Este é o último episódio da série “O que não te contaram sobre impacto?”, do AupaCast. Fábio Deboni, colunista e apresentador, conversa com Carol Pimenta, sócia e co-fundadora da ManejeBem.
Engenheira agrônoma formada na Universidade Federal de Santa Catarina, Carol compartilha que tem uma essência bem forte na pesquisa: “Passei muito tempo na academia. Sou essencialmente uma pesquisadora, apesar de não estar dentro de um laboratório no momento”. Em sua trajetória, o impacto social sempre esteve presente, inclusive através de seu negócio, que proporciona um grande laboratório, “as fazendas”, como ela brinca.
O negócio
O negócio de impacto socioambiental ManejeBem leva desenvolvimento rural aos pequenos produtores, oferecendo inteligência e soluções em assistência agrícola. “É um processo extremamente importante para a agricultura, onde o agrônomo, o técnico ou o veterinário auxiliam no manejo e na administração da produção – por exemplo, como melhorá-la. Ele ajuda o produtor”, explica Carol. O negócio conecta o agricultor ao técnico por meio da tecnologia, a partir do ManejeChat, um aplicativo que auxilia no planejamento rural. “Através de uma conversa bem simples de chat com o agricultor, temos como saber as problemáticas que ele tem no campo, quais são os tipos de potencialidade daquele produtor e como eu posso ajuda-lo”, acrescenta. Ao trazer novas ferramentas, a ManejeBem impacta na melhoria da renda, despertando o interesse de novos mercados e indústrias.
O perfil atendido pelo negócio são agricultores familiares, que contam com a mão de obra da família, sem funcionários. Normalmente, possuem quatro módulos fiscais de terreno, 46 hectares de terra, valores em Santa Catarina. No Brasil, o valor do módulo fiscal varia por estado (de 5 a 110 hectares). “A grande maioria com quem trabalhamos não chega a ter mais de 4 hectares (40.000 m²), menos que um módulo fiscal”, comenta. Também é comum existir policultivo, criação de várias espécies de alimentos, alguns chegam até 20 produções diferentes no mesmo espaço.
Os clientes são indústrias, empresas ou cooperativas que buscam desenvolver projetos de responsabilidade socioambiental. No caso da Ambev, empresa brasileira de produção de bebidas, o negócio desenvolve cadeia de fornecedores, ou seja, a indústria consome a matéria prima do produtor. Podem existir outros focos, como o trabalho com as mineradoras, que têm como objetivo o uso futuro das minas de extração. “A atividade gera impacto em gerações de famílias, quando se encerra uma operação, (a empresa) precisa disponibilizar uma alternativa econômica para aquele território”, detalha.
O desafio e as soluções
Ao lidar com áreas majoritariamente masculinas, o agronegócio e a tecnologia, Carol e a equipe da ManejeBem, formada a maioria por mulheres, relatam que os episódios de machismo são enfrentados diariamente. “Não por parte dos produtores, não existe uma resistência à nossa presença dentro das comunidades rurais. Aqui em Santa Catarina é muito forte o papel das mulheres na agricultura, elas vão junto com o agricultor para o campo”, conta. Segundo ela, ao dialogarem com técnicos e agrônomos, geralmente homens, encontram uma resistência muito forte. “Em uma feira agrícola, um grupo de técnicos chegou a duvidar da minha capacidade de ser a responsável pelo negócio e agrônoma”, relembra Carol.
Ser uma empresa fora do eixo Sudeste, polo do ecossistema de impacto, não trouxe muitos desafios ao negócio, segundo revela Carol: “Nunca foi uma barreira, claro que as oportunidades são mais evidentes lá (no Sudeste). Todos os negócios que fechamos até hoje foram acordados em São Paulo. Estamos presentes lá, hoje temos uma representante na cidade”. Para ela, a cidade de Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina, foi essencial para o avanço do negócio, pois a região alimenta vários pólos de inovação social, como o Impact Hub Floripa, que trouxeram conexões importantes para a ManejeBem.
Confira o episódio completo.
Serviço
Nome do empreendedor: Carol Pimenta.
Negócio: ManejeBem.
O que (o negócio) faz: Oferece inteligência e soluções para o desenvolvimento da agricultura familiar.
De onde é: Florianópolis (SC).
Quando começou: 2016.
Principal tema da conversa: Como ajudar no desenvolvimento do pequeno produtor?
Soluções buscadas: Coletar e mensurar as informações para desenvolver um planejamento visando as potencialidades que o negócio possui.
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