No dia 9 de junho, a ponteAponte e a Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto lançamos a terceira edição do Prêmio Jornalista de Impacto, que tem como objetivo reconhecer o trabalho de profissionais e veículos de mídia que disseminem o tema de Investimentos e Negócios de Impacto no Brasil, visando ampliar a qualidade e a repercussão da cobertura da imprensa em relação ao tema.
Mas, afinal, o que é um jornalismo de impacto? Embora a temática do Prêmio represente um nicho bem específico, um dos vencedores da primeira edição mencionou que “todo Jornalismo deveria ser de impacto”. Também acredito nisso, no sentido de que entre as várias funções sociais do jornalismo estão não só informar, mas também lutar pela garantia de direitos dos cidadãos, investigar eventuais desvios na administração pública ou mesmo na iniciativa privada que impactem a sociedade, promover reflexões, divulgar serviços para a população ou, ao menos, oferecer informação aprofundada e confiável e algumas boas notícias de alento de vez em quando.
No caso do Prêmio, especificamente, buscamos reportagens que abordem investimentos e negócios de impacto, podendo dialogar com temas afins (como empreendimentos comunitários, inovação social, Economia Criativa, etc.), de uma forma inovadora, didática, instigante, para que o tema “saia da bolha” e chegue a um público mais amplo e/ou mais qualificado. Por inovação, queremos dizer não apenas novos recursos textuais e visuais, que facilitem a leitura e o entendimento do tema, mas inovação nos exemplos, nas fontes de informação consultadas, nos personagens, na apresentação de novas soluções de impacto, ao invés de ficarmos repetindo à exaustão os casos já famosos de sucesso. Inovar é também buscar a diversidade regional nas pautas, descobrindo e valorizando iniciativas fora do eixo Rio-São Paulo.
Para além do Prêmio e do próprio Jornalismo, acreditamos, na ponteAponte, que a comunicação em si, em sentido amplo, pode ser transformadora e de impacto. A começar pela comunicação interna, nas empresas e organizações sociais, que deve promover um ambiente de acolhimento, escuta empática, debate saudável de ideias, trocas de experiências e pluralidade de vozes. Em resumo, uma comunicação que ponha em prática os valores que defenda e estabeleça novos modos de fazer consoantes com essas práticas. Quando falamos da comunicação externa, isso se traduz, por exemplo, em algo que já compartilhei aqui em outro artigo, onde proponho que os relatórios de atividades poderiam ser revistos para que sejam mais úteis, gerem mais reflexão e sejam menos “produtos de prateleira”. Também já abordei em outra reflexão a importância da transparência, facilidade de acesso e exatidão dos dados publicados, sobre investimento social privado, ações filantrópicas ou outras iniciativas de impacto.
Quando falamos ainda da comunicação com o “público-alvo” ou “beneficiário”, por mais que não gostemos dessas expressões, uma vez que acreditamos que o impacto deve ser promovido com o público e não somente para o público, também é fundamental que a comunicação parta da escuta ativa e da análise de necessidades da região, e não seja somente para transmitir informações, numa visão colonizadora e assistencialista.
A comunicação pode e deve ser não somente um meio, mas um fim em si, podendo promover impacto pelo simples fato de darmos voz a quem não costuma ser escutado.
Falamos, então, de uma comunicação transformadora em si mesma, com potencial de mudar realidades por ser autêntica e fiel aos valores que representa e estratégica, porque é parte integrante da mudança social que almejamos.
Este texto é de responsabilidade da autora e não reflete, necessariamente, a opinião de Aupa.