos os sentidos – no respeito, acolhimento, na produção de conhecimento, em ouvir o aluno sobre aquilo que ele quer aprender, na maneira de ensinar”, defenda Êda.

Hoje, o Cieja tem 1500 alunos, sendo 212 com necessidades especiais escolar, disponibilizando uma estrutura acessível e educação em Libras e Braile. O estudante mais novo tem 15 anos e a mais velha é a dona Maria, com 89 anos. O funcionamento é integral, com o objetivo de abranger todos os públicos e dar oportunidade para todos os trabalhadores.

Educando pela participação

Os alunos são divididos de acordo com seu nível de conhecimento – alfabetização, pós­-alfabetização, intermediário e final. Todos os turnos têm uma turma de cada nível e, com isso, o aluno tem maior flexibilidade para frequentar a aula no horário que for melhor para ele, evitando perder conteúdo.

Português, Matemática, História, Ciências? Sim, tem tudo isso, porém as disciplinas foram substituídas por áreas do conhecimento, como Ciências do Pensamento (Ciências e Filosofia), Ciências Humanas (História e Geografia), Ensaios Lógicos e Artísticos (Matemática e Artes).

E tem mais: alunos trazem temas de interesse aos professores que os estimulam a estudar por meio de resolução de problemas. O resultado de tudo isso não poderia ser outro: o sucesso. Aqueles que haviam perdido interesse em estudar, encontram no Cieja um refúgio cheio de oportunidades.

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Fim de carreira? Jamais!

Há mais de 50 anos como educadora, dona Êda conta que ao longo do tempo viu a educação perder um pouco o brilho. “A educação brasileira tem tudo para dar certo. Tem os protagonistas, o nosso povo que é admirável em criatividade, habilidades, ousadia e temos os educadores que confiam e acreditam em mudanças e transformações. Mas temos governos que não acreditam nisso”, desabafa.

Em 2018, chegando aos 70 anos, ela se aposenta com a sensação de missão cumprida, mas nem de longe pensa em parar! “O Cieja foi um projeto construído com muita luta e dificuldade, mas está na hora de passar o bastão e partir para ajudar os outros com toda a experiência que eu tenho”, comenta.

Algumas cidades do Nordeste, região que sofre com a crise de violência, muito por conta da alta taxa de analfabetismo, conta com a consultoria de dona Êda na educação. “O prefeito de Recife, onde 79% da população é analfabeta, me convidou para trabalhar na construção de um modelo de ensino como o Cieja”, informa. Diante desse cenário, ela traz a reflexão “como ganhar um menino para escola e não perder para as drogas e violência? A minha luta é que educação de jovens e adultos não é uma receita de bolo. Resgatar o tempo perdido é outra realidade”, argumenta.

Priscila Martins: “Dificilmente, um investidor se arriscará em um negócio que não tenha resultados comprovados”

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Priscila Martins da Artemisia

O espírito colaborativo do setor de impacto social acaba transparecendo, de uma forma ou de outra, dentre seus muitos atores. Não é outra a conclusão que se chega ao conversar com Priscila Martins, gerente de Relações Institucionais da Artemisia. Com 12 anos de experiência nas áreas de Marketing e Comercial em diversos segmentos, Priscila buscou nos negócios de impacto socioambiental sua especialidade. Concluiu, dentre outros cursos, um MBA em Gestão de Negócios Socioambientais pelo Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (CEATS/FEA).

Em conversa exclusiva para a Aupa, Priscila detalha mais sobre as atividades da Artemisia quanto  aceleradora de negócios de impacto socioambiental. Além disso, ela dá dicas preciosas para empreendedores que buscam por investimentos.

AUPA A Artemisia funciona como aceleradora, além de orientar e educar líderes e empreendedores que, a partir de ideias lucrativas, impactam positivamente a população de baixa renda. Como se dá esse trabalho?

PRISCILA MARTINS A Artemisia é uma organização sem fins lucrativos, pioneira na disseminação e no fomento de negócios de impacto social no Brasil. A organização apoia negócios voltados à população de baixa renda, criando soluções para problemas socioambientais provocando impacto social positivo por meio de sua atividade principal. Nossa missão é identificar e potencializar empreendedores e negócios de impacto social que sejam referência na construção de um Brasil mais ético e justo. Já aceleramos mais de 100 negócios de impacto social no Brasil e capacitamos outros 300 em nossos diferentes programas. Nossa visão é a de que brasileiros e brasileiras de baixa renda possam ter acesso a produtos e serviços que favoreçam o desenvolvimento de seu potencial para buscar uma vida digna e próspera – que se resume ao nosso sonho: 100% dos brasileiros vivendo com dignidade e poder de escolha.

AUPA Para quem pensa em começar um negócio de impacto social, quais os primeiros passos e os cuidados que devem ser tomados?

PRISCILA MARTINS Não existe uma fórmula de sucesso para criar um negócio de impacto social. Mas, apoiando empreendedores há mais de 10 anos, percebemos que há alguns fatores críticos e que são determinantes para o sucesso de um negócio. Primeiro, não seja um herói solitário. Tenha as pessoas certas ao seu lado. Os problemas que um empreendedor vai enfrentar são complexos e ter uma equipe altamente comprometida é fundamental.  O empreendedor precisa se unir às pessoas certas para que dê certo. Isso significa buscar pessoas experientes e capacitadas, que tenham habilidades em gestão, que possam tornar uma ideia criativa e socialmente útil em algo real e lucrativo. Quanto mais competências diferentes estiverem na base do seu negócio, quanto mais gente boa fizer parte da startup, mais chances o negócio terá de dar certo e, consequentemente, de ter credibilidade para receber investimentos.

AUPA E qual seria a dica para esse empreendedor encontrar investidores para o seu negócio?

PRISCILA MARTINS Busque clientes, não investidores. Dificilmente, um investidor se arriscará em um negócio que não tenha tido alguns resultados já comprovados, por mais vantagens sociais que o empreendimento vise oferecer. Por isso, iniciar um negócio de impacto social significa começar a agir sem contar com muitos recursos, mas buscando resultados. É necessário pensar em estratégias alternativas para gerar receita, de maneira que se consiga colocar a ideia em prática, mesmo que de forma tímida.

“NÃO SEJA UM HERÓI SOLITÁRIO. TENHA AS PESSOAS CERTAS AO SEU LADO.”

AUPA Além da busca dos resultados, como convencer que sua ideia é, de fato, uma oportunidade, e não apenas um sonho?

PRISCILA MARTINS Sonhe grande. Mas prometa apenas o que pode cumprir. A ambição de um empreendedor, em se tratando de negócios de impacto social, é de acabar definitivamente com o problema em determinada área, por exemplo, melhorar a educação do país. Ter essa ambição é ótimo, mas para preparar o pitch do negócio e convencer investidores, é preciso ser extremamente realista.  Supervalorizar o impacto social de seu empreendimento, prometendo coisas que não serão alcançáveis, significa perder sua credibilidade. Lembre-se de que o maior ativo de um empreendedor é a sua credibilidade. Ninguém leva a sério um negócio que promete algo extraordinário, se não tiver dados que comprovem ser possível sua realização. O melhor é identificar necessidades do mercado, verificar o que já tem sido feito nessa área e apresentar uma solução viável de oferecer um serviço ou produto com alta qualidade e menor preço. Depois, com base na mensuração de resultados iniciais, comprometa-se apenas com o que certamente poderá ser feito, sem exageros.

AUPA Como você vê a relação entre negócios de impacto social e a geração millennials? Quais novas mudanças os lideres desta geração trazem para os negócios de impacto social?

PRISCILA MARTINS Vemos que existe uma nova geração de profissionais brasileiros em busca de uma carreira que possibilite ter sucesso financeiro e atuar em uma atividade relevante para a sociedade. De acordo com um estudo conduzido pela Stanford University, na Graduate School of Business, 90% dos alunos de MBA da instituição estão dispostos a trocar benefícios financeiros pela oportunidade de trabalhar em uma empresa que demonstre um forte compromisso com o bem social. Estamos vivendo o que a consultoria global Great Place to Work  —  gestora da pesquisa Melhores Empresas para Trabalhar —  classifica como “A era do significado”.

Na prática, parte dessa demanda tem sido atendida pelo campo dos negócios de impacto social. Seja empreendendo, seja trabalhando para o negócio ou para organizações de apoio, como aceleradoras, incubadoras e fundos de investimento, ou até levando o conceito para dentro das grandes empresas — os chamados intraempreendedores –, muitos brasileiros têm conseguido unir o que, muitas vezes, parece difícil conciliar. Estão ganhando dinheiro e mudando o mundo.

Por outro lado, muitos dos empreendedores e funcionários de negócios de impacto social são profissionais experientes do mercado financeiro, por exemplo. Ou seja, pessoas com mais de 40 anos e com carreiras sólidas construídas em um mercado corporativo mais tradicional resolveram mudar suas rotas em busca de aplicar suas habilidades para gerar impacto positivo. Notamos que há um novo contingente de profissionais brasileiros de diferentes gerações – ou seja, indo além dos millennials – o que torna essa tendência tão interessante e relevante em busca de uma carreira na qual não tenha que escolher entre ganhar dinheiro ou mudar o mundo; um trabalho que possibilite ter sucesso financeiro e atuar em uma atividade relevante para a sociedade.

AUPA Como você vê o setor de negócios de impacto social hoje no Brasil?

PRISCILA MARTINS Nos últimos anos, o Brasil tem assumido um papel de destaque nesse novo movimento econômico: o empreendedorismo associado aos negócios de impacto social. O modelo tem se consolidado como forte tendência econômica contemporânea ao propor a atuação de empresas que oferecem, de forma intencional, soluções escaláveis para problemas sociais da população de baixa renda. Parte desta expansão é motivada por uma nova geração de profissionais que está em busca de uma carreira com propósito, como comentamos anteriormente. Nós da Artemisia temos acompanhando o crescimento do campo, no qual atuamos há mais de uma década. Focamos esforços para identificar e dar suporte aos empreendedores de impacto em diferentes setores (como saúde, educação, habitação, serviços financeiros, energia, alimentação, mobilidade, entre outros) para que cresçam com agilidade e se fortaleçam para conseguirem impactar positivamente a vida de milhares de pessoas.

Negócios de impacto: um panorama

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Entre mudar o mundo e ganhar dinheiro fique com os dois. A frase já é um clichê no universo do empreendedorismo, mas continua sendo a maneira mais rápida de explicar o que são negócios de impacto. Esta tendência de empresas que querem resolver algum problema do planeta e ficar ricas fazendo isso tem ganhado força nos últimos dez anos.

No Brasil, os olhares mais atentos viram nascer todo um ecossistema capaz de sustentar seu próprio desenvolvimento. Incubadoras, Aceleradoras, Fundos de Investimento, Family Offices, Mentores, Startups, Eventos… E, claro, essa movimentação chamou atenção de mais empreendedores e de corporações globais, que estão olhando o florescimento do mercado com bons olhos.

Empreendedores faturando?

Bom, falando assim até dá vontade de largar tudo e se jogar nessa piscina. Alto lá. A parte mais chata da história é que o mercado ainda é incipiente e com pouquíssima diversidade, os investimentos são de alto risco e os empreendedores estão suando para garantir seu lugar ao sol.

Recentemente, em um dos primeiros grandes esforços para mapear o ecossistema dos negócios de impacto, a Pipe.Social, que é uma vitrine de negócios sociais, articulou com cerca de 40 organizações e coletou informações de 579 negócios em diferentes estágios de maturação. Destes, 40% tem menos de três anos de formação.

Isso ajuda a explicar o fato de que grande maioria, 79%, esteja procurando investimento, 35% ainda não tem nenhum tipo de faturamento e apenas 7% fatura acima dos dois milhões de reais.

Cenário amigável ao investimento

Para quem quer investir, é o cenário ideal: um rol gigante de oportunidades e equities (participações nas empresas) a preços bem acessíveis. Para se ter uma ideia 38% quer levantar até 200 mil reais (cifra considerada módica no universo das startups).

Enquanto as startups se degladiam para saber quem vai continuar existindo após três anos de vida (que não à toa é chamado no mundo do empreendedorismo de Vale da Morte), o cenário é animador do lado de quem detém o capital.

De acordo com o Panorama no Setor de Investimento de Impacto da América Latina divulgado pela Ande (Aspen Network of Develpoment Entrepeneurs), uma rede global que compreende mais de 250 organizações que incentiva o empreendedorismo em mercados emergentes, o total de recursos destinados a iniciativas de impacto social saltou de 177 milhões de dólares (em 2014) para 186 milhões de dólares (em 2016). Especificamente no Brasil, em 2016, metade dos investidores afirmou ter uma meta anual de retorno de 16% ou mais.

Quem olha o mercado de dentro tem a mesma impressão:“Todos os sinais que eu tenho visto mostram que isso é uma tendência que vai cada vez tomar conta das discussões de investimento. É um caminho que não vai ter volta. É a pasta pra fora do tubo”, analisa Daniel Izzo.

Em 2009, Daniel Izzo co-fundou a Vox Capital, um fundo de investimentos exclusivo para negócios de impacto que já aportou centenas de milhões de dólares em diversas iniciativas.

Mais do que uma mera aposta

Em 2017, aliás, o Brasil viu duplicar o número de fundos de investimento de negócios de impacto e segundo Daniel ainda há mais novidade por vir, desta vez no setor dos Family Offices. “Tem dois Family Offices grandes que já estão criando uma estratégia única de impacto para todo potifólio”, revela.

Family offices são os investidores que operam dinheiro de famílias ricas que vêem nos empreendedores uma ótima maneira de multiplicar seu patrimônio e uma saída muito mais eficiente do que a filantropia. São muitas vezes mais ágeis do que os tradicionais fundos de investimento e tem mais flexibilidade.

Outro indicativo de que a pasta realmente saiu do tubo é o interesse de grandes empresas no assunto. “Tenho falado com bancos e instituições financeiras desde 2009. E em 2009 eles marcavam reunião com uma visão de curiosidade ‘Vamos ver do que se trata’. Em 2012 já se diziam em um novo estágio: “A gente sabe o que é, mas ainda vamos ver se é pra gente” E as conversas que a gente tem tido de 2016 pra frente mostram outra visão deles: “A gente sabe que a gente tem que fazer, mas estamos no estágio de decidir como fazer”, conta Izzo.

Mais do que investir, algumas empresas tem outros planos em mente. “Eu tenho visto muitas empresas olhando para negócios sociais com objetivo de fazer uma aquisição, para, de repente, criar um novo setor dentro da empresa”, conta Carolina Aranha, é fundadora da Pipe.Social. Afinal, ter um negócio que faça bem para o planeta e ainda renda dinheiro era tudo o que as empresas queriam e o setor de Responsabilidade Social não poderia entregar.

Dura Realidade do empreendedor de impacto

Apesar do cenário parecer bem animador, alguns dados da pesquisa divulgada pela Pipe são bastante eloquentes e indicam uma realidade dura de engolir: a imensa maioria dos empreendedores é homem e do Sudeste. Apenas 20% das iniciativas são fundadas por mulheres.

Mudar o perfil do empreendedor de impacto é um dos maiores desafios segundo Ana Julia Ghirello, fundadora da abeLLha, que incuba negócios de impacto no estágio inicial: “A maioria dos negócios de impacto são feitos por gente da classe A e B para as classes C, D e E. É um grande desafio capacitar quem vive o problema na base para solucioná-lo por meio de um negócio.”

Contrariando as estatísticas um caso tem ganhado bastante atenção: o do Saladorama, fundado por Hamilton Henrique, empreendedor negro nascido em São Gonçalo. Operando desde 2014 com a missão de democratizar o acesso à comida saudável em regiões mais pobres, o Saladorama vem atingindo resultados Ao todo, já foram mais de 180 mil pessoas impactadas e em 2016 a startup faturou 1,6 milhão e lucrou 300 mil.

A verdade é que, pouco a pouco, vão aparecendo empreendedores sociais que não largaram tão na frente na corrida do privilégio. Ou seja, a história de Hamilton não é a única, mas é uma das mais empolgantes.

Mesmo com números interessantes, o Saladorama ainda não pode ser considerado um “case”. E, verdade seja dita, apesar dos vários indicativos que os negócios de impacto são realmente um movimento de vanguarda, ainda não há uma história pra contar que tem tido estrondoso retorno financeiro, quanto no impacto na sociedade.

Para quem olha o furacão de dentro, é tudo questão de tempo. “A falta de exitsde sucesso ainda é um dos problemas. A gente não tem muito como inspirar investidores, porque o Brasil ainda não tem uma startup que foi investida, teve uma saída com retorno social e financeiro. Mas eu acredito que essa safra de empresas que já estão há mais de 4 ou 5 anos dentro desse setor conseguirão dar ótimos resultados”, comenta Carolina Aranha.

“A FALTA DE ‘EXITS’ DE SUCESSO AINDA É UM DOS PROBLEMAS”

A percepção de Daniel Izzo é a mesma. “É natural que leve um tempo para a gente ter um case mais sólido, mas eles já estão aí. Posso falar três que estão seguindo um caminho lindo: o Avante, o Dr. Consulta e o Geekie, que estão captando rounds significativos de investimento com players grandes do mercado. Estou otimista, acredito que se formos ter a mesma conversa daqui três anos, o papo será diferente.” Quem viver, verá.

Agentes de Transformação: conheça a história de Claudio Miranda, do Instituto Favela da Paz

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São Paulo é uma das cinco cidades mais populosas do mundo, com mais de 20 milhões de pessoas, sendo que só no município vivem 12 milhões de habitantes. Proporcionalmente são os seus problemas, desafios e contrastes. De acordo com o estudo realizado em conjunto pela prefeitura de São Paulo com a organização internacional Aliança de Cidades, em 2007, a capital paulista possuía 1.538 favelas, ocupando um território de 30 quilômetros quadrados. O Censo IBGE 2010 apontou que cerca de 2,1 milhões de pessoas na região metropolitana moram em favelas.

Sim, estamos diante de uma enorme desigualdade e, definitivamente, não dá para viver assim. Por isso, os próprios moradores das comunidades se mobilizam para transformar a realidade de seus territórios e muitas iniciativas e projetos começaram a surgir para dar voz e visibilidade ao que antes ficava somente nos extremos da cidade. Aqui contamos as histórias de quatro destas iniciativas. Hoje, especialmente, de Claudio Miranda, do Instituto Favela da Paz.

Das lembranças de menino

“Meu pai fala frases incríveis, como aquelas que mudam a nossa vida. Quando eu tinha nove anos ele disse que eu podia ser quem eu quisesse. Isso mudou a minha vida”, conta Claudio Miranda, fundador do Instituto Favela da Paz. Claudio de músico, multi-instrumentista, produtor musical, empreendedor social, educador e um ser-humano para lá de humano,  nasceu no Jardim Ângela, periferia da zona sul de São Paulo e foi lá que colocou toda a sua energia para promover uma cultura de paz.

Claudinho, como é conhecido, conserva as boas lembranças da infância, sempre acompanhada de perto pelos pais que o impulsionaram para realizar seus sonhos. “Meus pais são os maiores investidores sem dinheiro na minha vida”, brinca. Aos nove anos, ele foi pegador de bolinhas de tênis no clube Indiano, um dos clubes mais tradicionais e ricos na época, frequentado por figuras como Pelé, Rivelino, Casagrande. “Eu vivia outra realidade e isso me ajudou muito”, conta. Como seu pai disse uma vez “ele podia ser o que quisesse”. Esse mantra é o que move Claudinho e fez com que ele quisesse mudar a comunidade onde mora sem ter que se mudar de lá.

Isso não quer dizer que Claudio não tenha visto o mundo. Ele faz parte de uma rede internacional de eco vilas e cultura de paz e, com isso, já foi para vários países da Europa, Américas, inclusive para Palestina! “Hoje, eu viajo o mundo, mas sempre volto para o mesmo lugar”, conta.

Transformando o Jardim Ângela

Para quem não sabe, durante anos o Jardim Ângela foi considerado o bairro mais perigoso do mundo pela ONU. O título negativo foi dado em 1996 e só foi superado em 2013 após muita articulação. Claudinho tem sua contribuição nessa mudança que vem acontecendo por lá. “O que vem melhorando as favelas do mundo é a relação que as pessoas têm. Um precisa do outro e quando um precisa do outro as coisas começam a mudar”, descreve Claudinho.

Músico por vocação, Claudinho usa seus melhores instrumentos para promover a paz e a mudança – violão e voz. Em 1989, criou a banda Poesia Samba Soul. Ele chegou a ter 300 alunos sem nunca ter sido professor. A comunidade se inspirou nele, bandas começaram a se formar e, através das canções, deu-se início a um novo tipo de comunicação. “Quando se vive em um lugar muito violento a comunicação verbal não funciona. O que funciona é o olhar, o toque, o sentir, o fazer”, explica.

Em 2010, fundou o Instituto Favela da Paz, lá mesmo, no Jardim Ângela. O Instituto acolhe diversos projetos, na verdade, é uma rede de empreendedores sociais com um único objetivo – transformar a realidade dos moradores da periferia através de arte, cultura, inovação e parcerias. Além disso, a sustentabilidade é marca registrada no Favela da Paz. “O primeiro sistema de biogás de São Paulo está lá. Temos chuveiro solar, retenção de água da chuva, alface crescendo na parede, uma cozinha vegetariana, um estúdio de música e, tudo isso, é possível porque entendemos que quando sentimos, acontece”, comenta.

Periferia Sustentável

O projeto Periferia Sustentável, idealizado pelo irmão Fabio Miranda, busca solucionar problemas com a implantação de energias renováveis e uso consciente da água. “Transformamos as dificuldades em ideias e projetos funcionais”, explica Claudinho. Já o Vegearte é uma iniciativa que estimula a alimentação vegetariana e saudável de baixo custo. Esses são exemplos de projetos que fazem parte do Instituto Favela da Paz que, em 2018, está ganhando uma nova sede para acolher ainda mais iniciativas, impactando muito mais pessoas. “Os projetos são uma forma dos agentes periféricos se encontrarem e estarmos juntos. E isso virou um grande emaranhado de coisas boas”, brinca. “Eu sou desafiado todos os dias e isso me faz viver e me faz chegar onde eu quero chegar, isso me faz mudar o lugar onde eu estou”, finaliza Claudinho.

Evento debate setor e conecta negócios de impacto com investidores

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Acontece nos próximos dias 6 e 7 de junho a 3ª edição do Fórum de Finanças Sociais e Negócios de Impacto. O evento tem inscrições abertas até o dia 30 de maio e espera receber 850 pessoas que participarão de atividades envolvendo 170 palestrantes, seis deles estrangeiros. Os encontros visam ampliar as fronteiras do tema e convidar novos atores para o universo de investimentos em negócios de impacto. A proposta nunca foi tão atual.

Com crise financeira, instabilidade política e ameaças ambientais um mar de incertezas se abre. Os desafios propostos pelo final desta década inauguraram esse incerto novo ciclo, e o impacto das decisões tomadas, hoje, repercutirão no futuro da sociedade. Para além das decisões empresariais e deliberações governamentais, qual será o espaço das finanças sociais dentro deste quadro? Onde alocar a responsabilidade social neste intervalo de eras?

É com o objetivo de criar saídas concretas que o Fórum se apresenta em 2018. Com o lema Investir Para Transformar, a proposta do Fórum é aprofundar o debate sobre as possibilidades de rentabilidade embasada em soluções de impacto socioambiental. E, por meio de agendas distintas, gerar impacto sistêmico, conectando diferentes temáticas para ampliar o diálogo e agregar novas perspectivas.

Os temas selecionados para esse Fórum são:

  1. Periferia, Gênero e Raça;
  2. Governo;
  3. Meio Ambiente;
  4. Grandes Empresas.

O Fórum se propõe a ser um espaço de conexão. É um ponto de convergência no grande ecossistema da agenda de negócios de impacto e espera receber empreendedores, investidores, acadêmicos e aceleradores de negócios de todo o país.

O quadro de palestrantes é composto por jovens empreendedores, CEOS de diferentes institutos e instituições, coordenadores de observatórios e laboratórios, inovadores sociais, aceleradores de negócios de impacto, lideranças sociais e representantes de grandes empresas nacionais e internacionais engajadas e atuantes nos negócios de impacto.

A programação e agenda foram distribuídas de acordo com as temáticas propostas e os especialistas de cada área, podendo ser consultada aqui.

O Fórum de Finanças Sociais e Negócios de Impacto será realizado no Complexo Ohtake Cultural que fica na Rua dos Coropés, 88, em Pinheiros, São Paulo. O edifício fica na altura do nº 201 da Av. Faria Lima e próximo à estação Faria Lima do metrô. As inscrições custam R$ 450,00 e existem bolsas e descontos para determinados participantes. Para mais informações, ligue para (11) 3708-0491.

Sobre:

Fórum de Finanças Sociais e Negócios de Impacto

Data: 6 e 7 de junho

Horário: 09h00 às 19h00

Local: Complexo Ohtake Cultural | Rua dos Coropés, 88, Pinheiros – SP

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Maiores informações

Encontro reúne comunicadores para transformação social

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No próximo dia 22, ocorrerá no bairro de Pinheiros, na capital paulista, o I Encontro da Rede Narrativas. O objetivo do grupo é aproximar comunicadores que atuam em prol do interesse público e que promovam engajamento de ações sociais por meio de estratégias de comunicação. A Rede, que nasceu do trabalho voluntário e colaborativo de profissionais, aposta no audiovisual para a mudança de comportamento e transformação da sociedade.

A meta é colaborar com organizações comprometidas com o fortalecimento de um ambiente mais justo, igualitário e autossustentável, ampliando o alcance de suas estratégias de ações comunicativas dentro de um contexto de hiperconectividade e grande quantidade de informações.

A Rede se propõe a difundir conhecimento e práticas de comunicação, gerar conexão entre profissionais da área e promover campanhas de engajamento e advocacy para enfrentar problemas sociais complexos. O mapeamento das ações de organizações da sociedade civil no Brasil é, também, uma meta do grupo.

Mesmo com pouco tempo de vida – a iniciativa que foi lançada, oficialmente, no último 5 de abril, durante o X Congresso GIFE –, a Rede Narrativas já conta com o apoio de instituições e organizações parceiras, entre elas: os Institutos Ayrton Senna, C&A e Unibanco, além do GIFE e do Fundo Brasil de Direitos Humanos.

O evento terá transmissão ao vivo e a plataforma permitirá, ainda, inscrições para vagas remanescentes.


Sobre:

I Encontro Narrativas

Data: 22 de maio

Horário: 14h30 às 17h00

Local: Civi-co | Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 445 – Pinheiros, São Paulo.

 

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